Por Valter Pomar (*)
Ainda não terminou o ato convocado pelo MBL & aliados na Avenida Paulista, em SP capital.
Até agora o público presente é modesto.
Outros atos (como o do Rio) tampouco tiveram grande assistência.
Isto posto, já é possível adiantar algumas conclusões.
A primeira delas: é positivo para a luta pelo impeachment que o MBL & aliados façam manifestações de rua pelo impeachment.
A segunda delas: a esquerda fez muito bem em não participar de um ato deste tipo, cheio de faixas “nem-nem” e outras barbaridades do gênero.
Para ser exato, a maior parte da esquerda não participou.
Mas teve gente de esquerda que decidiu ir, sujeitando-se a situações como a retratada na foto abaixo:
Entre os que decidiram ir, temos o Orlando Silva (do PCdoB), que fez um discurso revelador, que pode ser conferido aqui:
https://www.facebook.com/disparada.com.br/videos/628843001860278/
Numa passagem deste discurso, Orlando Silva afirma o seguinte: “eu estou muito feliz de poder estar Paulista (…) não importa que a minha opinião sobre economia, sobre privatização, é diferente da opinião de quem está aqui o que importa é que eu e todo mundo aqui defende a democracia”.
Na mesma linha foi Ciro Gomes, que disse que todos ali são “diferentes”, mas apostam na “liberdade e o direito do povo se organizar e construir seu futuro”.
Não se trata apenas de demagogia de palanque.
Trata-se de uma “tese” que fundamenta a versão maximalista da “frente ampla”.
Uma coisa é dizer que todos ali defendem o Fora Bolsonaro e o impeachment.
Outra coisa é dizer que a esquerda e MBL defendem a “democracia” e o “direito do povo”.
Não defendem não.
Nem defendem os direitos do povo, massacrados pelo neoliberalismo que o MBL sustenta.
Nem defendem a democracia (exceto para quem esqueceu do que aconteceu no país nos últimos anos).
MBL e Bolsonaro agora podem se odiar, mas têm o mesmo background no que diz respeito a democracia.
E a esquerda não pode colocar sua azeitona nesta empada podre.
(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT