Em Minas Gerais, o PT precisa romper com os golpistas

Fernando Pimentel, governador de MG. (Foto: Vanessa Carvalho)

 

Por Roberto Nery*

 

Em 2014, elegemos pelo PT a presidenta Dilma Rousseff e o governador Fernando Pimentel com muita luta dos movimentos sociais e da militância, derrotando Aécio Neves e o tucanato em MG nos dois turnos (ganhamos o governo estadual no primeiro turno e as eleições presidenciais em ambos), batalhando pela continuidade do desenvolvimento social e econômico, da melhora de qualidade de vida do povo e dos programas implantados desde 2003 e pela replicação de tudo isso em MG, com os motes do diálogo e do governo para todas e todos, das Minas e das Gerais.

Desde o primeiro dia após a reeleição da nossa presidenta, vimos um menino mimado não se conformar com o resultado, articulando intensamente com os setores conservadores do parlamento, mídia e judiciário contra o projeto ganhador das urnas. Setores esses inclusive da dita “base aliada”, construída com base em uma política de alianças contra a qual nós da tendência petista Articulação de Esquerda nos posicionamos desde o início, por significar a conciliação com frações do grande capital e os partidos conservadores comprometidos com a retirada de direitos, os interesses imperialistas e a derrocada da soberania nacional.

A coligação com o PMDB, repetida em vários estados, inclusive em Minas, reverberou numa situação onde o PT encabeça, mas não governa e nem tem a palavra final. Isso ficou evidente nacionalmente, quando ao invés de reconhecer o erro e avançar, dobramos a aposta na retrógrada política de alianças, inclusive cedendo em parte ao programa neoliberal derrotado nas urnas ao nomear Joaquim Levy como Ministro da Fazenda e propondo a Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016), possibilitando brecha para criminalizar os movimentos sociais, para citar alguns exemplos. Em Minas isto também ficou claro, inclusive pela falta de comando da Polícia Militar pelo governador.

E mesmo assim, os golpistas precisavam derrubar uma presidenta legitimamente eleita, nem que fosse necessário tirar um motivo da cartola. E consumado o golpe, estão agora fraudando as eleições presidenciais de 2018, impedindo o Presidente Lula de se candidatar, por mais um motivo inexistente e torpe.

Mas como esse é um texto sobre Minas, vamos trazer tudo isso para nossa realidade estadual. Como já disse Marx: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa“.

Se pudermos nos referir à situação em que o Partido se colocou nacionalmente como uma tragédia, considerando que muitos setores do PT (principalmente os majoritários) ainda se iludiam com promessas dos “aliados” – inclusive liberando alguns ministros para reassumir seus mandatos de deputados federais para votar contra a admissão do processo e sendo traídos no plenário, como o emblemático caso do Deputado Mauro Lopes (MDB-MG) –, a situação de Minas Gerais atualmente é definitivamente uma farsa.

Ontem, após o “aliado” Adalclever Lopes (MDB-MG), presidente da ALMG, aceitar o pedido de impeachment/golpe de Pimentel, ouvir do Líder do Governo na ALMG que “a comissão vai arquivar, pois vai prevalecer o bom senso” e ler uma nota do PT de Minas citando basicamente o mesmo, é nada mais que uma grande piada de péssimo gosto que fazem com nossa militância.

A direção do PT-MG cita que vê o quadro com grande preocupação, mas ações de fato pouco são vistas, nem mesmo o Diretório foi chamado para se reunir. Enquanto vemos jornais estaduais falando da irritação dos “partidos aliados” e golpistas com a vinda de Dilma Rousseff para disputa do Senado, ninguém se coloca para responder as claras chantagens do MDB. E a única solução é reafirmarmos, conforme foi aprovado no 6º Congresso Nacional do PT, que não aceitaremos uma política de alianças que não “partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, antimonopolista, antilatifundiária e radicalmente democrática”, ou seja, NÃO ACEITAREMOS PARTIDOS GOLPISTAS! Aceitar chantagens de partidos golpistas e redobrar a aposta pode significar o fim do prestigio que o partido ainda sustenta.

Conforme diz a edição de maio do jornal Página 13, defender o PT é mudar a estratégia! Defender o PT é dialogar com a base e não com golpistas!

“Não é possível fazer mudanças sem profundas rupturas com as estruturas econômicas e políticas através das quais os capitalistas exercem seu domínio. O bom senso pareceria indicar que é hora de rebaixar e moderar. Mas fazer isto seria errado: quando o lado de lá não tem limite, o único jeito de deter o incêndio reacionário é criando uma barreira de fogo.”

 

Em tempo: parabenizo a toda a classe trabalhadora pelo 1º de maio. Precisamos ocupar as ruas e todos os espaços!

VIVA A CLASSE TRABALHADORA!

 

* Roberto Nery é estudante da UFMG, diretor de movimentos sociais da UEE-MG e militante da tendência petista Articulação de Esquerda

 

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