O 7S e as esquerdas brasileiras

Por Daniel Valença (*)

O Bolsonarismo trabalhou intensamente para criar um clima de guerra no país. Mesmo com a campanha de medo, pandemia e com importantes setores de esquerda desmobilizando o 27° Grito dos Excluídos, partidos de esquerda e movimentos sociais realizaram atos em mais de 200 cidades, sendo o nosso, por exemplo, um dos Gritos mais expressivos que já fizemos em Natal.

Por outro lado, Bolsonaro mostrou força. Quem dava sua derrota como certa e defendia esperarmos outubro de 2022, foi derrotado. Dentre os 20% que ainda o apoiam, há burguesias dispostas a financiar ônibus+camisa+100 reais por cabeça, amplas camadas nas forças repressivas, uma classe média alta – branca, de meia idade e em geral homens – muito mobilizada, e outros setores da população, compondo uma pluralidade de forças dispostas a lutar pela familícia.

Já a direita gourmet – PSDB, DEM, MDB, etc. – , responsável por nos trazer até aqui e que não assinou um pedido de impeachment (registre-se: o PSDB apenas HOJE foi para a oposição, 08 de setembro de 2021),  nos últimos meses buscou alternativas para tirar Bolsonaro da disputa eleitoral, por entender que de Lula ele não vence. Bolsonaro dobrou a aposta e mostrou que ainda tem capacidade de mobilização, apesar do genocídio, da corrupção na compra das vacinas e piora na vida do povo.

A tendência para o próximo período é radicalização. Para nós, não resta outro caminho senão percebermos que estamos em uma maratona, não em cem metros rasos, e que não podemos abdicar da luta pelo impeachment, seja pelos recorrentes crimes deste governo, seja porque, se acreditamos que ele tenta construir um golpe de Estado, quanto mais tempo de gestão, maior a probabilidade de viabilizá-lo.

É dobrarmos nossa organização, mobilização e luta política, para conquistarmos a maioria da classe trabalhadora para um projeto político que interrompa os crimes deste governo, reverta toda a destruição advinda do golpe de Estado de 2016 – o desmonte do Estado, do nosso patrimônio público, a piora drástica nas condições de vida da classe trabalhadora brasileira e construamos, com muita luta e enfrentamento, um país soberano e com bem estar para a sua classe trabalhadora.

(*) Daniel Araújo Valença é professor da graduação e mestrado em Direito da UFERSA; Vice-Presidente do PT/RN

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