A tendência petista Articulação de Esquerda nas eleições 2020: um retrato

Por Marcos Jakoby (*)

A tendência petista Articulação de Esquerda (AE) participa das eleições municipais construindo, em todo o país, as candidaturas lançadas pelo Partido dos Trabalhadores. Dentre estas candidaturas petistas há, ao menos, 140 candidaturas de “militantes orgânicos” da AE, entre candidaturas proporcionais e majoritárias. É o que revela o mapeamento realizado pelo companheiro Adriano Bueno, a pedido da direção nacional da AE.

Há candidaturas que, por diversas razões, não enviaram os dados necessários para o cadastro e, portanto, não constam do mapeamento.  Essa advertência é válida, pois muitos militantes talvez identifiquem que o número de candidaturas em um determinado estado ou segmento seja maior do que o será exposto aqui.

O propósito nesta matéria é trazer alguns dados sistematizados para conhecermos, de maneira mais precisa, o perfil do conjunto das candidaturas da tendência, o que ajuda também a identificar melhor o perfil da própria tendência. Esses dados também, por sua vez, contribuem para formularmos políticas organizativas e de atuação política mais adequadas à realidade concreta.

O levantamento demonstra que as candidaturas se distribuem em dezenove estados diferentes da federação: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Minas Gerais, Piauí, Pernambuco, São Paulo, Amazonas, Tocantins, Maranhão, Sergipe, Mato Grosso, Alagoas, Pará, Rio de Janeiro, Amapá, Ceará, Goiás.

Em alguns estados, por enquanto, não há candidaturas da AE mapeadas: Acre, Bahia, Paraíba, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina. No Distrito Federal não há eleições municipais.

Os estados com maior número de candidaturas são Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e o Espírito Santo, conforme o gráfico abaixo.

Os estados do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul respondem por 19% e 17%, respectivamente, do total de candidaturas. Somados, 36%.  Quando observamos a situação interna aos estados, constatamos que a esmagadora maiorias das candidaturas se localizam nas cidades do interior (79%) frente às capitais (21%).

Se utilizarmos como ponto de corte cidades com até 200 mil eleitores, 69% das candidaturas localizam-se nessas cidades, que não possuem segundo turno. E 31% das candidaturas em cidades com mais de 200 mil eleitores.

Quanto à distribuição por cargos, das 140 candidaturas cadastradas, 19 concorrem a prefeito/a, 05 a vice-prefeito/a e 116 candidaturas concorrem a vereador e vereadora.

Em relação à atividade política e social, chama a atenção que um contingente grande das candidaturas tem atuação sindical. Ao menos 41% delas declararam ter vínculo com o movimento sindical.  No gráfico abaixo, é possível ver as áreas de maior atuação. Como o leitor poderá observar, a atuação majoritária se dá no setor de educação e serviço público: 47 das candidaturas estão nestes dois setores, o que corresponde a 78% das candidaturas da área sindical.

Além de uma grande presença no sindicalismo, a grande maioria das candidaturas possui algum tipo de atuação com um ou mais movimentos sociais, com destaque, mais uma vez, para educação, mas também para direitos humanos, movimento feminista e cultura. O gráfico abaixo detalhe essa atuação das candidaturas:

Outros elementos importantes para verificarmos a composição social das candidaturas se encontram nos gráficos abaixo, onde é possível visualizar a participação das mulheres (em menor número) e dos negros (majoritária) no total das candidaturas:

Os indígenas correspondem a 5% do total das candidaturas, a juventude 22%, LGBTQI+ com 9% e deficientes físicos 1%.

Para que se tenha um parâmetro, segundo o TSE, as candidaturas de mulheres representam 33,2% do total de todas as candidaturas do país. Já a juventude (até 29 anos) 8,45% do total.  Portanto, a participação de mulheres e jovens no montante das candidaturas da AE está consideravelmente acima da média geral das candidaturas no país. Já no quesito etnia/raça, os números se assemelham: segundo o TSE, 47% brancos, 50% negros, e 03% distribuídos entre os que “não informaram, indígenas e amarelos”.

No conjunto das candidaturas da AE No conjunto das candidaturas do país

Mulheres

43%

33,2%

Jovens

22%

8,45%

Negros 51% 50%

 

Por fim, há que se destacar algumas informações apresentadas: os quatros estados com mais candidaturas (MS, RS, RN e ES) reúnem 52% do total das candidaturas, um bom número de candidaturas com vínculo com o sindicalismo (41%) e com os movimentos sociais. Porém, há uma considerável concentração na área da educação e dos serviços públicos. Outro dado há se destacar é o de que quase 70% das candidaturas se localizam em cidades de até 200 mil eleitores.

(*) Marcos Jakoby é professor e militante do PT

(**) Gráficos elaborados por Adriano Bueno

 

 

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