Por Júlio Quadros (*)
O ambiente Político do Rio Grande do Sul também está contaminado pela disputa contra o Bolsonarismo, de um lado; e de outro vive um cenário de aprofundamento e resistência as políticas neoliberais do governo tucano de Eduardo Leite.
O Processo de desmonte do Estado e privatização continua em estágio avançado. A Companhia de Energia Elétrica, a CEEE-D, já foi privatizada e entregue para a Equatorial, propriedade do mega rico Lehmann; Já a CEEE-T foi privatizada esta semana para a RGE.
Não contente em ter entregue para o Capital privado toda a área de Energia, o governador, contrariando uma promessa de campanha, também encaminhou projeto de lei à ASLEG (Assembleia Legislativa) retirando a obrigatoriedade de plebiscito para a privatização da CORSAN, BANRISUL E PROCERGS. Foi aprovado por escassa margem e agora Leite já encaminha para a ASLEG projeto de privatização da Nossa Companhia de Saneamento, uma empresa que teve lucro de R$ 480 milhões em 2020, e que leva água potável para mais de 6 milhões de Gaúchos.
Outra área que tivemos recentemente um enorme retrocesso foi na Agricultura e Ambiental.
Também por projeto de origem do Executivo – PL 260/2020 – Eduardo Leite suprimiu do texto da Lei 7.747, de 22 de dezembro de 1982, a proibição de produtos importados que não tenham autorização de uso em seu país de origem. Um retrocesso enorme em um Estado onde cada vez mais o uso da Soja vai dominando as nossas comunidades do interior, mostrando o compromisso deste Governo com o Agronegócio.
Mesmo no combate a pandemia, o Governo Leite oscilou entre medidas de cautela e prevenção, com medidas resultantes das pressões e interesses dos grupos empresariais. O resultado é que no Rio Grande do Sul mais de 11% da população oficialmente já contraiu o Coronavírus (este número deve ser maior) e já chegamos a quase 33 mil óbitos. O Rio Grande do Sul do Educado Leite está entre os 5 primeiros em casos e óbitos resultantes da COVID-19. (Eduardo ou Educado? Se for “Educado”, deve ser entre aspas…)
Portanto a diferença de Leite e Bolsonaro fica restrita à civilidade, ao terreno dos bons costumes e da boa educação. Na área econômica o projeto de ambos é basicamente o mesmo.
Neste cenário ensaiam-se as primeiras possibilidades de candidaturas para o Piratini em 2022.
O Bolsonarismo arranca com dois nomes: O de Onix Lorenzoni (DEM), que atualmente é Ministro Da Secretaria Geral da Presidência, e o de Luis Carlos Hainze (PP), senador do e figura emblemática do agronegócio.
O MDB ensaia o nome do deputado federal Alceu Moreira, um emedebista com cara e cor do bolsonarismo. Por sua vez o PSDB encaminha os debates no Estado em acordo com as pretensões presidenciais de Eduardo Leite. As composições de Leite e do PSDB obedecerão a lógica nacional do seu projeto e interesses.
A oposição aparece com dois nomes vinculados a partidos mais sólidos, que já governaram o Rio Grande do Sul: Romildo Bolzan do PDT e Edegar Preto do PT. Bolzan, que já foi prefeito de Osório, uma cidade do Litoral Norte, e é atualmente presidente do Grêmio. Poderá ser o palanque de Ciro no Estado, ou um nome para compor numa frente mais ampla. Edegar Preto, que é deputado estadual pela terceira vez, e já tendo sido presidente da ASLEG, é a aposta do PT na renovação e reconquista do Estado. Edegar, que tem origem nas lutas do campo, do pequeno agricultor ao assentado da reforma agrária, hoje dialoga com temas fundamentais da luta urbana, seja no tema do respeito à diversidade e aos direitos, chegando à luta pela preservação do meio ambiente. Outros dois nomes da esquerda lembrados são o de Manuela Dávila (PCdoB) e Pedro Ruas do (Psol).
A esquerda deverá montar uma estratégia para recuperar a sua condição de polarização política do Rio Grande do Sul. Desde que foi instituído o segundo turno, o campo popular sempre contou com o seu representante. Foi assim com Alceu Colares (PDT) em 1990; Olivio Dutra (PT) em 1994, 1998 e 2006; e Tarso Genro(PT) 2002, 2010 e 2014. A única vez que o campo popular se ausentou do segundo turno foi em 2018, apesar do bom desempenho de Miguel Rosseto (PT) que chegou a fazer 20% dos votos válidos.
A possibilidade de polarização programática e social, de ida ao segundo turno e construção de uma vitória dependerá de alguns fatores: o primeiro será fazer o PT de conjunto abraçar a sua candidatura de forma militante, tornando-a conhecida e reconhecida na sua base política e social; o segundo, estabelecer um um vínculo forte entre a candidatura de Lula e de nosso nome aqui no RS, o deputado Edegar Preto; terceiro, o aumento das lutas e mobilizações sociais, sejam as gerais como o Fora Bolsonaro e as específicas; o quarto, reproduzir aqui uma frente com a esquerda unificada política e programaticamente; e quinto, construir um programa que expresse um caminho radicalmente oposto ao que Bolsonaro, no País, e Leite, no RS, vem trilhando. Um caminho onde os defensores do Estado e das políticas públicas; os defensores dos direitos; e os defensores do povo excluído se enxerguem. Um caminho onde as pessoas sejam conclamadas a participar e a reconstruir o Estado do Rio Grande do Sul e o Seu Futuro.
(*) Júlio Quadros é do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.