Página 13 conversou com Valter Pomar, membro do Diretório Nacional (DN) do PT, para saber do posicionamento dos membros do DN na votação do recurso sobre a aliança eleitoral aprovada pelo Diretório Municipal de Belford Roxo (RJ). A reunião nacional aconteceu na última sexta-feira, dia 07 de agosto. Pela relevância política, pela repercussão e pelo simbolismo que o tema carrega, entendemos que é importante conjunto dos militantes, filiados e simpatizantes do Partido possam tomar conhecimento do modo como cada membro se posicionou sobre o assunto.
Página 13 – Na última reunião do Diretório Nacional, a instância homologou a decisão do Diretório Municipal do PT de Belford Roxo (RJ), que aprovou apoio ao prefeito Wagner Carneiro, bolsonarista, do MDB, conhecido como Waguinho, para sua candidatura à reeleição no município. Sabe-se que a decisão foi a voto. Qual foi o placar exato no Diretório?
Valter Pomar – Então, a mesa anunciou que a proposta recebeu 29 votos a favor, 25 contra e 11 abstenções. Portanto, por 29 votos a favor o DN referendou a decisão tomada pelo Diretório Municipal do PT de Belford Roxo. Repare que foi por uma maioria apertada, considerando a margem de diferença de 04 votos, as 11 abstenções e ainda mais os que não puderam estar presentes à reunião. Ou que estavam, mas não votaram. Na verdade, menos de 1/3 do Diretório avalizou este absurdo de uma aliança com um bolsonarista.
Página 13 – Quem se posicionou contra?
Valter Pomar – Os que votaram contra a decisão de apoio à reeleição do prefeito foram, vou citar pelo nome como os chamo: Cícero, Sokol, Gabriel, Misa, Joaquim, Maria do Rosário, Rosane Silva, Tiago Soares, Moara, Vilson, Tássia, Natália, Mariana Janeiro, Sheila, Lucinha, Jandyra, Humberto Costa, Michele, Júlio Quadros, Cida de Jesus, Ricardo Ferro, Misiara, Raul Pont, o Patrick Araújo do poadcast. E eu mesmo. Detalhe: poderíamos ter sido 26, pois o companheiro Rui Falcão certamente votaria conosco, como já havia votado na CEN contra este absurdo, não votou porque passou mal logo no início da reunião e teve que se retirar. Ou poderíamos ter chegado a 27 votos, se o companheiro Luís Eduardo Greenhalgh não tivesse se ausentado de parte da reunião, por conta de compromissos profissionais totalmente justificados.
Página 13 – Houve um grande número de abstenção também…
Valter Pomar – Sim, como disse antes, foram 11 abstenções. Segundo ouvi a companheira Gleisi nomear, foram os seguintes companheiros e companheiros que se abstiveram: Luiz Henrique, Paulo Teixeira, Lais Almeida, Zeca Dirceu, Tita Ferreira, Penildon, Zé Roberto, Eric Moura, Juliana Cardoso, Moema e Rosa Rodrigues.
Página 13 – E a pergunta que muitos militantes e simpatizantes fazem: quais foram os membros do Diretório Nacional que respaldaram essa aliança?
Valter Pomar – A mesa anunciou 29 votos a favor da aliança. Acontece que os votos foram colhidos de duas maneiras. As pessoas votavam com a “mãozinha” levantada, usando um instrumento da sala zoom. E ao final, as pessoas que não haviam conseguido levantar a mão (estavam usando celular, por exemplo), elas declaravam o voto através do áudio do sistema. Pois bem: considerando os nomes que a presidenta Gleisi leu em voz alta (os que usaram a tal mãozinha), mais os que falaram seu próprio nome, anotei os seguintes votos a favor do acordo com o bolsonarista de Belford Roxo: Sônia Braga, Gleide, Quaquá, Janaína, Cantalice, Sibá, Zé Ricardo, Dulci, Rosaneide, Sorriso, Márcio Macedo, Quarenta, Enio Verri, Casula, Martvs, Kátia Guimarães, Paola Miguel, Mônica, Mariana Rodrigues, Camila Moreno, Tereza Leitão, Ideli, Sérgio Silva, Zé Guimarães, Paulo Cayres, Zé Carlos, Alyne Soares e Regina. Ressalto que algum nome pode ter me escapado, mas todos os que listei certamente votaram a favor.
Página 13 – Mas contabilizo 28 votos, não foram 29 favoráveis?
Valter Pomar – Sim, sei que falta um nome nesta lista. Possivelmente, é de um companheiro ou companheira que estava na reunião, que passou seu voto de outra maneira, ou que não ouvi sendo dito. Para ter certeza absoluta de quem é o 29, tem que pedir para a CEN a ata. O companheiro secretário-geral Paulo Teixeira, que se absteve, certamente pode fazer isso, inclusive em nome da transparência e do direito que a base do partido tem, de saber como votam e no que votam os seus dirigentes.
Página 13 – Gostaria de dizer algo mais sobre o assunto?
Valter Pomar – Esperamos que a decisão seja reconsiderada, dadas as circunstâncias em que foi tomada, com apenas 29 votos favoráveis num contexto de um Diretório que tem mais de 90 integrantes. Espero que na próxima reunião do Diretório Nacional, marcada para a segunda-feira (17/08), recoloque-se em debate o recurso de Belford Roxo para possibilitar uma revisão da posição, a qual contraria abertamente a definição do próprio Partido sobre o tema das alianças eleitorais, além de ser totalmente equivocada. Aliás, já há um recurso da tendência Avante solicitando isto. E estou certo que dirigentes importantes do Partido estão pressionando neste mesmo sentido. Tudo tem limite. Não dá para falar o que falamos de Bolsonaro e avalizar uma aliança como esta.