Por Fausto Antonio (*)
Micoteatro: autoria negra e máscaras brancas ou personagens brancos na cena.
Quadro único
Personagens brancos:
Mico ou Mito (tanto faz)
Mãe
(Fala da mãe do Mico ou Mito para abrir a apresentação )
Mãe
( Discurso sério e direto)
Micoepigrafia rachadinha na geração do clã ou quadrilha.
(Com ênfase e sem máscara)
Mito ou Mico
Sem rachadinha, mãe, não há geração de renda e nem do mito-mico familiar!
Mãe
( Com certo orgulho)
Não é obra do acaso.
(Confessa para o público exibindo a outra face ou dupla face)
É quadrilha!
Mico ou Mito
(Auto apresentação)
Sou fruto do inesperado; não esqueça que sou totalmente contra a ciência, porra!
Mãe
(De modo cuidadoso)
Calma.
Mico ou Mito (Furioso)
A senhora está me desacatando. Vamos mudar de assunto. Quero saber da rachadinha, pois foi lá que tudo começou, não foi ?
Mãe
(Meio indignada)
Mico ou Mito , você está me ofendendo!
Mico ou Mito
( Aos berros e com certa autoridade )
Deixa de frescura, porra!
(Retomando o fio central do discurso)
Mãe, no passado, rachadinha era aquilo ou aquela raspadinha ou peludinha. Hoje, com a moderna rachadinha bolsonarenta, extorsão e quadrilha, ninguém associa aquilo ou aquela com a boa ideia.
Mãe
(Constatando os fatos)
Fim dos tempos!
(E com a dupla face)
Mas não o fim da quadrilha
Mico ou Mito
(Num tom de confissão e pureza)
Sim, fim dos tempos, mãe. Hoje
a entrada na rachadinha gera 51 imóveis.
Mãe
(Ar de interrogação ou se fazendo de besta)
Gera como, Mico ou Mito?
Mico ou Mito
(Firme e didático)
Gera de modo abençoado, até a mãe entra na rachadinha.
Mãe
( Com certo receio)
Não há um traço de misoginia na sua visão de rachadinha, meu Mico ou Mito?
Mico ou Mito
(Furioso)
Porra! Não me enche o saco! A questão e que “ela”, a mãe que gerou os filhos da rachadinha, é a santa da molhadinha-rachadinha, entendeu?
Mãe
(Resignada e com medo)
Sim, ela deixou, Mico ou Mito, de ser perseguida para ser protegida; mamãe está certa?
Mico ou Mito
(Feliz e afetivo)
Até que enfim me apareceu uma mulher inteligente!
Mãe
(Eufórica e contente) Obrigada, Mico ou Mito.
Mico ou Mito
( Encerrando a conversa)
Eu defendo, mãe, a família , a propriedade e a religião do dinheiro vivo, lembra? É, defendo não a perseguida, mas somente a santa da molhadinha-rachadinha, que amolece a lavagem de dinheiro e goza na corrupção e das eleitoras e dos eleitores brasileiros (as).
Mãe
(Palavra final e com ironia)
Ainda bem, Mico ou Mito, assim a minha rachadinha, que é nossa, ficará protegida no altar de 51 imóveis e longe ou bem distante da boa ideia.
(*) Fausto Antonio – poeta, escritor, dramaturgo e professor da Unilab – Bahia