O que mais pode ser feito?

Por Valter Pomar (*)

É dura a vida de animador de torcida.

Na guerra, seria algo equivalente àquele sargento que busca entusiasmar a tropa que está saindo das trincheiras para atacar o inimigo.

Aconteça o que acontecer, o animador tem que manter alta a moral da tropa.

Os animadores têm seu papel na história e grande importância: afinal, tem muita gente que perde achando que ia ganhar, mas é incomum ganhar com ânimo de derrotista.

Entretanto, contudo, todavia, só animação não basta.

Hoje, por exemplo, tem gente explicando que o DataFolha divulgado ontem, 19/10, seria bom para nós.

E seria mesmo, se a eleição tivesse sido ontem e se o resultado 52×48 fosse a votação efetivamente depositada na urna.

Acontece que a eleição é dia 30.

Detalhe que muitos animadores de torcida respondem afirmando que o crescimento do cavernícola está sendo “incremental” e nesse ritmo ele precisaria de muitas semanas para passar à frente.

Acontece que o primeiro turno já demonstrou que os cavernícolas crescem mais do que nós na reta final. Portanto, precisamos ter uma boa dianteira, para funcionar como margem de segurança.

Notem que apesar da crescente mobilização da militância, apesar (ou por causa) das “fake news do bem” e apesar dos tiros no pé dados pelo lado de lá, a margem de segurança segue mais ou menos a mesma.

O que ainda poderia ser feito para ampliar a margem de segurança?

Aqui vão algumas sugestões, todas óbvias:

1/ampliar a mobilização;

2/convocar para a semana final um comício nacional (em que Lula esteja numa cidade, mas fale através das redes para comícios reunidos em todas as cidades do país);

3/organizar a reta final e o dia da eleição, inclusive para que não se repita o ocorrido no primeiro turno;

4/acentuar a defesa da pauta do povo, os interesses dos pobres contra os ricos, da classe trabalhadora contra a elite;

5/enfatizar as medidas favoráveis aos que recebem mais de 2 salários mínimos mês;

6/incluir em nosso discurso, com muito mais ênfase do que foi feito até agora, a defesa do futuro que queremos para o Brasil;

7/mudar a linha dos programas e, principalmente, mudar a atitude no último debate de TV;

8/por último, mas não menos importante, o comando da campanha precisa dizer, sem meias palavras, que estamos correndo alto risco.

A eleição presidencial será decidida por pouco, não por uma fórmula mágica, nem por uma “bala de prata”. E o que pode decidir a nosso favor é rua rua rua em defesa da pauta do povo.

E para isso precisamos, além da maravilhosa militância e dos indispensáveis animadores  de torcida, de um comando que aja como estado maior, não como animador de torcida.

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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