Por Ary Vanazzi (*)
As manifestações de 7 de setembro, a favor e contra o governo Bolsonaro, reforçam um cenário em que a disputa das ruas será decisiva para o futuro do Brasil.
Não se trata de avaliar os atos de apoio a Bolsonaro apenas pelo seu tamanho ou suposto isolamento político. Mesmo menores que o esperado por alguns, os atos da extrema direita mobilizaram expressivos setores populares e das classes dominantes. O campo democrático e popular não deve cometer o erro de subestimar o apoio que Bolsonaro ainda mantém junto a uma parte da população, nem sua capacidade de mobilização nas ruas e nas redes de fake news.
Em Brasília e em São Paulo, Bolsonaro aprofundou o discurso golpista ao atacar novamente as eleições e afirmar que não mais respeitará decisões do Poder Judiciário. Em outras palavras, a extrema direita tem sinalizado que não aceitará ser derrotada no voto, nem punida na justiça pelos seus crimes. Se não for impedido, Bolsonaro seguirá dando passos em direção a um novo golpe contra o povo brasileiro.
Frente a mais este ataque às liberdades democráticas e à soberania popular, é fundamental a unidade da classe trabalhadora, dos movimentos populares e dos partidos de esquerda pelo Fora Bolsonaro. A realização do Grito dos Excluídos e as mobilizações que temos realizado desde maio deste ano reforçam a importância de uma ampla frente popular que retome as lutas de massas e o trabalho de base nas comunidades.
Ao lado da defesa da democracia, temos que dar conteúdo social e popular ao Fora Bolsonaro, ocupando as ruas com a pauta da vida do povo trabalhador. A miséria, a pobreza e o desemprego nunca foram tão grandes. O povo está cansado de pagar cem reais pelo gás, não ter comida na mesa e ver que o preço dos alimentos não para de crescer.
Nessa disputa não podemos nos iludir com os setores da direita e da grande mídia que agora se opõem ao governo Bolsonaro, mas apoiaram o golpe em 2016, a prisão de Lula e a eleição do genocida. Até porque durante todo esse período houve uma grande unidade entre eles em torno da retirada dos direitos sociais, das privatizações e das reformas neoliberais.
Precisamos adotar uma linha política e um programa popular que seja capaz enfrentar a direita nas ruas e nas urnas. A eleição de Lula e a reconstrução e transformação do Brasil dependem diretamente das nossas lutas de hoje e amanhã. O Fora Bolsonaro é uma prioridade, quanto mais tempo ele permanece no poder menos direitos e liberdades restará ao nosso povo. A hora é agora.
(*) Ary Vanazzi é prefeito de São Leopoldo-RS pelo Partido dos Trabalhadores.