Por Valter Pomar (*)
Tem gente achando que o pequeno público nos atos do MBL neste 12S significaria uma pá de cal na “terceira via”.
Discordo.
O verdadeiro MBL (Movimento nem Bolsonaro nem Lula) inclui um quarto elemento.
Refiro-me à direita neoliberal tradicional, por exemplo o MDB, o DEM e o PSDB.
O sonho de consumo de quem defende a “frente ampla” é que estes partidos – e os setores da classe dominante por eles representados – aceitem defender o impeachment e/ou se comprometam a apoiar Lula, no primeiro turno, no segundo turno ou no governo.
A preços de hoje, ontem e anteontem, não há sinal algum de que isso ou aquilo possam vir a acontecer.
A direita neoliberal tradicional segue temendo que o processo de impeachment paralise as reformas neoliberais.
E a direita neoliberal não quer contribuir para a reversão das “conquistas” de 2016-2021, o que eles acham que aconteceria em caso de vitória de Lula.
Por isso – a preços de hoje – eles preferem um acordo com Bolsonaro e, ao mesmo tempo, tentar construir uma alternativa eleitoral que derrote Lula (já que entendem que o cavernícola está marcado para perder).
Portanto, o verdadeiro MBL (Movimento nem Bolsonaro nem Lula) tem mais bala na agulha do que esta turma que foi às ruas no dia 12 de setembro.
E a esquerda não deveria subestimar nem Bolsonaro, nem a direita neoliberal tradicional.
Que inclusive podem novamente se unir contra nós.
(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT