Na Bahia, a esperança é vermelha: um PT militante e com nova estratégia

 

Página 13 divulga artigo de autoria de Mateus Santos, militante do PT Bahia e da tendência petista Articulação de Esquerda.

 

Na Bahia, a esperança é vermelha: um PT militante e com nova estratégia

Mais do que modificações na direção partidária, o 7º Congresso do PT se constitui numa oportunidade singular para as discussões acerca da estratégia e do tipo de partido que queremos. Em níveis municipais, estaduais e nacional, petistas dos quatro cantos do Brasil darão suas contribuições para a construção partidária, num momento histórico talvez dos mais adversos já vividos pela maior legenda de esquerda na América Latina. Neste sentido, cada etapa da construção é vital para definir qual o rumo do PT para os próximos tempos. A Bahia possui um papel muito especial neste caminho, não somente por ser um dos maiores Estados do país, mas por ser uma janela fundamental para a discussão estratégica em todos os níveis apresentados.

Como nos demais estados do Nordeste, do ponto de vista eleitoral, a Bahia apresentou uma reversão da tendência nacional. A difícil eleição de 2018, responsável por uma das maiores derrotas na história da esquerda após a redemocratização, teve ao menos nos números baianos um princípio de continuidade. O eleitorado desse Estado majoritariamente elegeu o governador Rui Costa, numa proporção de 3 para 4 votos válidos, além de ter dado à Fernando Haddad mais de 70% de votos no Primeiro Turno, nível muito semelhante daquele atingindo por Dilma em 2014. Diante de tal desempenho, baianos e demais nordestinos foram considerados como parte de uma verdadeira cadeia de resistência ao governo Bolsonaro, numa expectativa de termos governos estaduais que fizessem o enfrentamento ao aprofundamento golpista em nível nacional.

A mesma eleição em nível estadual também representou o avanço dos setores de centro-direita e direita no governo estadual e nas demais estruturas políticas que ligam esse Estado à Brasília. Resoluções contra associações aos setores golpistas não tiveram validade na Bahia. Sob o legado do lulismo e a bandeira petista, vários parlamentares que apoiaram integralmente ou parcela das medidas golpistas foram reeleitos e hoje fazem parte direta ou indiretamente da base que apoia Bolsonaro nas reformas estruturais, que aprofundam as desigualdades e nos encaminham para um retrocesso cada vez maior. Diante disso, a leitura de grande vitória em 2018 acaba por ganhar maior complexidade, demonstrando como um êxito eleitoral não necessariamente é um ganho político, no sentido de acúmulo de forças.

Ainda sobre a conjuntura vivida pelo PT nessa unidade da federação, os rumos do Palácio de Ondina também devem fazer parte de uma reflexão sobre o partido que desejamos. Discursos favoráveis à Reforma da Previdência, ainda que com ajustes, condenação de uma greve por “partidarismo” e o recente episódio do convite à Bolsonaro por “educação” evidenciam um desacerto entre a concepção do governo e a conjuntura vivida. Num momento onde a tarefa de ordem é a reorganização da classe trabalhadora e, no caso da Bahia, a transformação de um desempenho eleitoral significativo em força política para a reconstrução de um projeto de transformação social, nenhum flerte com o bolsonarismo pode ser admitido, afinal este não é um mero adversário, mas um inimigo que deseja nos derrotar definitivamente.

Diante de questões internas e externas, nacionais, estaduais ou municipais, o PT baiano se encaminha para discutir seu futuro. 2019 não será meramente um pré-jogo para 2020 ou 2022, mas um marco na história do petismo na Bahia.  Para que possamos pensar em voltar a construir um verdadeiro projeto de Brasil, dos trabalhadores e para os trabalhadores, é primordial a reestruturação estratégica do PT baiano, tanto nas suas políticas de governo, como também em sua inserção na sociedade. Não se trata apenas do PT que queremos, mas do partido que precisamos para estes tempos difíceis. Uma organização militante, de massas, das ruas, presentes nos mais diferentes espaços de construção social e política. Por isso, não temos dúvidas que a esperança é vermelha e socialista!

 

Mateus Santos é militante do PT-BA.

 

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