Por Gerri Sawaris (*)
Nesse ano a polarização ficou na eleição presidencial, entre o candidato do ódio e a candidatura da esperança, a candidatura de Lula. Senti que a campanha demorou para entrar na pauta da sociedade, só esquentou mesmo pra valer em setembro. As candidaturas proporcionais só começaram a criar interesse da população nos últimos 15 dias de campanha e mesmo assim posso dizer que foi uma campanha boa. Consegui conversar com pessoas em diferentes regiões de nosso estado, onde criei grupos de apoio, nesses locais e especialmente com moradores da nossa região procurei sempre discutir nossos problemas. Com pouca estrutura, sem ter mandato estadual e com míseros R$ 9.900, 00 do fundo eleitoral, fiz uma boa votação 16.542 votos. Foi uma votação importantíssima, considerando que a maioria dos que se elegeram dentro do PT já eram detentores de mandato, posso dizer que foi bem votado.
Como ponto forte destaco a capilaridade da candidatura, que dialogou com vários setores da sociedade, desde minha base partidária e até com militantes de outros partidos, com setores organizados. Durante a caminhada, percebi que a experiência de já ter sido vereador e prefeito ajudou na hora da apresentação. Também foi fundamental lembrar das lutas históricas que já participei, movimento estudantil, luta pela criação de um campus universitário da UFSM em Palmeira das Missões e Frederico Westphalen, Instituto Federal em Frederico Westphalen, Hospital Público Regional-HPR em Palmeira das Missões, lutas dos pequenos agricultores (por crédito, aposentadoria e por causa das estiagens) e principalmente por fazer parte do time de Lula.
Como ponto fraco, destaco a pouca participação de nossa militância. O projeto coletivo com solidariedade interna está subordinado ou substituído por projetos pessoais ou pequenos grupos, isso ocorre na própria corrente, desperdiçando energias. Isso inclusive nos custou a ida de nosso candidato a governador Edegar Pretto ao segundo turno por 2.441 votos. E por fim lembro aos companheiros que a velha solidariedade entre as candidaturas não se percebe mais, o partido não está conseguindo se organizar enquanto partido, está refém dos mandatos, cito apenas um exemplo, a própria distribuição do fundo partidário, quem discutiu o critério de distribuição desses recursos? Nem a corrente o fez. Se nossa organização não for revista, teremos dificuldades de encontrar pessoas para serem candidatas nas próximas eleições e até mesmo para defender nosso projeto. Faço campanha desde 1989 e percebo que cada vez menos militantes voluntários participam da eleição. Será falta de formação política? Falta de crença num projeto popular de governo?
(*) Gerri Sawaris é professor estadual, foi candidato a deputado estadual pelo PT RS. Já exerceu o cargo de vereador e prefeito municipal em Constantina/RS