O PT do estado de São Paulo está chamado a tomar importantes decisões no processo do seu 7º Congresso Estadual. Vivemos tempos de guerra. E em tempos de guerra é fundamental não vacilar diante do inimigo e saber que precisamos concentrar o máximo de nossa força e energia em batalhas que serão decisivas para o futuro da classe trabalhadora em nosso estado.
Defender o PT e o nosso legado será a tarefa central do próximo período. A luta por Lula Livre concretiza esta perspectiva e deve ter papel centrar na atividade do Partido, intimamente colada às mobilizações sociais nas ruas contra os ataques aos direitos sociais conquistados por décadas de lutas das classes trabalhadoras.
Mais que nunca é hora de ganhar as ruas, as fábricas e as periferias, e ao fazê-lo precisamos reinventar nosso Partido, reconquistar a confiança em nós depositada pela classe trabalhadora e recuperarmos a capacidade de encantar as novas gerações forjando um Partido sintonizado com as demandas e anseios da juventude.
Tarefas desta magnitude exigem uma imensa capacidade de construção coletiva, diálogo e disposição de luta. Desde 2005, a Articulação de Esquerda vem defendendo que o Partido dos Trabalhadores aprove e implemente uma nova estratégia. Esta nova estratégia deve ter por objetivo disputar o poder, não apenas o governo. Deve basear-se na auto-organização, mobilização e consciência da classe trabalhadora, não em alianças com setores da classe dominante. E deve ter como objetivo realizar reformas estruturais na sociedade brasileira, numa direção socialista.
Em qualquer caso, desde 2005, mais notadamente depois do segundo turno de 2014 e seguramente depois das três fases do golpe ocorrido entre 2016 e 2018 (impeachment/prisão de Lula/eleição), houve uma alteração profunda nas condições estratégicas que nos permitiram vencer quatro eleições presidenciais seguidas e governar o país por 13 anos.
A classe dominante redirecionou sua ação, retomando a sua forma tradicional de fazer política, sem espaço para conciliações, com um recrudescimento dos ataques às condições de vida das classes trabalhadoras, impondo uma derrota histórica à estratégia de conciliação de classes implementada pelo PT até então.
Esta postura agressiva e ofensiva das classes dominantes teve forte incidência no estado de SP, que sob vários pontos de vista se constituiu no “quartel general” do golpismo. Este processo culminou com a vitória eleitoral de Dória, um tucano ultraliberal associado às forças da extrema direita bolsonarista, talhado sob medida para os objetivos do grande capital de aprofundar e mudar de patamar a obra de destruição que o tucanato paulista vem implementando há mais de duas décadas em nosso estado.
Em 2018, o PT teve seu pior desempenho eleitoral em décadas, retornando ao patamar dos anos 80. Trata-se da dupla consumação da derrota de uma estratégia e de uma derrota estratégica, que se expressou no terreno eleitoral, mas que tem raízes em processos sociais mais profundos. Em grande medida, a velha estratégia que foi derrotada no golpe de 2016 foi gestada e difundida para o país a partir de São Paulo.
Aqui sofremos grandes derrotas políticas e eleitorais nos últimos anos, aqui se concentraram os grandes enfrentamentos entre as classes, aqui o grande capital jogou e joga suas cartadas decisivas. Mas aqui também estão forças expressivas das classes trabalhadoras que lutam e resistem ao golpe. Não obstante, o PT SP não se apresentou à altura dos desafios do período, seguindo sob a direção de uma ampla coalizão de forças internas, hegemonizadas na prática pela CNB, capaz de constituir uma maioria formal e manter a tradicional “ordem das coisas”, porém incapaz de revolucionar o funcionamento partidário a partir de uma nova estratégia. Lamentavelmente, esta maioria assim conformada se negou até mesmo a aceitar a realização de prévias democráticas com a participação do companheiro Elói Pietá para a definição da candidatura do PT ao governo do estado de SP em 2018, interditando o debate com as bases partidárias.
É fundamental, portanto, que o próximo presidente do PT-SP atue numa perspectiva diferente, aberta à pluralidade das forças partidárias e à valorização do debate político qualificado como método privilegiado da construção da unidade de ação do Partido nas diferentes esferas da sua atuação. Sempre, e agora mais que nunca, é preciso lembrar que nossa história é feita também pelo trabalho anônimo de milhares de militantes, filiados e simpatizantes petistas que acreditaram no sonho de um Brasil justo e soberano.
É hora de resgatarmos e cultivarmos estes sonhos. Precisamos de uma direção partidária representativa desta perspectiva de lutas. É nesta perspectiva que apresentamos a chapa “Em tempos de guerra, a esperança é vermelha em SP”.
E os signatários desta chapa apresentamos aqui o nome d0 companheiro Licio Lobo como candidato a presidente do PT-SP. Acreditamos que o companheiro Licio Lobo reúne as qualidades e o perfil necessário para coordenar o trabalho do nosso Partido no estado de SP neste momento fundamental da nossa luta.
Petista de primeira hora, identificado com a construção das nossas gestões em posições estratégicas, foi secretário de habitação e governo nas gestões petistas de Diadema nas décadas de 80 e 90. Arquiteto e urbanista de profissão, é mestre em Planejamento e Gestão do Território pela UFABC, tendo desenvolvido extensa atividade profissional na gestão pública e na assessoria técnica aos movimentos sociais. Militante partidário desde o início da década de 80, foi dirigente do PT Diadema em diversas gestões, sendo atualmente o secretário de formação política do Partido na cidade. Foi membro da Executiva Estadual do PT-SP e participa ativamente do debate político no Partido.
O companheiro Licio Lobo certamente contribuirá com sua experiência para a construção da unidade partidária e para a presença ativa do PT nas lutas sociais em todas as regiões do estado. Para reatar com a confiança depositada pelos trabalhadores em nosso projeto, será importante despertar em cada trabalhadora e cada trabalhador a chama da esperança, combater o descrédito na política que é inoculado diuturnamente pela mídia, defender nosso legado e estar aberto ao novo que é trazido pelas lutas das novas gerações.
Estamos certos de que estas são contribuições fundamentais que o companheiro Licio Lobo poderá cumprir no papel de presidente estadual do PT-SP.
Subscrevem os membros da chapa EM TEMPOS DE GUERRA, A ESPERANÇA É VERMELHA EM SP