A pandemia no Rio Grande do Sul

Por Ana Affonso (*)

Texto publicado na edição de março do Jornal Página 13

A crise sanitária no mundo, devido à pandemia do coronavírus, expõe o capitalismo em escala mundial através do aprofundamento das desigualdades sociais. Infelizmente, aqui no Brasil, temos um presidente negacionista e genocida que é contra as medidas de distanciamento social e sabota o plano de vacinação para todos os brasileiros.

Aqui no Rio Grande do Sul, o governador tucano, que votou em Bolsonaro, tem o mesmo projeto neoliberal de privatizações de estatais e a retirada de direitos da classe trabalhadora. Os dados estaduais alarmantes, do dia 5 de março, mostram que, dos 3005 leitos públicos e privados de UTI para atender Covid-19, 3073 estão ocupados. São aproximadamente 700 mil casos confirmados (com quase 10 mil por dia) e mais de 13 mil vidas perdidas (quase 200 por dia).

O governador apenas pintou o mapa do RS com cores de alerta à pandemia, baseado nos dados de doentes na rede hospitalar. Por isso, muitas vezes cedeu a pressão dos empresários e da sua base política com medidas de flexibilização, não tendo ações no sentido de combater o contágio.

Diante disso, nossa Bancada do PT na Assembleia Legislativa acerta quando pressiona o governo estadual para ter medidas necessárias no enfrentamento à pandemia. Na necessidade de algum período de lockdown neste momento de esgotamento dos leitos de UTI. Também foi reforçada a importância de ofensiva para compra de vacinas pelo Estado, uma vez que não há uma coordenação nacional efetiva do processo de imunização; a manutenção das aulas apenas na modalidade remota, sem retorno presencial; bem como a aquisição de respiradores e ventiladores para uso em outras estruturas além dos leitos de UTI. Para garantir o isolamento social, também foi indagado ao governador sobre o andamento do projeto de renda básica emergencial estadual, que ainda não saiu do papel.

Mesmo tendo o recurso negado pelo Poder Judiciário, o governador insiste na retomada das aulas presenciais, para a educação infantil e 1ª e 2ª séries iniciais.

A nossa cidade, São Leopoldo, administrada pelo prefeito Ary Vanazzi, tem sido referência no combate à pandemia. Na ampliação da rede de saúde, nas medidas de distanciamento social, com a implementação do lockdown para diminuir o contágio, distribuição de alimentos e um programa de transferência de renda para as famílias em vulnerabilidade social.

Esta referência da gestão petista, nos deu as condições para fazer a luta política na construção do Movimento Vacina Já, a mais importante luta social do momento em defesa da vida. Através da presidência da Câmara de Vereadores, a qual ocupamos este ano, articulamos o lançamento deste movimento com mais de 70 entidades locais.

A partir desta experiência em São Leopoldo, construímos, na condição de vice-presidenta do PT gaúcho, junto com vereadores, deputados e movimentos sociais, a

ampliação desta luta na região metropolitana com a presença de 80 lideranças de 14 municípios. O objetivo é pressionar o governador para agir na compra de vacinas o mais urgente possível. E exigir do governo Bolsonaro, através da Anvisa, a liberação para a compra de vacinas.

Estaremos nas ruas e nas redes, mobilizando a sociedade para enfrentar esta crise. Além da vacinação para todos, defendemos o lockdown, renda básica e microcrédito para os pequenos empresários e agricultores. Estamos numa guerra e as vítimas sem armas são os pobres. Por isso, o PT deve voltar às lutas de massas.

(*) Ana Affonso é presidenta da Câmara de Vereadores de São Leopoldo e vice-presidenta do PT/RS


(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.

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