Por Valter Pomar (*)
No dia 22 de maio, a CUT organizou uma boa Marcha em Brasília.
Em certo momento da Marcha, fez uso da palavra o vice-presidente do Proifes, entidade que disputa com o Andes a condição de representante dos docentes das universidades públicas federais.
O vice falou da greve dos docentes das federais.
Disse que o governo apresentou uma proposta.
Comentou que estão ocorrendo assembleias para deliberar sobre a proposta.
E concluiu informando que, semana que vem, o Proifes assinará a proposta…
… imediatamente deu-se conta do ato falho e emendou mais ou menos assim: “isso, é claro, se as assembleias aceitarem a proposta”.
O vice-presidente foi sincero: o Proifes quer assinar a proposta e está trabalhando ativamente por isso.
O que ele não comentou é que a imensa maioria dos docentes em greve não reconhece o Proifes como sua entidade nacional.
Não comentou, também, que várias associações docentes ligadas ao Proifes decidiram – na contramão de sua entidade nacional – entrar em greve.
Tampouco comentou que a maioria das assembleias realizadas até agora rejeitou a proposta do governo, que dá zero de reajuste em 2024, sendo que para os aposentados dá duplo zero.
Atendendo neste caso à orientação de “não remoer o passado”, não vou lembrar, aqui, como e para que foi criado o Proifes.
Apenas registro que a Marcha era o espaço mais que adequado para que um Sindicato – ao invés de avisar que já desistiu de lutar – defendesse as reivindicações da categoria que pretende representar.
Espero que a CUT faça gestões junto ao presidente Lula, para que altere a proposta apresentada. Afinal, zero é zero. E duplo zero para os aposentados é inclassificável.
Vale dizer que o PT já fez estas gestões. Entre outros motivos porque não faz sentido, politicamente falando, conceder reajuste para algumas categorias (como a PF e a PRF) e zerar o reajuste dos professores.
A não ser, é claro, que o objetivo seja dar um tiro no pé.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT