O exército colocou a granada no bolso da CPI

Por Valter Pomar (*)

Pensamento positivo é apresentar como meio cheio o copo meio vazio.

Lembro, por exemplo, de algumas reuniões onde quem perdia a votação apresentava a notícia assim: X membros votaram pela linha justa.

Ontem tivemos uma dessas: segundo uma otimista fonte, “quatro generais defenderam a prisão de Pazuello em reunião do Alto Comando neste domingo”.

Como é óbvio, o fato é: o Alto Comando não prendeu Pazuello, mas sim o passou (retroativamente) para a reserva. Algo parecido fizeram com o cavernícola, quando este resolveu agir como bombista.

Apenas parecido, pois neste caso o principal objetivo do Alto Comando é apagar suas digitais nos crimes cometidos por Pazuello. Como o próprio disse ele estava na Saúde cumprindo uma missão. Qual missão, basta ver o número de óbitos.

Ao passar Pazuello para a reserva, a cúpula do exército também colocou uma “granada” de efeito moral no bolso da CPI.

Ao tirar de cena um dos pretextos adotados por quem resistia a mandar para o “xilindró” um depoente mentiroso, a cúpula das forças armadas deixa o ônus todo nas costas dos ilustres parlamentares.

Vamos ver se a CPI faz a coisa certa. Ou se prevalece a posição de que, mentiroso ou não, criminoso ou não, na reserva  ou não, os generais merecem tratamento VIP.

E quem não mexe com Pazuello, como vai mexer com quem respaldou seus crimes enquanto general da ativa??

(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT

 


(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.

 

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