“O quadro político do Partido dos Trabalhadores no Piauí” como ponto de pauta da reunião do Diretório Estadual do PT

Por Sérgio Henrique (*)

A Comissão Executiva Estadual do PT-Piauí convocou reunião do Diretório Estadual para o dia 8 de janeiro de 2024, com a condição de divulgar a pauta 48 horas antes do início, o que em minha opinião dificulta o amadurecimento de um posicionamento de maior fôlego, pois sequer esse tempo foi cumprido corretamente, haja visto que tomamos conhecimento da pauta somente 24 horas antes do credenciamento. Contudo, por mais que a proposta de discussão em sua forma literal seja ampla e demande uma série de discussões prévias nas instâncias municipais, nos setoriais, nas tendências e nos diversos grupos e coletivos que compõem o partido, ousei pontuar alguns elementos que são importantes para a análise do objeto do que deve ser essa discussão para boa parte da militância petista. A proposta desse texto não é fazer prognóstico do crescimento eleitoral do PT nos municípios em 2024, mas sim levantar alguns problemas de organização e mobilização social que, se não forem solucionados, podem resultar em limites para nosso campo na batalha eleitoral contra a extrema-direita em 2026.

Me refiro à deficiência do partido em organizar os setoriais do partido como instrumentos efetivos de relação com os segmentos populacionais que motivam as suas existências na estrutura do partido. O exemplo mais evidente é o fato da Juventude do PT não dispor de uma agenda de formação política e direcionamento do partido para intervenção permanente nas escolas e universidades, que possibilite o diálogo com a sociedade sobre Escola e Universidade democráticas e populares, e assim, acumular força ideológica o suficiente para derrotar o projeto conservador e fascista para Educação, pois o que ficou evidente foi a fragilidade e incapacidade do partido em defender seus quadros profissionais da Educação quando a extrema-direita intensificou os ataques sob a bandeira do Escola Sem Partido.

O exemplo da juventude foi utilizado para tratar da Educação, mas outro sintoma do quadro de desorganização programática do partido é o fato do Diretório Municipal não ter conseguido formular posições definidas sobre as diversas crises de gestão pública na maior cidade do Piauí. Os iludidos que dispensam a comunicação do partido com os diversos setores da sociedade como instrumento de convencimento e adesão política, acreditam que a popularidade do governador, por ser filiado no PT, afetaria diretamente a popularidade do partido perante o eleitorado. No entanto, estes analistas ignoram que a popularidade do ex-governador e hoje ministro Wellington Dias não se materializou em crescimento eleitoral do PT com base no programa registrado nas resoluções dos congressos partidários.

Outro aspecto que não pode ser ignorado é a relação com as bases partidárias que demonstraram lealdade ao projeto petista nos últimos anos e que se veem hoje no dilema entre sair do partido ou ter que votar em quadros políticos que estiveram aliados ao bolsonarismo no período recente. Uma manifestação de resistência a esse processo autoritário, foi a reunião de dirigentes municipais do PT no município de Eliseu Martins, em dezembro de 2023, quando foram discutidos vários casos de ausência de diálogo entre a direção estadual e os diretórios municipais sobre tática eleitoral para as eleições de 2024.

Portanto, é imprescindível que o partido no Piauí formule uma estratégia com táticas que aproximem o partido das bases eleitorais que se identificam com Lula, com as demandas da classe trabalhadora, com as demandas de políticas públicas que venham a garantir direitos sociais, e que apostaram num projeto antagônico ao projeto das frações da classe burguesa que deram o golpe em 2016. Num contexto de crise do capitalismo em nível internacional, e de crise do modelo neoliberal na América Latina, seria estratégico que o Partido dos Trabalhadores nos estados e nos municípios pautasse cada vez mais, alternativas de desenvolvimento sustentável, como forma de propagandear o Socialismo e suas possibilidades de construção.

(*) Sérgio Henrique é Assistente Social e membro do Diretório Municipal do PT de Teresina. 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *