Nota da Coordenação Nacional Sindical da Articulação de Esquerda sobre os casos de violência de gênero e assédio no SINTERO

A Coordenação Nacional Sindical da Articulação de Esquerda, corrente política que compõe a direção nacional da CUT – Central Única dos trabalhadores – e da CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, vem através desta nota expressar nosso repúdio e indignação diante de fatos gravíssimos que vem ocorrendo no Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Rondônia – SINTERO. Respeitada a autonomia sindical, compreendemos que são necessárias providências urgentes diante da gravidade dos fatos, ainda por se tratar de uma entidade sindical filiada à CUT e a CNTE.

A primeira denúncia que tomamos conhecimento trata-se do episódio de assédio sexual e violência de gênero sofridos por uma dirigente do referido sindicato, cujo assediador é um outro dirigente da mesma entidade, que se encontra detido desde o dia 14 de abril deste ano por ter desobedecido medida protetiva da Lei Maria da Penha expedido pela justiça em favor da assediada.

Frente a tão grave ocorrência, as medidas tomadas pelo Sindicato em proteção e defesa da assediada foram consideradas frágeis por parte da direção do SINTERO que encontra-se dividido quanto aos procedimentos adotados pela maioria da direção do Sindicato.

Em consequência da tomada de posição firme a favor da dirigente vítima de assédio sexual e violência de gênero, a dirigente Luciana Basílio, militante da Articulação de Esquerda, está sofrendo assédio moral e violentas retaliações e perseguição política.

Estas perseguições e violências culminaram na convocação de uma Assembleia no dia 07 de maio de 2025, com pauta única que trata de referendar o remanejamento de cargos da Direção Executiva do SINTERO. Tomamos conhecimento que a referida Assembleia aprovou o remanejamento da Professora Luciana Basílio da Secretaria de Imprensa e Divulgação para a Secretaria de Aposentados e Assuntos Previdenciários.

Consideramos esse episódio de extrema gravidade, primeiro porque a professora Luciana Basílio jamais solicitou tal remanejamento, pelo contrário, foi feito a sua revelia. Segundo, porque quem ocupará a secretaria para a qual a professora Luciana foi eleita é um homem que ocupa a Secretaria de Aposentados e Assuntos Previdenciários, o que caracteriza mais uma forma de agressão e de assédio moral a uma dirigente mulher.

Nós da Coordenação Nacional Sindical da Articulação de Esquerda queremos reafirmar repúdio a qualquer forma de violência de gênero e a necessidade de que a maioria que dirige a CUT e a CNTE se posicione e tome providências para por fim a este círculo vicioso de violências que se ampliam naquela entidade sindical cuja maioria da categoria é composta por mulheres e que tem como presidenta, uma mulher.

É inaceitável que o SINTERO tome medidas que busque proteger os agressores e culpabilizar, penalizar e silenciar as vítimas e suas defensoras.

Esperamos que a maioria da direção da Central Única dos Trabalhadores e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação busquem junto a entidade filiada a resolução de tão graves problemas, para que:

· Haja apuração imediata, rigorosa e transparente dos problemas citados;

· A reintegração imediata da professora Luciana Basilio as suas funções na Secretaria de Imprensa e Divulgação, cargo para o qual foi eleita legitimamente;

· A responsabilização dos envolvidos em atos de assédio, perseguição política ou omissão

· A criação de um canal seguro, independente e eficaz para denúncias de assédio e outras formas de violência institucional que afetem as pessoas nas entidades sindicais.

No aguardo das providências supracitadas.

Pela Coordenação Nacional Sindical da Articulação de Esquerda:

Ivonete Alves Cruz – Secretária de Políticas Sociais da CNTE e integrante da Executiva Nacional da CUT

Jandyra Uehara Alves – Secretária Nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT

Ismael César – Executiva Nacional da CUT e membro do CNDH – Conselho Nacional de Direitos Humanos

Respostas de 8

  1. Infellizmente, nas centrais, federações e sindicatos a misoginia e o machismo rolam soltos
    Basta!

  2. Muito triste que com tanta formação ainda hoje presenciar situações como essas dentro de uma entidade com tantas histórias de luta.

  3. Por essa e outras está na hora exata de mudar muita coisa, inclusive o Estatuto do Sintero para assegurar medidas desse porte. Comissão de Ética é uma das mudanças necessárias no Estatuto. Inadmissível.

  4. Estamos sendo perseguidas não é de hoje.
    O mais triste é nossas entidades em silêncio
    Estamos denunciando o machismo, o crime que foi cometido contra mim desde outubro,e teve adesão da maioria da executiva
    E do sistema diretivo em favor do agressor, que mesmo estando preso continua fazendo estragos aqui fora
    Os recados chega todos os dias , olha você tem que mudar ele vai sair da cadeia e não vai deixar barato você está correndo risco isso sem contar com os ataques nos grupos de WhatsApp da diretoria contra nós.

  5. É inadimicivel que companheiras, que mulheres, sejam perseguidas, que sejam remanejadas, que sofram com essas atitudes sexistas, misógenas, anti todo tipo de humanidade, chega de joguinho e que atitudes responsáveis ,pois, humilhar as mulheres, pois, uma mulher e humilhar todas as mulheres.E preciso que seja pensado não em acões de vingaça, mas, ações responsaveis.

  6. Muito bem, já estava passando da hora, dos companheiros e companheiras de luta, tomarem uma posição coerente, antiracista, antisexista, antifascista, antimachista, em defesa das mulheres vítimas do abuso e da violência sexual.

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