Por Gabriel Araújo (*)
O presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento), foi pivô de um episódio desmoralizante no cenário internacional durante essa semana. Na segunda-feira (26) o político francês afirmou que não estava descartado o envio de tropas de países que compõem a OTAN para fazer parte da guerra na Ucrânia, tendo em vista o estágio de colapso que o lado ucraniano tem entrado a partir das dificuldades de financiamento e fornecimento de armamentos e, portanto de manutenção de sua linha de frente.
O Kremlin rapidamente respondeu afirmando que a resposta a tal iniciativa tornaria o conflito entre a Rússia e os países membros da OTAN em algo que não seria somente provável, mas inevitável.
O mandatário francês foi em seguida desautorizado por diversos outros países europeus que afirmaram não haver consenso sobre a questão, sendo eles: Grã-Bretanha, Alemanha, Suécia, República Tcheca, Polônia, Itália e Hungria.
A Ucrânia vê sua linha de frente desmoronar e os russos realizarem avanços em velocidade significativa. Em paralelo a isso, os países que dão suporte para os ucranianos (EUA e UE) têm dificuldades – assim como a própria Ucrânia – principalmente para produzir munições e fornecer armamentos que os militares ucranianos estão aptos para manusear. E também porque o próprio fornecimento para os ucranianos resultaria em uma condição de escassez nesses países, os colocando em uma posição militar de vulnerabilidade, pois afinal, vai que a bancarrota ucraniana esta mais perto do que parece?
Além dessa dificuldade produtiva e logística, o financiamento para os ucranianos tem se deparado com grandes obstáculos institucionais por conta da impopularidade dessa guerra e o risco de colocar a situação doméstica dos países apoiadores da Ucrânia “bucha de canhão” em situação de desagregação da coesão política interna. Nos EUA o financiamento continua empacado no parlamento e aquilo que foi aprovado pelo conjunto dos países da UE é completamente insuficiente.
Os países da UE estão todos com uma situação econômica complicada, com crescimento do PIB estagnado e beirando a retração. O fechamento do Mar Negro pela Rússia obrigou que a Ucrânia desaguasse seus produtos agrícolas através das rodovias e ferrovias, levando ao descontentamento diversos agricultores, que inclusive na Polônia chegaram ao ponto de impedir que a produção passasse.
A situação no continente europeu está cada vez mais difícil de manter-se estável. A classe operária de todo o mundo deve acompanhar atentamente o desenrolar dos acontecimentos.
Após a ofensiva da Rússia sobre o território ucraniano e a insurreição da população afegã contra a ocupação das tropas norte-americanas de seu país, o mundo já não é mais o mesmo e a estabilidade política do imperialismo vem sendo deteriorada de forma cada vez mais veloz.
As organizações proletárias e democráticas precisam estar preparadas para intensificar esse processo de desagregação do sistema capitalista, até que as condições objetivas para o processo revolucionário estejam em circunstâncias de serem colocadas na ordem do dia.
(*) Gabriel Araújo é dirigente do MNLM e militante petista