Por Marcos Jakoby (*)
Vale a pena ler a revista de “negócios e economia” Forbes Brasil, edição nº 71, de setembro. A revista traz o ranking dos 206 bilionários brasileiros em 2019. São 26 a mais do que no ano passado. Um aumento de 14% em um ano. Essa elite possui um patrimônio gigantesco, que somado ultrapassa a quantia de 1 trilhão e 205 bilhões de reais em 2019. Para se ter uma ideia, em 2018 os bilionários brasileiros tinham uma riqueza somada de 975 bilhões. Portanto, um aumento de 23% . São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul são os estados que mais concentram bilionários.
Qual a origem da riqueza desses endinheirados? De diversas atividades, mas principalmente do setor financeiro. Mais de 345 bilhões de reais foram acumulados por meio deste setor. Isto é, do total da riqueza dos bilionários, o setor financeiro isoladamente responde por quase 30% (28,6%). Em seguida, alimentos e bebidas, com 276 bilhões, depois o setor atacadista e varejista com 114 bilhões. A indústria aparece na quarta posição, somando 85 bilhões, ou seja, representando 7% da origem da riqueza desse bolo. Na sequência, vêm os demais setores.
Para a turma do andar bem de cima (o da cobertura), a crise econômica parece ter um impacto bem diferente daquela sentida por milhões de trabalhadores e trabalhadoras e a maioria do povo brasileiro. Embora, alguns tenham tido uma redução das suas fortunas, a maioria se deparou com aumento de sua riqueza. Assim, como o saldo geral desses bilionários também deu um salto significativo. Um caso exemplar é do banqueiro Joseph Safra, que em doze meses viu sua riqueza ganhar um “adicional” de 19 bilhões de reais.
A crise e/ou estagnação econômica traz graves problemas às classes trabalhadoras e agudiza outros problemas. Mas, para a elite, isso não é necessariamente um problema. Ela cria e reforça mecanismos para transferir renda e riqueza do povo para o seu bolso. Trata-se de um dado importante para avaliarmos a situação política em nosso país.
Segue a revista em pdf: Forbes Brasil – Edição 71 – Setembro 2019 (1)
(*) Marcos Jakoby é militante petista e professor.