Bolsonaristas em 2022, lulistas em 2023, adversários em 2024 e 2026

Por DEAE-Tocantins (*)

Deputados federais do Tocantins eleitos em 2022

Foi noticiado na imprensa do Tocantins o encontro articulado pelo Secretário Nacional de Relações Internacionais do PT e pelo presidente estadual do partido, com a participação do líder do governo na Câmara, o ministro de Relações Institucionais, com a bancada eleita do Republicanos, partido do governador Wanderlei Barbosa, base política e ideológica do governo Bolsonaro.

É importante rememorarmos alguns pontos que fundamentam a posição da tendência petista Articulação de Esquerda no Tocantins sobre este fato.

Após sete anos do golpe de 2016, a classe trabalhadora elegeu Lula Presidente para o terceiro mandato. É preciso lembrar da aliança que deu o golpe: grandes empresários nacionais e estrangeiros, fazendeiros, a CIA, as forças armadas, a maioria do judiciário, do Ministério Público Federal, da Câmara e do Senado

Durante esse período golpista, nossos direitos foram destruídos. As reformas trabalhista e da previdência levaram a classe trabalhadora a maior derrota de sua história. Hoje a maioria da classe trabalhadora não tem nenhum direito, pois não tem carteira assinada. E mesmo quem tem carteira assinada, perdeu o que antes tinha. Ou seja, a renda média da classe trabalhadora caiu devido a essas duas reformas.

Com a reforma da previdência, todos os trabalhadores e trabalhadoras contribuem com mais a cada mês, vão trabalhar mais tempo e vão se aposentar ganhando menos.  E mesmo com essas péssimas condições, em caso de morte deixarão apenas 60% de sua renda como pensão para o dependente durante certo tempo, se for menor de 45 anos de idade.

Além da derrubada de uma presidenta honesta, os golpistas também se uniram para condenar e prender Lula, impedindo nossa vitória para presidente em 2018.

Também vimos durante os governos golpistas de Temer e Bolsonaro, a paralisação das políticas que atendiam as maiores lutas populares: reforma agrária, reforma urbana, regularização dos territórios indígenas e quilombolas etc.

Ao mesmo tempo, com a emenda do teto de gastos, houve redução de todos os investimentos, seja na educação e saúde pública, seja na realização de grandes obras.  O resultado desta diminuição de investimentos foi o aumento do desemprego, a redução da média dos salários e o congelamento do salário mínimo.

É preciso lembrar que Temer e Bolsonaro não governaram sozinhos. Além dos seus ministros, tiveram apoio da maioria dos deputados federais e senadores.

No caso do Tocantins, Temer teve apoio de todos os deputados federais e senadores. Bolsonaro teve apenas o deputado federal Célio Moura do PT como oposição.  A Senadora Kátia Abreu votou com a oposição em algumas ocasiões.

Porém, em 2022, todos os deputados federais e a Senadora Dorinha foram eleitos apoiando Bolsonaro. Inclusive durante o segundo turno, nenhum deles apoiou Lula.

É necessário lembrar que no Tocantins, a maioria dos políticos é eleita comprando votos e usando a máquina pública. Em 2022, com o orçamento secreto criado pela extrema direita isso ficou muito claro.

Agora que Lula ganhou as eleições com apoio e mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras mais pobres, dos negros e negras, dos indígenas e dos militantes das organizações populares, esses políticos de direita querem ter as benesses do governo que eles não elegeram.

Lembramos que em 2015, a presidenta Dilma, recém eleita para seu segundo mandato, dividiu os cargos federais no Estado do Tocantins entre todos os deputados federais e senadores da época; um ano depois, com exceção de um deputado e uma senadora, todos votaram a favor do golpe que a derrubou do governo sem nenhum crime. Leia em https://conexaoto.com.br/2015/04/22/cotas-de-indicacoes-dos-30-orgaos-federais-no-tocantins-sao-definidas-cada-parlamentar-ficou-com-tres

Ou seja, a distribuição de cargos federais para políticos profissionais de extrema-direita não garante nenhuma lealdade por parte deles. Eles acreditam que é um direito divino indicarem órgãos Federais em qualquer governo, por isso são chamados de Centrão. O nome mais adequado seria direitão, pois sempre votam contra as lutas populares.  Eles são do mesmo grupo político que impôs a reforma trabalhista e a reforma da Previdência, que é contra a reforma agrária, a reforma urbana, a regularização das terras dos quilombolas e indígenas, etc.

Em 2024, eles apoiarão os adversários da classe trabalhadora nas eleições para prefeito e em 2026 apoiarão qualquer candidato da oposição para derrotar Lula ou o candidato do PT.

Portanto, pedimos que esse assunto seja discutido no Diretório Estadual do PT no Tocantins, e desde já registramos nossa posição contrária à entrega de cargos federais para deputados e senadores que não apoiaram Lula, que apenas querem se aproveitar de cargos no governo federal e que serão adversários da luta popular pelos direitos da classe trabalhadora.

(*) Direção Estadual da Articulação de Esquerda no Tocantins, tendência petista

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