A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda aprova a seguinte resolução, como subsídio ao debate que o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores fará no dia 16 de outubro de 2023.
1/desde os anos 1980, o Partido dos Trabalhadores apoia a luta do povo palestino contra a opressão colonial que sofre por parte do Estado de Israel, apoiada pelos Estados Unidos e por outras potências imperialistas;
2/também desde os anos 1980, o Partido dos Trabalhadores apoia a chamada “solução dos dois Estados”, ou seja, a existência do Estado da Palestina e a existência do Estado de Israel;
3/o maior obstáculo a existência do Estado da Palestina vem do Estado de Israel, que não cumpre nenhuma das resoluções da ONU, assim como não cumpre nenhuma das promessas que firmou com a Organização para Libertação da Palestina, nos chamados Acordos de Oslo;
4/embora haja setores do povo palestinos contrários à existência do Estado de Israel, não é a existência nem as ações desses setores que explicam, nem tampouco justificam, as posições colonialistas e sionistas atualmente hegemônicas em Israel. A cronologia dos fatos mostra o contrário: quando a OLP aceitou firmar os Acordos de Oslo, o “estado profundo” de Israel operou para inviabilizar a Autoridade Palestina, empurrando crescentes setores da população palestina para o desespero e alimentando alternativas mais radicais, que serviam de pretexto para o endurecimento das posições de Israel;
5/na Palestina, desde sempre o PT mantém relações partidárias unicamente com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e relações diplomáticas com a Autoridade Palestina. Não concordamos com atos de violência contra civis, venham de onde vierem. Por isso, condenamos os assassinatos de civis cometidos tanto pelo Hamas, quanto pelo Estado de Israel. Mas nossa condenação contra estes atos de violência não implica em desconhecer a diferença qualitativa que existe entre a violência dos povos colonizados e oprimidos e a violência dos Estados e governos colonizadores e opressores;
6/repudiamos com todas as nossas forças a atitude hipócrita de governos, meios de comunicação e partidos políticos, inclusive alguns autoproclamados de esquerda, que repudiam o “terrorismo” quando praticado por palestinos, mas são cúmplices do “terrorismo de Estado” praticado pelo Estado de Israel;
7/a operação que Israel promove contra a faixa de Gaza é inspirada na mesma lógica adotada pelos nazistas contra os judeus. Trata-se de uma “solução final”, baseada na premissa de que os palestinos não são humanos e podem ser alvo de punição coletiva. Declarações recentes de integrantes do gabinete ministerial, do primeiro-ministro e do presidente de Israel são explícitas a este respeito. Por isso, quem apoia e quem se cala sobre o que está ocorrendo em Gaza é cúmplice de genocídio e crimes de guerra: assassinato em massa de civis, bombardeio de hospitais e instalações da ONU, corte do fornecimento de energia elétrica, água e alimentos, impedindo corredores humanitários;
8/saudamos a coragem de judeus, cidadãos ou não de Israel, que tem vindo a público denunciar a ação genocida do Estado de Israel;
9/conclamamos o governo brasileiro a redobrar os esforços, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, por um cessar fogo, pelo cumprimento das resoluções da ONU, especialmente as que garantem a existência do Estado da Palestina. O Brasil, como país que já foi colônia, têm especial obrigação de apoiar a legítima resistência contra a dominação colonial;
10/o ataque de Israel contra Gaza pode ter desdobramentos gravíssimos, tanto no âmbito regional quando mundial. Os Estados Unidos, seja por razões eleitorais, seja por razões estruturais advindas de seu declínio, têm interesse numa escalada bélica. De nossa parte dizemos: o mundo não precisa de mais guerras. O mundo precisa de paz;
11/a militância petista deve contribuir na organização, convocação e mobilização das atividades em defesa da paz, em defesa da solução dos dois Estados (Palestina e Israel) e em defesa dos direitos do povo palestino a uma vida pacífica e com soberania nacional.
Palestina livre!