O Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino em Mato Grosso do Sul – CSPP-MS – vem a público convidar a população deste estado a conhecer a realidade em que se encontra a nação palestina. Entre bombardeios, contagens de corpos (dentre os quais, de milhares de crianças), remoções forçadas e discriminação, o povo palestino é vítima na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Palestina histórica ocupada desde 1948 e na diáspora, seja em campos de refugiados, seja em residências fixadas ao redor do mundo, as quais, a despeito do conforto físico, não abrandam a angústia e o sofrimento.
Chegamos ao mês de dezembro de 2023. Já se somam mais de 15 mil assassinatos cometidos pelo regime genocida de Israel. Pelo menos 7 mil desaparecidos sob os escombros, ou seja, também mortos. Portanto, mais de 22 mil assassinados pela máquina de guerra de Israel e Estados Unidos. Dentre eles, mais de 7 mil crianças (e 4 mil desaparecidas sob os escombros) e mais de 250 profissionais de saúde. Somam-se ainda mais de 1,7 milhão de pessoas desabrigadas, com 60% das residências destruídas. Os dados, ao contrário do que propaga a grande mídia brasileira, não são “do Hamas”, mas do Ministério da Saúde da Palestina e confirmados por órgãos internacionais como Cruz Vermelha/Crescente Vermelho, Médicos Sem Fronteiras, Anistia Internacional e Nações Unidas.
O objetivo do extermínio é anexar a Faixa de Gaza, para tomar dos palestinos um rico aquífero e as reservas de gás, cuja riqueza é estimada entre 500 bilhões e 900 bilhões de dólares. Tal meta foi assumida pelo próprio terrorista que ocupa o cargo de primeiro-ministro de Israel, o genocida Benjamin Netanyahu, que afirmou ter “planos para Gaza após o fim da guerra”. O chefe do governo israelense esteve no entorno de Gaza, junto às forças de ocupação, e inaugurou uma “pedra fundamental” de um novo assentamento colonial. O serial-killer Netanyahu anunciou até mesmo o nome da área de invasão: Ofir, em homenagem a Ofir Libstein, que foi “prefeito” do assentamento colonial de Sha’ar Hanegev.
A política de colonização por assentamento é a base do Estado ilegítimo de Israel, fundado a partir de invasões e do despejo de mais de 700 mil civis – no que ficou conhecido como “Nakba” (em árabe, “catástrofe”), a partir de dezembro de 1947. O projeto expansionista avançou até restarem ao povo palestino apenas dois pequenos territórios sem ligação por terra: a Cisjordânia, ao lado do Rio Jordão, e a Faixa de Gaza, maior prisão a céu aberto do mundo, onde Israel controla a entrada e saída de pessoas, seu acesso à água, abastecimento e energia elétrica, em uma reprodução dos campos de concentração nazistas.
Atualmente, a política de anexação por assentamentos ilegais é mais forte na Cisjordânia, onde o governo colonial israelense paga e arma colonos (grileiros) para despejarem famílias palestinas de suas residências, terras e negócios.
Os criminosos que roubam as casas palestinas vêm de várias partes do mundo, mas, atualmente, sobretudo dos Estados Unidos, Canadá e Europa.
Ao povo palestino, que sequer tem direito a suas próprias Forças Armadas, restam poucas opções de resistência. Sobre este tema, citamos o líder negro muçulmano Malcolm X, que mobilizou a luta contra a segregação racial nos Estados Unidos no século XX: “Nós declaramos o direito de viver nesta terra como um ser humano; de ter nossos direitos respeitados; de receber os direitos humanos nesta sociedade, nesta terra, nestes tempos; que pretendemos trazer a resistência por qualquer meio necessário”.
Desde sua autoproclamação , Israel viola resoluções da ONU e regras estabelecidas pelo Direito Internacional. Seu projeto colonial supremacista nunca respeitou regras estabelecidas pela ONU e por suas instâncias. Hoje, graças à evolução tecnológica, o caráter assassino do regime israelense é mais evidente, pois não há formas de esconder seus ataques a escolas, hospitais, mesquitas, igrejas e residências de civis. As mentiras sobre bases do Hamas são cada vez mais grotescas e insustentáveis, chegando a haver postagens apagadas pelas forças de ocupação.
Nós nos levantamos e convidamos o povo sul-mato-grossense a se levantar contra o regime de apartheid israelense, que impede a livre circulação de cidadãos palestinos e seu acesso a serviços básicos. Nos levantamos contra o regime que mantém centenas de crianças sequestradas e aprisionadas em cárceres da ocupação, e que detém civis por erguer a bandeira de seu próprio povo.
Contra o regime que, além de exterminar o povo palestino, também tem praticado a limpeza étnica da população de origem armênia em toda a Palestina, sobretudo em Jerusalém, e que auxilia a ditadura azerbaijana a realizar o despejo em massa do mesmo povo armênio.
Contra o regime que pratica esterilização à força e em massa de judias negras de origem etíope. Um regime que prende e violenta jovens judeus ortodoxos que se negam a servir seu exército de ocupação.
Defendemos a autodeterminação do povo palestino, inclusive por todos os meios admitidos no Direito internacional pela Resolução 37/43 das Nações Unidas, de 1982, que descreve a luta armada como legítima frente a forças armadas estrangeiras e coloniais. Repudiamos as ações terroristas do regime israelense e conclamamos a população a se juntar à luta por uma Palestina livre, sem ocupação estrangeira e sem ataques à dignidade humana de seu povo.
Palestina Livre do Apartheid e do Genocídio.
Campo Grande, MS – 4 de dezembro de 2023