A “absoluta certeza” de Quaquá

Por Valter Pomar (*)

Está tendo grande repercussão um trecho da entrevista concedida por Washington Quaquá para a Hildegard Angel.

O Brasil 247 divulgou um recorte, que pode ser conferido aqui:

https://x.com/brasil247/status/1807355674478903575?t=9OWRq2BlHd6rEl0fSffl6g&s=08

Nele, Quaquá declara ter “certeza absoluta” de que os Brazão não são culpados pela morte de Marielle Franco.

Os Brazão podem não ser culpados? Podem.

A acusação contra os Brazão pode estar sendo utilizada para desviar a atenção dos verdadeiros culpados? Pode.

Portanto, Quaquá pode estar certo? Também pode.

Ele pode estar certo acerca do envolvimento da família cavernicola? Com certeza pode.

Mas nada disso explica a “defesa serial” que Quaquá faz dos Brazão.

Neste particular, sua postura pública afeta negativamente o Partido ao qual ambos pertencemos.

Ademais, “certeza absoluta” acerca de quem foi o mandante só tem ou quem foi o mandante, ou quem tem provas “absolutas” sobre quem foi o mandante.

Portanto, a ênfase “absoluta” de Quaquá neste caso revela ou que ele sabe muito mais do que diz, ou bazófia de fanfarrão.

Ao se expor tanto na defesa de dois bandidos contumazes, Quaquá passa a impressão ou de que perdeu qualquer parâmetro, ou de que deve algo, ou de que teme o que ambos possam fazer e dizer, ou que sua tática de disputar o voto do bolsonarismo o está levando longe demais.

Aliás, nenhuma das hipóteses é contraditória com as demais.

Seja como for, repito que sua conduta afeta negativamente o PT. Por conta disso, mais uma vez apresentarei, ao Diretório Nacional do Partido, a proposta de que ele seja pelo menos afastado da vice-presidência.

Esta proposta foi apresentada e derrotada em reunião anterior do Diretório Nacional.

Pois bem: desde aquela reunião até hoje, vimos algumas lideranças públicas de nosso Partido manterem um silêncio constrangedor sobre o PL 1904. Vimos, também, uma dirigente ser injustamente afastada do DN, por causa de uma acusação sem pé nem cabeça, mas que alguns achavam poderia respingar no Partido.

Tanto cuidado em não afetar o Partido não se verifica no caso das declarações de Quaquá. Nesse caso, que envolve Quaquá, percebo uma prudência-quase-temor quanto a tomar medidas em relação às seguidas atitudes e declarações do por enquanto nosso vice-presidente nacional. Embora imagine, não tenho absoluta certeza dos motivos.

Mas tenho a “absoluta certeza” de que não dá para assistir calado defesa tão apaixonada dos Brazão, independente do que fizeram ou deixaram de fazer no caso Marielle.

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

Uma resposta

  1. Um dos motivos do afastamento do partido como o PT, de um militante ou dirigente, deve ser o seu alinhamento ético, político ou ideológico fora dos princípios e valores do partido. É o caso desse Quaquá. Deu já deu provas, em vários momentos, deste desvio ético e divergência da condução política do partido. Sua exclusão do partido deve pautar por seu histórico, ainda que a democracia interna nos permita divergir em certa medida, esta jamais deve ser eleitoreira, como é visível em algumas votações em que Quaquá não seguiu o partido.

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