Logo após as eleições, a militância petista de Salvador recebeu via imprensa a notícia de um acordo da futura bancada de vereadores do PT de Salvador de apoio ao vereador carlista Geraldo Júnior para a presidência da Câmara de Vereadores. Candidato da prefeitura à presidência da Câmara, o apoio do PT e de outros setores da esquerda à candidatura de Geraldo Júnior criam um forte clima de candidatura única e “unidade republicana” com a bancada carlista.
Tal apoio, de forma apressada e sem o devido debate, se configura num grave erro da bancada do partido. Não houve a apresentação desse debate no diretório municipal, movimentando-se sem orientação partidária e sem a opinião da direção, além de tudo, desconsiderou-se que estamos em campo oposto a ACM Neto que preside o DEM e é apoiador do golpe e integra o governo Bolsonaro. A bancada com essa decisão queimou a largada e se antecipou de forma equivocada no tempo do debate.
Além disso, tal acordo inviabiliza uma estratégia de enfrentamento sistemático e dificulta o diálogo com nossas bases políticas, uma vez que um espaço importante de apresentação de nossa agenda para a cidade se torna palco de discussão de (cargos) cadeiras em mesa diretora e participações incipientes em comissões específicas. Em vez de realizarmos duro enfrentamento enquanto oposição, criamos um clima de unidade e de fortalecimento do bloco do governo.
O argumento de que o carlista Geraldo Júnior vai democratizar a Câmara e permitir a participação popular é uma falácia, pois tanto ACM Neto quanto Bruno Reis representam o poder econômico que determinam as prioridades de investimentos na cidade que contrariam os interesses populares e mantêm a exclusão social da grande maioria dos que moram e trabalham em Salvador.
Nossos resultados eleitorais esse ano já demonstraram o esgotamento da estratégia de conciliação. A Bahia, que era apontada como um “caso de sucesso” de tal estratégia, trouxe para o PT estadual uma série de problemas e alimentou partidos de direita dando a estes plena capacidade de insurgirem-se contra nós. Para que possamos virar esse jogo, é necessário que mostremos à população uma imensa disposição para lutar pelo nosso projeto de sociedade em cada um desses espaços e na defesa e expansão dos direitos do povo. Além disso, devemos apresentar uma alternativa de projeto e agenda de desenvolvimento para a população que seja capaz novamente de aglutinar as forças sociais ligadas à classe trabalhadora. Nesse sentido, consideramos que o PT precisa realizar oposição dura a ACM neto e seu sucessor e acordos como este confundem e desmobilizam nossa base social.
A tarefa prioritária do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras é construir um amplo movimento popular em Salvador de oposição ao carlismo, que lute pelo fim do governo Bolsonaro e pela plena liberdade do presidente Lula.
Por uma candidatura do campo de esquerda! 🚩
Saudações socialistas,
Articulação de esquerda
Esquerda Unida