A esperança é vermelha: massificar a luta para transformar o Brasil

MANIFESTO DA JUVENTUDE DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA RUMO AO 16º CONEB DA UNE.

 Vamos botar lenha nesse fogo.

Vamos virar esse jogo

Que é jogo de carta marcada

O nosso time não está no degredo.

Vamos à luta sem medo.

É hora do tudo ou nada!

“Virada” – Beth Carvalho

 Entre os dias 29 de janeiro e 02 de fevereiro centenas de estudantes do ensino superior de todos os cantos do Brasil reúnem-se em Recife para participar da Bienal de Arte e Cultura da UNE e do 16º Conselho Nacional de Entidades de Base, que tomará definições importantes acerca do calendário de mobilização e realização do 60º Congresso da União Nacional de Estudantes em 2025.

A CONJUNTURA

 A vitória popular em 2022 – derrotando a extrema-direita e elegendo pela terceira vez o presidente Lula para comandar os rumos do Brasil na reconstrução de um projeto popular de país – reflete a força da esquerda, através dos movimentos sociais, entidades e partidos políticos em nosso país, e o movimento estudantil faz parte disso.

No entanto, sabemos que a vitória nas urnas para a eleição presidencial não significou a derrota política da extrema-direita, muito mesmo foi capaz de ser refletida na correlação de forças no Congresso Nacional. Ao mesmo passo que elegemos Lula presidente, temos um dos Congresso mais conservadores e reacionários da história e que controla grande parte do orçamento público, junto a uma base social bolsonarista muito forte, além do recente fortalecimento do neofascismo internacional expresso pelo sionismo de Israel que extermina o povo palestino (apoiado nas grandes nações capitalistas) e a vitória de Trump nos EUA, tudo isso potencializado pelo avanço do poder das BigTechs.

Tudo isso acompanhado de um planeta que mais do que nunca clama por socorro. Enfrentamos uma das piores correlações de força que se possa imaginar frente a urgente e necessária transformação social que o povo e o país precisam. Prova disso são as dificuldades enfrentadas para a implementação do projeto popular de elegemos nas urnas, o que também se reflete na educação.

Frente a esse cenário acreditamos que é esta entidade que precisa, neste momento histórico, retomar seu protagonismo para contribuir com as grandes transformações que o Brasil urgentemente necessita, indo para além do discurso e construindo uma agenda política capaz de acumular forças e mobilizar de fato o movimento estudantil por todos os cantos do país em defesa da educação e do projeto popular que elegemos nas urnas em 2022.

É preciso ampliar forças junto à frente popular dos movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de esquerda, mas principalmente, nosso dever é dentro das Universidades e faculdades brasileiras junto aos milhões de estudantes que sentem falta da UNE em seu dia-a-dia. A referência da UNE para com milhões de estudantes Brasil afora não se deu por reuniões em gabinetes, mas sim por apostar na luta nas ruas, na defesa da educação, da democracia e do povo brasileiro.

A esquerda enfrenta um momento de desmobilização e a postura puramente institucional da UNE fragilizou o movimento estudantil enquanto força motriz nas mobilizações de massa, aumentando o distanciamento que já era evidente entre a entidade e estudantes. Depois do Tsunami da Educação não conseguimos dar respostas à altura dos ataques sistemáticos da direita e extrema-direita à educação, às Universidades e aos direitos sociais. Além disso, lutamos muito para eleger Lula e derrotar Bolsonaro, mas não fomos capazes de impor ao novo MEC a agenda política do movimento estudantil para a educação brasileira.

É necessário acabar com as ilusões com os setores neoliberais que tentam e seguirão tentando nos enfraquecer à medida que colocamos força máxima no acúmulo de forças do movimento estudantil, conquistando corações e mentes do povo. Promover estrategicamente a pressão social com a finalidade de colocar pautas históricas na ordem do dia é urgente!

A luta pela democracia precisa se concretizar em questões concretas para o povo, como as ações pela erradicação da fome e da pobreza, a defesa do SUS, a luta contra o racismo, machismo, LGBTfobia e o capacitismo, a luta pelas reformas agrária e urbana junto aos movimentos do campo e da cidade, o fortalecimento do PNAES e defesa intransigente das cotas, a luta pelo passe-livre estudantil e trabalhador, a valorização dos saberes ancestrais e tradicionais, a retomada da reforma universitária e a implementação de uma agenda em defesa do planeta e da natureza demandam uma disputa feroz contra os inimigos do povo para garantir que nossas demandas se tornem política de Estado.

Diante dessa conjuntura, é vital que os movimentos sociais e populares, incluindo a UNE, desempenhem um papel ativo e mobilizador para defender as demandas do povo brasileiro e garantir que as políticas públicas reflitam seus interesses.

O MOVIMENTO ESTUDANTIL

A União Nacional de Estudantes tem um papel histórico na luta por um projeto democrático e popular para o Brasil. Ela reflete o desejo de um país melhor para a classe trabalhadora e menos desigual. Apesar das dificuldades enfrentadas, a UNE representa uma força motriz importante para as mobilizações de massa.

No entanto, nos últimos tempos, o movimento estudantil tem enfrentado um momento de desmobilização, agravado pela postura puramente institucional da UNE. Para retomar seu protagonismo, a UNE precisa ir além do discurso, construindo uma agenda política capaz de acumular forças e mobilizar de fato o movimento estudantil por todos os cantos do país.

É fundamental que a UNE amplie suas alianças com movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de esquerda, mas principalmente, que esteja presente no dia a dia das universidades e faculdades brasileiras. A história da UNE foi construída nas ruas, defendendo a educação, a democracia e o povo brasileiro.

A UNE deve estar na linha de frente da organização dos estudantes para enfrentar as ofensivas neofascistas e neoliberais. A juventude, o povo negro, as mulheres, a comunidade LGBTQIAPN+, os povos originários e o conjunto da classe trabalhadora devem ser os principais atores nesta luta.

A conciliação de classes e um governo de coalizão com partidos de centro direita tem suas limitações e é preciso que os estudantes façam esse debate. Apresentando o programa popular que elegemos e onde devemos avançar. A revogação das reformas trabalhistas e previdenciária, a formalização dos uberizados na CLT com garantia de direitos aos trabalhadores e obrigações e responsabilidades às empresas, o fim da escala 6×1, para que o povo tenha acesso a cultura esporte e lazer.

Taxação das grandes fortunas, para que os ricos paguem pelas desigualdades do capital, um plano de combate a crise climática e endurecimento nas leis para penalização dos criminosos, os mesmos que sonegam, são os que desmatam e poluem para obter lucro.

Apresentar esses aspectos não é ser oposição ao governo, mas é ter autonomia enquanto jovens estudantes. Por isso precisamos de uma UNE autônoma, combativa e de luta, capaz de estar na defesa das transformações que o povo brasileiro precisa.

É com esse sentimento, de que avançamos, mas há muito para fazer, que nos apresentamos para cada estudante para construir esse movimento. A esperança é vermelha porque é a cor do sangue derramado desde nossas ancestralidades, pela garantia de direitos e liberdades, é vermelho porque é a cor da nossa, da nossa bandeira!

Para que a esperança conquistada em 2022 se torne uma realidade duradoura, a UNE precisa retomar seu papel de liderança nas mobilizações de massa, construindo uma entidade autônoma, combativa e de luta, capaz de defender as transformações necessárias para o povo brasileiro.

Recife, 31 de janeiro de 2025. Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de Esquerda.

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