Palpite sobre o debate de 16 de outubro

Por Valter Pomar (*)

Se as pesquisas estiverem certas, Lula está na frente.

Mas se as pesquisas estiverem certas, cerca de metade do eleitorado ativo pretende votar num criminoso.

O único consolo para esta situação é que, visto do outro lado do rio, o panorama é parecido, mas nesse momento pior para eles.

Frente a isso, podemos confiar que esta situação de ligeira vantagem para nós vai permanecer até a apuração?

Na minha opinião, não devemos confiar nisto. Entre outros motivos porque na reta final eles vão atacar com tudo e, por outro lado, as abstenções farão mais falta para nós.

Sendo assim, o que fazer?

Tirante os amoedos da vida, tudo indica que já raspamos o tacho da defesa da democracia. A massa de eleitores que ainda não se decidiu não parece se comover pelos riscos que o cavernícola oferece ao “equilíbrio de poderes”.

Outra alternativa é insistir em que o cara é um monstro: matéria-prima não falta, como se pode constatar pelos escândalos mais recentes (Aparecida, “pintou um clima” etc.). Aliás, confirmando o que dissemos em texto criticando o “janonismo”, a verdade sobre o cavernícola é mais demolidora do que qualquer fake news que alguém possa imaginar.

Entretanto, contudo, todavia, as famosas pesquisas sugerem que atacar a “pauta de costumes” deles pode servir para empatar, mas não parece suficiente para ampliar nossa vantagem. E embora as pesquisas digam que estamos na frente, a prudência (e o ocorrido no primeiro turno) recomendam que lutemos para ampliar nossa atual vantagem.

Tudo indica que para os mais de 32 milhões que se abstiveram, a “questão democrática” não é o centro do mundo. E a troca de acusações não parece comover muito quem acha que “é tudo igual”.

“Resta”, portanto, a pauta do povo: legado, propostas e futuro.

Quem está acompanhando o horário eleitoral “gratuito” percebe que no mix da propaganda cavernícola tem grande peso as promessas sociais. E parece ser isso que tem ajudado o monstro a se manter competitivo.

Salvo melhor juízo – e ao mesmo tempo que devemos seguir insistindo na questão democrática e nas denúncias sobre o monstro que nos governa – é com o arsenal da pauta do povo que precisamos atacar com tudo o cavernícola.

Desmascarar seu governo e suas políticas; apresentar mais e melhores propostas; e principalmente disputar o futuro.

A importância que a religião assumiu nesta eleição está ligada a isso. Contra a manipulação da fé pela extrema direita, precisamos mobilizar a esperança laica e concreta em um futuro radicalmente melhor para o povo brasileiro.

O lado de lá sabe da importância da luta ideológica nessas eleições. Para eles, trata-se de uma batalha “espiritual”. E embora se trate em boa medida de uma batalha contra a legião do espírito de porco, para ter maiores chances de vencer devemos invocar algo vintage, mas sempre inspirador: despertar em parte dessa massa que se ausentou do primeiro turno o poderoso sentimento de que trabalhador vota em trabalhador.

Como diriam os Jedi: que a força esteja com Lula!

(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT

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