Por Valter Pomar (*)
Como disse uma vez o camarada Aparício Torelly, “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”.
Mas o PCO exagera, como se pode ler aqui: Valter Pomar: palavra da Febraban vale mais que provas – Diário Causa Operária (causaoperaria.org.br)
Sobre o mérito, o texto do PCO não acrescenta nada de novo aos argumentos que já foram apresentados, com muito mais honestidade, por outras pessoas.
Assim sendo, me limito apenas a comentar algumas passagens onde o PCO adota o método nazi-sionista: mentir descaradamente.
Primeira passagem: o PCO escreve que “segundo Pomar, a verdade estaria com Israel”.
Como sabe qualquer um que tenha lido ou ouvido eu falar a respeito, isto é pura e simplesmente falso.
Segunda passagem: o PCO escreve que “o fato de que nenhum dos supostos estupros cometido (sic) pelo Hamas foi provado e de que, por outro, estupros contra palestinos tenham sido comprovados não tem a menor importância, segundo o dirigente da Articulação de Esquerda”.
Como sabe qualquer um que tenha lido ou ouvido eu falar a respeito, isto é pura e simplesmente uma mentira.
Terceira passagem: o PCO diz que eu estaria “admitindo” que “não é necessário provar absolutamente nada nos casos de crimes envolvendo mulheres. Com um típico identitário, para fazer demagogia com as mulheres, Pomar quer estabelecer que basta a palavra de uma mulher para condenar automaticamente um homem”.
Como sabe qualquer um que tenha lido ou ouvido eu falar a respeito, isto também é uma mentira.
Repito aqui o que já escrevi noutro lugar: o número de crimes contra a mulher é muito maior do que o número de denúncias, entre outros motivos porque é muito difícil condenar e provar, o que não quer dizer que o crime não tenha sido cometido.
Portanto, peço ao Tico do PCO que explique ao Teco do PCO que, na maioria dos crimes, não há condenação, muito menos automática.
Quarta passagem: o PCO diz que eu não vejo “estrago nenhum casado (sic) pelo identitarismo”.
Basta ler a frase de minha autoria, que o PCO reproduz logo em seguida, para constatar que não é essa a minha opinião.
O que eu escrevi é que “na longa lista daquilo que causa ‘estrago’ em nosso país – incluindo aí a violência contra as mulheres em geral e contra as mulheres negras em particular – o ‘identitarismo’ seguramente não ocupa os primeiros lugares”.
Tico, por favor explique ao Teco: se eu disse “não ocupa os primeiros lugares”, então reconheço que causa algum estrago, o que é totalmente diferente de “estrago nenhum”.
Quinta passagem: o PCO diz que eu sou um “identitário”.
Como o PCO se acha marxista, é compreensível que achem qualquer coisa dos outros.
Mas confesso que acho terrível ler a seguinte afirmação, feita pelo PCO: “o identitarismo está destruindo o País”.
Esta frase poderia ter saído da boca de alguém da extrema-direita.
Seja lá o que entendamos por “identitário”, não dá para falar que ele estaria destruindo o país.
A verdade é um pouquinho diferente: quem está “destruindo o país” é o imperialismo, o agronegócio, o capital financeiro, a classe dominante.
Sexta passagem: “Graças aos identitários, hoje os sionistas podem acusar pessoas como o jornalista Breno Altman de ser racista!”
O sionismo é racista. E faz tempo que uma das táticas do sionismo é acusar seus inimigos de antisemitismo, portanto de racismo. Os sionistas fazem isso, não “graças aos identitários”, mas graças ao imperialismo e graças à sua força própria.
Sétima passagem: o PCO diz que eu “admito” que “o mesmo tipo de campanha histérica que foi feita com Silvio Almeida já foi feita, com muito mais intensidade, em outro período, para preparar um golpe de Estado”.
Obviamente, eu não admito isso.
O que eu disse é que julgamento penal é uma coisa, julgamento político é outra.
E que “a condenação política – tão fácil neste ambiente de denuncismo e de redes antisociais – pode criar um ambiente que dificulte, objetivamente, o direito à defesa”; mas que “também pode ocorrer da não condenação política obstaculizar o devido processo, em prejuízo das vítimas, como ocorre no caso do presidente da Câmara dos Deputados, sem falar de outros cidadãos ilustres”.
Aliás, falemos de Artur Lira. O cidadão é acusado. E usa seu poder para pressionar Deus e todo mundo. Vide o que está ocorrendo, hoje, com o deputado Glauber Braga. Denunciar o uso da máquina e do poder bruto, por parte do Artur Lira, para se proteger das acusações de violência contra a mulher, seria “identitarismo”?
Por fim: eu não sou a favor da “condenação política” antes da “condenação no devido processo”. O que sou “a favor” é de compreender que são duas esferas autônomas, a do processo penal e a do “processo político”.
É exatamente por isto que Lula, corretamente, demitiu Silvio Almeida. Isto foi uma necessidade política, não uma condenação penal. Outra medida seria possível? Claro que sim. Seria a melhor? É preciso provar. Dado os acontecimentos, penso que Lula fez certo.
Textos como o do PCO só reforçam esta minha opinião. Afinal, uma posição correta não precisa ser defendida com mentiras.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT