Andes: resultados e perspectivas

Por Valter Pomar (*)

Nos dias 7 e 8 de maio de 2025 aconteceram as eleições do Andes Sindicato Nacional.

Venceu a chapa 1, apoiada pela atual diretoria do Andes, integrada essencialmente por setores do PSOL oposicionista e antipetista.

Em segundo lugar ficou a chapa 4, apoiada por variados setores do PT, setores do PSOL, docentes vinculados a outras organizações e muitos “independentes”.

Em terceiro lugar ficou a chapa 2, vinculada essencialmente mas não só à tendência petista O Trabalho.

Por último ficou a chapa 3, vinculada ao PSTU e a outros grupos que geralmente são considerados como de ultra-esquerda.

Na tabela abaixo estão os resultados da eleição de 2025 e de 2023.

VOTOS

TOTAL

CHAPA1

CHAPA2

CHAPA3

CHAPA4

2023

16351

7058

6736

2253

ZERO

2025

14431

6452

2390

2015

3574

Um ponto extremamente negativo para o Andes é o pequeno número de votantes. Aliás, o número de participantes nas eleições do Sindicato Nacional dos docentes vem caindo sistematicamente há vários anos.

Esta queda parece atingir por igual todos os campos (comparando 2025 com 2023, a queda na votação das chapas 1 e 3 é similar à queda na votação das chapas 2 e 4).

Mas a maior prejudicada pela queda no número de votantes é a oposição.

Há cerca de 300 mil docentes, dos quais aproximadamente 70 mil são afiliados às Associações Docentes. Se todos estes 70 mil votassem, é muito provável que a oposição vencesse. Como a participação se limita a cerca de 25%, cresce o peso dos militantes profissionais em prejuízo do conjunto da base. E cresce, também, o peso dos aposentados em relação aos professores que estão na ativa.

A queda do número de eleitores tem relação direta com a política implementada pela atual diretoria, mas também com o impacto contraditório que o governo Lula tem sobre o estado de ânimo do corpo docente, inclusive e principalmente sobre o entusiasmo dos que votaram em Lula no primeiro e no segundo turno de 2022.

Outro ponto importante a destacar é que a chapa vitoriosa é minoritária não apenas entre os docentes, mas também minoritária entre os que votaram. A soma das chapas 2, 3 e 4 é maior do que a votação da chapa 1.

Mas é verdade, também, que as chapas que considero esquerdistas  (1+3) foram mais uma vez majoritárias no eleitorado.

Um terceiro ponto importante é que o segundo lugar nas eleições de 2025 coube a chapa 4, que quase foi impedida de participar por uma ação combinada das outras três chapas.

Repetindo de outro jeito: as chapas 1, 2 e 3 tentaram por diversas vezes impedir a inscrição da chapa 4. Usaram e abusaram do jurídico do Andes para tentar privar 3574 docentes do direito de votar na sua chapa preferida.

Embora não seja possível provar, é possível afirmar que a chapa 4 teria um resultado ainda melhor se não tivesse tido que gastar um enorme tempo e energia lutando pelo direito de participar do processo.

Neste sentido, a chapa 4 teve uma vitória política, entre outras razões por confirmar sua liderança na oposição à diretoria do Andes. Aliás, apesar da perseguição que sofreu por parte das outras três chapas, a chapa 4 demonstrou quem tinha e quem não tinha maioria no antigo movimento Renova Andes.

Mas é preciso colocar esta vitória política da chapa 4 no contexto. A divisão da antiga chapa 2 (tal como concorreu em 2023) obrigou as duas chapas resultantes da cisão (as chapas 2 e 4 que concorreram em 2025) a um grande esforço. E mesmo assim, a soma das chapas 2+4 ficou atrás do resultado obtido pelas chapas 1+3. O que confirma algo óbvio: a eleição do Andes não será ganha na própria eleição. Para ganhar é preciso não apenas organizar tudo com mais antecedência, mas principalmente é necessário ampliar e muito a mobilização das bases do movimento docente em torno das nossas pautas sindicais e político-pedagógicas.

Seja como for, o resultado que a chapa 4 alcançou nas eleições de 2025 serve como um bom ponto de partida para ações futuras. Mas como já foi dito, o principal não é começar a preparar a próxima eleição. O principal é reforçar o movimento docente aqui e agora. E para isso teremos que saber lidar com as contradições do governo Lula, contradições que não atrapalham o peleguismo vermelho & esquerdista, mas atrapalham demais quem precisa ampliar e muito a participação dos docentes.

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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