Por Lucas Rafael Chianello (*)
Texto publicado na edição de outubro do Jornal Página 13
Após o último PED, que elegeu as direções municipais petistas atualmente com mandato em vigência, em Poços de Caldas (MG), abrimos uma caixa de pandora de um assunto muito delicado: as finanças do diretório municipal.
O então secretário de finanças Mário Vicente Chianello realizou a prestação de contas anuais do diretório junto a Justiça Eleitoral sobre o exercício de 2019, as quais foram julgadas prestadas e aprovadas.
Com a sua morte, foi sucedido pelo camarada Jorge Jabur, que compôs um grupo de contribuição mensal sugerido pelo secretário-geral Tiago Mafra.
Entretanto, devido a um bloqueio judicial, tornou-se definitivamente público que o diretório municipal tinha duas pendências abertas com outras prestações de contas anuais à Justiça Eleitoral, quais os valores e as implicações jurídicas e políticas pela inadimplência.
Soube-se também que o partido tinha dívidas com contadoras de mandatos de executivas municipais anteriores.
Após hercúleo esforço da camarada Cacá D´Arcadia, também advogada do diretório em questões eleitorais, o refinanciamento da dívida foi acordado judicialmente.
Aliás, a camarada Cacá não só é advogada do diretório como uma sumidade em direito eleitoral.
Mas quem está pagando a conta após o acordo judicial?
Militantes fizeram suas contribuições e junto do valor de contribuição mensal pago pelo vereador Diney, conseguimos dar entrada no financiamento e obter a certidão negativa da Justiça Eleitoral.
Os desafios ainda são grandes.
Temos de pagar as dívidas anteriores e terminar o longo parcelamento eleitoral, além de arcar com a mensalidade da contabilidade e da assessoria jurídica.
Terminada a pandemia, o diretório precisará alugar uma nova sede para alocar seus pertences, sede essa perdida por falta de mobilização da contribuição militante.
Além disso, sempre é necessário um dinheiro em caixa para promover as atividades políticas.
Se é fato que as finanças são naturalmente um assunto incômodo e desgastante, também é fato que elas se tornam mais leves quando divididas e propostas com todas e todos, de modo que a formação coletiva sobre sua importância e necessidade leva a soluções que envolvem todos e divide o fardo.
Outra situação constrangedora, que acontecia em Poços de Caldas, era a inadimplência da militância para a participação em encontros, congressos e PEDs, quando em diversas oportunidades a maioria dos votos locais ia para quem pagava a conta.
A partir do momento em que a própria militância local passa a contribuir para financiar o diretório, ele automaticamente deixa a situação de vulnerabilidade e o debate torna-se estritamente político, como deve ser.
Nesse sentido, já somos um exemplo para diversas cidades da região, que foram rebaixadas ao status de comissão provisória devido a falta de financiamento militante.
Ainda que os desafios do futuro sejam enormes, do ponto de vista financeiro, o diretório de Poços de Caldas iniciou uma importante estruturação para superá-los a partir de seu financiamento.
Em terras sulfurosas, de suma importância para a gestação da fundação do PT na greve local de metalúrgicos em 1979, podemos dizer que já praticamos a máxima de que partido de trabalhadores é financiado por trabalhadores.
(*) Lucas Rafael Chianello é advogado, jornalista, membro da DEAE/MG e vice-presidente do diretório municipal de Poços de Caldas (MG).