Por Página 13 (*)
A caravana “Lula pelo Brasil” já havia percorrido o nordeste e o sudeste do país em 2017 e no início de 2018 chegava à sua quarta etapa para passar pelo Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina durante nove dias. O percurso, que seria todo feito de ônibus por Lula, passaria por pelo menos 14 cidades e se encerraria no dia 28 de março em Curitiba.
Naquele período, a ofensiva das das classes dominantes para tirar Lula das eleições de 2018 estava a pleno vapor. No dia 24 de janeiro daquele ano, Lula teve sua condenação no caso do Triplex confirmada no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, confirmando a farsa de Sérgio Moro. Um dos dos três desembargadores, que mantiveram a injusta e parcial condenação, disse que Sérgio Moro era “talentoso, corajoso, brilhante, que teve e tem diante de si uma complexa análise de casos”. Poucos meses depois, Lula seria preso e e impedido de concorrer nas eleições presidenciais, abrindo assim caminho para vitória de Bolsonaro. Já Sérgio Moro ingressaria no futuro governo como um “superministro”.
A caravana de Lula pelo sul já havia sido alvo de violência e emboscadas de grupos de direita e extrema-direita em algumas cidades, mas no dia 27 de março, dois tiros atingiram a caravana em Quedas do Iguaçu (PR).
Ao desembarcar, os passageiros constataram duas marcas de disparos de arma de fogo contra o ônibus que levava os jornalistas que acompanharam os dez dias de recorrido pelos três estados da região sul do país. A polícia então foi acionada.
Embora tenha conseguido assustar a comitiva que acompanhava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o atentado não feriu ninguém.
O atentado a tiros contra os ônibus da caravana ganhou repercussão internacional e foi condenado por lideranças democráticas, progresssistas e populares do Brasil e do mundo.
Porém, para Bolsonaro, estava “na cara que alguém deles deu os tiros. A perícia deverá ficar pronta entre hoje e amanhã e vai apontar a verdade”, disse em um comício em Ponta Grossa (PR) no dia seguinte ao atentado.
Já o ex-governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que figurava naquele momento como o principal candidato da centro-direita ao governo federal, afirmou: “acho que eles [o PT] estão colhendo o que plantaram”, disse o tucano que terminou em 4º lugar, com menos de 5% dos votos.
Porém, no dia seguinte à declaração, diante da grande repercussão negativa, Alkmin recua e por meio de uma conta da rede social diz que “toda forma de violência tem que ser condenada”. De qualquer maneira, Alkmin já havia manifestado o que realmente pensava sobre um atentado a tiros à vida de Lula e de outros que acompanhavam a caravana.
Depois de mais de 3 anos, o MP-PR (Ministério Público do Paraná) afirma que as investigações “realizadas até o momento” sobre os tiros disparados contra 3 ônibus da Caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são “consideradas inconclusivas”.
Veja mais imagens do atentado:
Com informações das seguintes fontes:
https://pt.org.br/repercussao-internacional-aos-atos-de-fascistas-no-sul-do-pais/
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