A realidade de Cruz Alta em meio à catástrofe climática

Por Maristela da Fontoura Machado (*)

O município de Cruz Alta fica localizada à 340 km de Porto Alegre. No contexto das enchentes, que assolaram o Rio Grande do Sul, a cidade não sofreu grandes perdas, inclusive por estar localizada em lugar alto e não existir rios de grande porte próximos. Ocorreram estragos em alguns telhados e quedas de árvores em função da velocidade dos ventos.

Mas temos e vivenciamos diversos problemas que se arrastam através dos tempos, citando alguns:

  • Não existe plano diretor na cidade, o que afeta, por exemplo, a existência de bairros residenciais com instalações industriais;
  • A confusão no trânsito gera caos, que precisa ser melhor analisada e readaptada por técnicos capacitados para facilitar o fluxo de veículos;
  • A não existência de uma preocupação com relação ao meio ambiente é uma constante, não havendo manutenção nem plantio de árvores pela cidade e seus arredores (por exemplo);
  • A cidade é rodeada por lavouras de soja e trigo, com reduzida área de matas. Além disso, nos deparamos seguidamente com cortes sem critérios das poucas árvores existentes na zona urbana;
  •  O centro da cidade, que tem cerca de 60.000 habitantes, as ruas e praças recebem tratamento diferenciado do poder público, enquanto os bairros se encontram em total abandono, como esgoto a céu aberto, deficiência de transporte urbano, escolas sendo fechadas e arruamentos em situação precária, postos de saúde (ESFs) sem manutenção das instalações, deficiência nas equipes de saúde, falta de medicamentos essenciais na farmácia do município, além de tantas outras demandas.

 

Sim, os produtores rurais (agronegócio) construíram uma pista particular para aviões e se engajaram nas doações que foram conduzidas por eles para a cidade de Santa Cruz do Sul, para depois serem destinadas aos locais mais necessitados.

Os meios de comunicação locais foram incansáveis na divulgação de tais eventos, já antecipando a campanha eleitoral.

Por outro lado, a população de Cruz Alta, mesmo bastante abalada com notícias e reportagens que a mídia transmitia sobre a situação do Estado, continua abandonada em lugares vulneráveis e que também precisam de assistência social, políticas públicas e atenção do poder público municipal.

No decorrer da semana, foi noticiada a troca de data do leilão do Hospital São Vicente, único hospital credenciado pelo SUS na região, fato este que não era conhecido pela população. Existem muitas ações envolvendo esse hospital, como, por exemplo, a falta de repasses ao INSS. Este leilão ficou remarcado para setembro devido à situação de calamidade do Estado e trata-se de uma execução fiscal da União em relação ao prédio, para a garantia de recolhimento de FGTS.

Em relação às eleições, a atual gestão (MDB/PP) vai tentar a reeleição e os demais partidos, inclusive o PT, ainda tratam das coligações.

Nosso envolvimento, enquanto partido, está sendo de combater as notícias falsas amplamente divulgadas pelos negacionistas, divulgar a diferença entre Estado mínimo e Estado de bem-estar social, fazer o enfrentamento ao neoliberalismo e construir um programa de governo forte, mobilizando a população para a sua participação efetiva nos movimentos sociais e debates políticos.

(*) Maristela da Fontoura Machado é mestre em Direitos Especiais pela URI – Santo Ângelo-RS, Coordenadora da AE- Cruz Alta-RS, Militante petista e integrante da direção estadual da Articulação de Esquerda – AE/RS.

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