Por Valter Pomar (*)
Na briga entre Trump e Biden, eu torço em primeiro lugar pela briga; em segundo lugar, torço pela derrota de Trump, inclusive porque isso aumentará a confusão.
Mas não alimento nenhuma, absolutamente nenhuma ilusão em Biden. Como não alimentei ilusões por Obama, de quem foi Biden foi vice.
Aliás, como não recordar das ilusões em Obama?
O cara era e segue extremamente simpático, reconheço. Mas também virou campeão do assassinato-by-drone, o protetor de Wall Street depois da crise de 2008, capaz de elogiar “the guy”, declarar a Venezuela uma ameaça à segurança dos EUA e dar luz verde para a onda de golpes na América Latina.
Duvido que qualquer pessoa informada desconheça isto, ou desconheça a lista de crimes internacionais cometidos, tanto por governos Republicanos, quanto por governos Democratas.
Democratas que, no passado não muito distante, defendiam oficialmente a segregação racial. E achavam que a KKK não merecia repúdio.
Mas no Brasil existe uma certa esquerda que, frente aos Estados Unidos, está sob efeito do feitiço do tempo, daquele tipo que aparece no filme Groundhog Day.
Essa certa esquerda está torcendo por Biden nas eleições dos EUA, como se Biden fosse um Bernie Sanders. Mas de tudo o que eu tenho lido e visto esta certa esquerda postar, o prêmio “Me engana que eu gosto” cabe, sem a menor sombra de dúvida, para o companheiro Marcelo Freixo, que postou em sua conta a imagem abaixo.
A vitória de Biden não é a vitória da democracia, nem a garantia do futuro do planeta. É correto querer derrotar Trump, mas é um erro imenso atribuir ao seu oponente qualidades que não são suas.
(*) Valter Pomar é professor da UFABC e membro do Diretório Nacional do PT