Campinas: a reprodução do cenário nacional

Por DMAE Campinas (*)

Em Campinas, mesmo com algumas vitórias que devem ser comemoradas e com o empenho de Pedro Tourinho e Edilene Santana, que percorreram todos os cantos da cidade, o cenário nacional se reproduziu: uma derrota política e eleitoral diante da vitória de Dário Saadi no primeiro turno, com 66,77% dos votos, contra 23,18% de Pedro Tourinho. O resultado de Rafa Zimbaldi, com 8% dos votos, indica que seus eleitores optaram pelo voto útil em Dário Saadi e a alta abstenção, cerca de 30%, indica que não houve um interesse político que mobilizasse parte importante dos eleitores.

Esse resultado poderia ser outro se Rafa Zimbaldi tivesse um desempenho similar a 2020. Nesse sentido, não termos ido ao segundo turno tem mais relação com a tática adotada pela direita do que com a tática adotada por nós. A tática exitosa de Dário foi esvaziar a candidatura de Rafa Zimbaldi e buscar a vitória em primeiro turno, o que impediu que fossemos ao segundo turno. Houve uma unificação de variados setores da direita e da extrema-direita no governo Dário e na sua campanha eleitoral, o que lhe conferiu uma força política e estrutural enorme.

Caso Dário Saadi não seja cassado, o cenário político em Campinas será terrível. Com o aval de 66,77% dos votos válidos, o desmonte dos serviços públicos, a influência do capital imobiliário e as privatizações seguirão um curso ainda mais acelerado.

O nosso principal problema é que não adotamos uma tática que fosse eficiente para enfrentar essa operação. Para que tivéssemos êxito, seria necessária a existência de um partido organizado durante os anos anteriores. Portanto, nosso principal problema é a ausência do Partido na cidade, ausência de uma oposição coletiva, a terceirização da oposição para a bancada petista. Não houve uma organização de oposição política e social permanente aos governos Jonas e Dário, e, em temas importantes para a esquerda, observou-se omissão de posicionamento, como nas pautas da educação, saúde, transporte, nas lutas urbanas e sociais, que dialogam diretamente com a população. A direção partidária e o candidato não podem atuar apenas nos momentos eleitorais.

Superar essas deficiências, entre outras, e uma oposição cotidiana que mobilizasse nossa base social e militante seriam fundamentais para o acúmulo de forças necessário ao fortalecimento da campanha eleitoral. É preciso reconhecer isso e trabalhar para superá-las.

Nesse cenário, é preciso avaliar o que ocorreu.

Balanço inicial da campanha majoritária

Após as eleições de 2020, defendemos que a candidatura de Pedro Tourinho fosse novamente referendada pelo partido, em função da avaliação positiva que fizemos de seu desempenho político e eleitoral naquele processo, e da necessária unidade partidária para enfrentarmos a extrema-direita.

Se, naquele momento, a campanha não recebeu os recursos necessários, em 2024, houve uma estrutura adequada, tempo de planejamento e a possibilidade de envolver amplos setores do PT e dos demais partidos de esquerda na condução política da campanha.

A ausência de decisão do Diretório Municipal sobre a tática eleitoral, o programa, a chapa proporcional e a coordenação da campanha, pela primeira vez na história do PT Campinas, foi repeteco daquilo que ocorre no PT pelo país afora: o funcionamento de instâncias paralelas que não respeitam as decisões partidárias. Em todas as campanhas anteriores, as instâncias partidárias debateram e aprovaram nosso programa, nossa tática eleitoral, a chapa de vereadores e vereadoras e a coordenação de campanha. É isso que deveria ter ocorrido, pois é o Partido que deve decidir essas questões. Houve a aplicação de uma maioria presumida. Mesmo com o setor majoritário possuindo maioria para a tomada de decisões no Partido, esse desprezo pelas instâncias impediu um maior envolvimento coletivo nos rumos da campanha. A ausência do DM também se deu na atuação como representação partidária municipal. Não foi, na verdade, apenas uma ausência, foi um buraco, um vácuo, uma inexistência.

A coordenação de campanha, em sua quase totalidade, sem a participação de integrantes dos variados setores do PT, foi composta em sua quase totalidade por apoiadores da candidatura de Wagner Romão. Com isso, aos olhos das demais candidaturas, a candidatura de Romão foi tratada pela direção de campanha como se ela fosse a candidatura oficial do PT e não apenas da tendência majoritária Construindo um Novo Brasil – CNB e de seus aliados. Nas redes sociais do PT, as imagens e vídeos dessa candidatura eram amplamente majoritárias. Nem mesmo a divulgação da chapa de vereadores e vereadoras do PT foi destacada. Houve um ensaio para resolver isso com a convocação de um conselho político da campanha que se reuniu uma vez, mas não se reuniu mais.

A propaganda de rádio e TV seguiu um modelo tradicional, sem o devido recorte de classes, não enfrentando o discurso conservador com o discurso diferenciado que deveria ser feito por uma candidatura de esquerda. Por exemplo, um dos principais agentes do capital na cidade é o capital imobiliário, que manda e desmanda, que orienta toda a política urbanística na cidade. Esse assunto ficou praticamente ausente nos programas eleitorais e o candidato a prefeito mal tocou no assunto e, se o fez, foi de forma superficial. Esperava-se mais em termos de manifestações sobre a função social da propriedade, o abandono de imóveis pelos proprietários, o deficit de moradia e o direito à ocupação dos imóveis vazios pelos sem-teto.

Outro exemplo: os governos Jonas e Dário implementaram um programa de terceirizações e privatizações dos serviços públicos, de arrocho salarial do funcionalismo, que desmontaram variadas políticas públicas, em que os valores destinados para as empresas terceirizadas são maiores do que a folha de pagamento do funcionalismo público concursado. Isso foi pouco explorado. A campanha repetia que um governo nosso criaria oportunidades para todos. Isso não diferencia uma candidatura de esquerda, pois pode ser dito por qualquer outra candidatura de direita. O marketing político, em várias questões, adaptou-se ao senso comum, em vez de desafiá-lo e propor posições mais progressistas e alinhadas à esquerda.

Diante dos ataques da direita ao PT nos programas de rádio e TV, não podemos nos calar. Nossa campanha, por exemplo, deveria entender isso como algo inegociável, considerada a nítida falta de senso partidário do candidato a prefeito, notadamente no último debate na EPTV. Senso partidário significa sensatez, prudência e veemência para demonstrar publicamente – em debates pela mídia principalmente – compromisso político com o partido, notadamente quando o PT for atacado. Capacidade de avaliar a injustiça cometida contra o partido e promover a pronta e indispensável defesa da instituição partidária. “Mensalão”, “Petrolão”, “corrupção”, “invasão de propriedade privada” e outros “carimbos” imputados ao PT, não podem mais ficar sem ao menos uma resposta rápida, enfática e contundente. O silêncio nesses casos pode ser interpretado pelo eleitor como omissão, descaso, negligência do candidato com o partido.

As decisões da campanha do Pedro Tourinho e Edilene foram tomadas aqui e assim devem ser avaliadas, mesmo sabendo que posturas como essas não ocorrem apenas aqui, mas em outros locais pelo país afora, e que é resultado de uma postura nacional adotada pela tendência CNB e imitada por muitos de seus apoiadores, postura que têm promovido uma dinâmica cada vez mais institucionalizada, em que nosso partido vai perdendo aquilo que o diferencia, aproximando o partido da maneira de funcionar adotada por aqueles partidos que defendem a ordem vigente, ou seja, a manutenção das estruturas políticas e econômicas que favorecem os ricos e as classes dominantes. Essas estruturas precisam ser transformadas e isso não aparece mais nos discursos e nas ações práticas de muitos setores do PT. O que não impede a direita de seguir atacando, nos estigmatizando, nos acusando inclusive de sermos aquilo que já fomos mas que muitos de nós deixaram de ser.

Ao abandonar essa postura de rebeldia, o PT torna-se cada vez mais semelhante aos demais partidos tradicionais. Em Campinas, não foi diferente, e nossa campanha, apesar de todo o empenho de Pedro e Edilene, das candidaturas proporcionais da esquerda e de nossa aguerrida militância, não conseguimos conquistar o apoio popular necessário para chegar ao segundo turno.

Além disso, o PT precisa incorporar na sua atuação pautas “caras” a uma classe social ressentida com o “abandono” e descrente da atuação do Estado, na qual germinou a concepção de “subir na vida pelo empreendedorismo”, “trabalhar por conta própria e não com carteira assinada como forma mais rápida de ascensão social”, e que votou maciçamente na direita e extrema-direita nas últimas eleições.

Portanto, será preciso recuperar de alguma forma o trabalho de base, com estruturação nos bairros de “tarefas sociais” como trabalho comunitário pelo direito à moradia, ao fornecimento de energia elétrica, água e esgoto tratado para as habitações, à iluminação pública que garanta a circulação em segurança, entre outras, por exemplo.

Financiamento das campanhas proporcionais

Na destinação de recursos do fundo eleitoral, os critérios e as decisões foram adotadas principalmente pelas direções estadual e nacional. Comparando os valores recebidos com as votações, ficou claro que foram adotados muitas vezes critérios subjetivos, com uma desproporção de recursos recebidos pelas candidaturas.

Outra questão que o PT Campinas deveria debater e avaliar é a doação de um bilionário do agronegócio, que financiou duas candidaturas do PT Campinas, de Wagner Romão, que depois da repercussão negativa devolveu os recursos, e de Juscelino Júnior. As empresas não podem doar, os empresários, sim. Não há ilegalidade nessas doações, mas receber recursos de Rubens Ometto

Silveira Mello, dono da COSAN, maior produtora de açúcar e álcool do Brasil, um expoente do agronegócio, não deveria ser naturalizado, ainda mais em meio a uma crise ambiental que enfrentamos com queimadas, devastação ambiental, alterações nos zoneamentos urbanos e rurais nas cidades.

Balanço inicial da eleição proporcional da direita

Em relação à Câmara Municipal, um dado importante e preocupante é a ampliação da extrema- direita com a eleição dos novos vereadores, que indica um legislativo ainda mais reacionário que o atual.

Principais expoentes da extrema-direita na Câmara Municipal, Nelson Hossri (PSD) e Marcelo Silva (PP) não tiveram um bom desempenho, sendo que o primeiro aumentou sua votação de 4.715 votos para 6.157, muito aquém do que se imaginava, e Marcelo Silva estagnou com a votação de 6.895, enquanto que, em 2020, obteve 6.858 votos. Major Jaime (União) diminuiu sua votação de 2.614 votos para 2.470, não sendo reeleito. Paulo Gaspar (NOVO), mesmo com o aumento de 3.014 votos para 4.018, também não foi reeleito. Outros expoentes da extrema-direita foram eleitos, como Vini (Cidadania), Nick Schneider (PL), Roberto Alves (Rep), Bene Lima (PL), Guilherme Teixeira (PL).

Diante da operação política de unificação dos setores de centro-direita, direita e a ampliação da extrema-direita, tudo indica que o governo Dário ampliará os cargos políticos em comissão para esses novos vereadores, aprofundando o giro à direita.

A Federação e um balanço inicial da eleição proporcional da esquerda

Em 2020, o PT Campinas conquistou 33.788 votos (nominais + legenda), assegurando duas vagas e a terceira vaga graças à distribuição das quebras de votos. Em 2024, tivemos um melhor desempenho com o aumento para 46.212 votos (nominais + legenda), conquistando três vagas e assegurando a quarta vaga com a quebra de votos, mas não conseguimos ampliar a bancada, que permaneceu com três vagas, enquanto nossa quebra garantiu a eleição de um candidato do PCdoB e não do PT.

Se o PT melhorou sua votação, na Federação, o que parecia ser uma soma das votações dos três partidos da federação (PT, PCdoB e PV), na verdade, resultou em uma diminuição. Antes da federação, em 2020, os três partidos somaram 60.713 votos (nominais + legenda); em 2024, federados, somaram apenas 52.590 votos (nominais + legenda), conforme tabela abaixo.

Partido Votos nominaisVotos nominaisVotos legendaVotos  legendaTotal 2020   Total 2024

  2020 2024 2020 2024  
PT 25.195 36.923 8.593 9.289 33.788 46.212
PV 14.498 1.375 720 148 15.628 1.375
PCdoB 10.719 4.862 578 141 11.297 5.003
Total 50.412 43.160 9.891 9.578 60.713 52.590

Diante do cenário de derrota, foi importante a manutenção das três vagas da bancada do PT, assim como as vagas dos demais partidos de esquerda, com uma vaga do PCdoB e duas vagas do PSOL. Ampliamos a presença feminina na bancada de esquerda, mas, por outro lado, diminuímos a presença negra.

A Federação PSOL-REDE manteve sua bancada, com destaque para a ampliação dos votos da Mariana Conti (PSOL) de 10.886, em 2020, para 14.356 votos, em 2024. Paulo Búfalo (PSOL), com a diminuição de 3.374 votos para 3.173 votos, não sendo reeleito. Em seu lugar, foi eleita Fernanda Souto (PSOL), com 3.268 votos. Mariana Conti e Paulo Búfalo são de correntes internas distintas no PSOL, enquanto que, agora, as duas companheiras fazem parte da mesma corrente interna, o Movimento Esquerda Socialista, de origem trotskista e mais resistente às alianças com o PT.

Ressaltamos, também, a importância da expressiva votação da vereadora Paolla Miguel (PT), que deve servir de exemplo para parcela dos nossos dirigentes, mostrando que não se abandona uma companheira de luta na trincheira de uma batalha. Felizmente, ela não foi abandonada por outros setores e, principalmente, pelo eleitorado e pela sua base social. Devemos, além disso, defender pautas que confrontem o senso comum reacionário de parte da sociedade.

A reeleição da Guida Calixto (PT)

A reeleição de Guida Calixto (PT), militante da AE, que acolheu durante todo o seu mandato e campanha diversos setores do PT e de outras organizações políticas, foi fruto de um mandato aguerrido, com intenso envolvimento coletivo dessa militância, sem abrir mão dos princípios que orientam a esquerda combativa e a firmeza ideológica.

Isso não significa que não tenhamos cometido erros, os quais devem ser avaliados coletivamente para as necessárias correções de rota. O discurso de que Guida já estava eleita produziu duas consequências: a) Apoiadores nossos em 2020 passaram a apoiar outras candidaturas, na esperança de ampliação da bancada do PT, o que não ocorreu; b) um acomodamento de nossa própria militância, que poderia ter um desempenho mais ativo. O que a eleição mostrou é um desempenho um pouco menor do que tivemos traria enormes riscos para a reeleição de Guida.

Uma análise cuidadosa do nosso crescimento eleitoral, de 3.645 para 5.492 votos, um aumento de cerca de 50%, deve ser muito comemorada. No entanto, também precisamos entender por que outras candidaturas petistas tiveram aumentos mais significativos. Acreditamos que, nos próximos meses, deveremos discutir essas questões com a militância envolvida no mandato e na campanha, preparando, assim, um planejamento para os próximos anos. Além disso, teremos o desafio de construir um enraizamento social e territorial maior em Campinas.

Resultado das eleições de candidaturas que disputaram 2020 e 2024

2020       2024       Variação %

 

GUIDA              3.645

CALIXTO

5.492 50,67%
PAOLLA           2.728

MIGUEL

7.485 174,38%
CECILIO           2.592 3.182 22,76%
PROF. WAGNER

ROMÃO            2.347

 

 

5.088

 

 

117%

CARLÃO   DO 2.236 PT 1330 – 40,51%
PROF SOLANGE

POZZUTO         941

 

 

669

 

 

– 29%

LUIZ                  905

FELICIDADE

2025 123%
EVELYN           863

SILVA

2342 171%
UBIRATAN      195 FERREIRA 177 – 9%

O PT Campinas

É importante constatarmos que o PT Campinas não ficou alheio à crise que o partido enfrentou (e ainda enfrenta) nacionalmente, sendo alvo de ataques tanto da direita gourmet quanto da extrema- direita, com o objetivo de criminalizar o partido – seja por meio da mídia, de setores do judiciário, ou de movimentos conservadores e fascistas. Esse processo foi amenizado, mas não extinto, com a vitória de Lula em 2022.

Por isso, mais do que nunca, há uma imensa necessidade de defender o PT em Campinas. Tanto do ponto de vista ideológico, quanto organizativo, vivemos tempos em que não podemos nos acuar ou esconder nossas bandeiras de luta.

Mesmo com a vitória de Lula, é preciso deixar claro que não vivemos em tempos de normalidade institucional. Estamos em um período de crise e polarização profunda, em que a luta de classes se dará fortemente nos movimentos de massa, e não apenas na disputa eleitoral.

Assim, é fundamental reconhecer as limitações do partido em se tornar uma verdadeira oposição ao atual governo municipal. Uma oposição real significa estar de fato organizado, como partido, nas lutas pela saúde, educação, cultura e outros setores.

Muitos petistas na cidade participam de movimentos de oposição a Dário Saadi, mas isso não ocorre através da organização partidária, gerando um vácuo de acúmulo político. Essa ausência de uma oposição política e social organizada pelo PT Campinas permitiu que a extrema-direita ampliasse sua presença no executivo e na Câmara Municipal. Além disso, não podemos confundir a atuação dos nossos vereadores com a ação partidária necessária; nossos parlamentares não devem substituir o papel da direção municipal, mesmo que façam o bom combate no espaço legislativo.

De nossa parte, enfatizamos: não podemos deixar de agir, nos mobilizar e nos opor na Câmara, enfrentando o oportunismo hipócrita das elites da cidade. Não podemos baixar o tom da radicalidade contra o neoliberalismo local, nem deixar a narrativa antissistema cair nas mãos da ultradireita. Precisamos nos opor combativamente ao novo governo de Dário, caso ele não seja cassado.

As limitações na análise e na ação do PT local são fruto da recente organização partidária, que não conseguiu direcionar os instrumentos que canalizaram nossa oposição ao governo Jonas e Dário. No primeiro governo Dário, essa tarefa também foi transferida para a bancada de vereadores.

Não temos uma comunicação partidária ativa com a população, não construímos núcleos partidários nas diversas regiões, locais de trabalho, estudo e moradia, não mobilizamos para os grandes atos públicos da cidade, não formamos nossa militância, nem conseguimos manter adequadamente uma sede para o Partido e as instâncias partidárias são substituídas pelas decisões de alguns poucos dirigentes.

Os problemas organizativos estão diretamente ligados à equivocada estratégia de conciliação de classes defendida pelo setor majoritário do PT, que se reproduz localmente. Por isso, mais do que nunca, é necessário que o PT faça uma profunda autocrítica de sua trajetória recente, altere suas perspectivas estratégicas e promova uma profunda reorganização partidária para enfrentar os tempos difíceis.

Como corrente petista que tem como objetivo defender o partido e mudar seu rumo, a tendência Articulação de Esquerda também não está imune a erros, seja no aspecto organizativo, seja na ampliação da militância.

Nós também estamos sujeitos ao processo de dispersão e desorganização que tanto aflige a conjuntura atual. Por isso, reafirmamos a centralidade da defesa do PT e da necessidade de uma nova estratégia para o partido. Somente reconectando o PT à classe trabalhadora é que poderemos superar grande parte de nossos problemas. Conforme o penúltimo parágrafo da “Carta de Princípios do Partido dos Trabalhadores”, da Comissão Nacional Provisória, de 1º de Maio de 1979:

“O PT declara-se comprometido e empenhado na tarefa de colocar os interesses populares na cena política e de superar a atomização e dispersão das correntes classistas e dos movimentos sociais. Para esse fim, o Partido dos Trabalhadores pretende implantar seus núcleos de militantes em todos os locais de trabalho, em sindicatos, bairros, municípios e regiões.” (https://pt.org.br/carta-de- principios-do-partido-dos-trabalhadores/).

Nesses tempos de guerra na cidade, influenciados pela conjuntura nacional de avanço da extrema- direita, precisamos estar preparados para lutar e reorganizar nosso campo diante das perspectivas abertas pela eleição de Lula. Este, entretanto, está limitado pela opção de uma política econômica marcada pelo novo arcabouço fiscal, que mantém a limitação dos investimentos sociais em benefício do capital financeiro e pelas alianças à direita. Superar essas amarras será crucial para termos chances na disputa presidencial de 2026. Sabemos que essa é uma tarefa complexa, de médio e longo prazo, mas que deve ser guiada por uma nova orientação estratégica: a reconexão com a classe trabalhadora e a luta por um projeto socialista.

(*) Direção Municipal da Articulação de Esquerda de Campians-SP

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