Resolução sobre o PED

Página 13 divulga resolução da direção nacional da tendência petista sobre o Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores presvisto estatutariamente para ocorrer  em 2023; porém há proposições para que os mandatos das atuais direções sejam prorrogados.

Tendo em vista a consulta que nos foi feita, em nome da CNB, acerca da proposta de prorrogação dos mandatos das atuais direções partidárias, a direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda debateu e decidiu:

-reafirmar a posição adotada anteriormente, qual seja, a de defender a realização do PED em 2023;

-a vida interna do Partido, o bom funcionamento de suas instâncias, o debate aberto entre os militantes, os processos deliberativos e eleitorais internos, são parte essencial da vida partidária;

-é evidente que nossa vida interna está muito debilitada. Muitos diretórios deixaram de existir, outros funcionam com muita precariedade, temas importantes não estão sendo debatidos da maneira adequada. Prorrogar os mandatos seria prorrogar esta situação até 2025;

-em função das debilidades referidas acima, em muitos locais os diretórios estão sendo substituídos pelas executivas, estas por alguns dirigentes, as vezes tudo centralizado na presidência. Esta situação é intolerável para um partido que se pretende democrático e de massas;

-centenas de milhares de pessoas se engajaram em nossas campanhas em todo o país. É importante filiar estas pessoas ao PT. A realização do PED em 2023 permitiria a essas pessoas entrar no PT já exercitando pelo menos um aspecto da nossa democracia interna;

-é fundamental renovar os diretórios municipais em todo o país, inclusive para nos preparar para as eleições municipais de 2024;

-na maioria dos estados brasileiros, enfrentamos governadores que nos derrotaram nas eleições 2022. Nossas atuais direções estaduais precisam ser renovadas, tanto em termos de composição quanto em termos de linha política, se quisermos dar conta do desafio de fazer oposição àqueles governadores;

-nos estados em que vencemos as eleições, é preciso fortalecer o PT como instância própria, distinta do governo, sob pena do Partido desaparecer como força política autônoma e o poder real no Partido se transferir para a administração estadual;

-desde março de 2020 o DN do PT não se reúne presencialmente. A reunião prevista para 13 de fevereiro de 2023 será nosso primeiro encontro presencial em quase três anos. Parte dos integrantes do DN assumiram outras tarefas neste período e foram substituídos por suplentes. Ademais, não cansamos de lembrar que as resoluções do congresso do PT realizado em 2019 nunca foram publicadas. Não carece dizer, portanto, que estão totalmente desatualizadas. É preciso realizar um congresso ou encontro partidário, com delegados e delegadas eleitas na base, para atualizar nossa linha política;

-não aceitamos o argumento segundo o qual, fazendo o PED em 2023, a correlação de forças não vai se alterar e no final as pessoas eleitas serão mais ou menos as mesmas. Em primeiro lugar, não temos bola de cristal. Em segundo lugar, ninguém aceitaria adiar as eleições bianuais que ocorrem no país, com base nesse tipo de argumento. É curioso como se fala tanto de “estado democrático de direito” mas, quando se trata do partido, se propõe adotar métodos provenientes de outra tradição;

-aliás, questionamos a existência de base estatutária para este proposto adiamento;

-neste momento, em que tem início um novo governo, em que vários companheiros e companheiras assumiram tarefas administrativas, um momento em que a direção do partido em todos os níveis está chamada a enfrentar imensos desafios, é ainda mais necessário fazer o PED, para relegitimar, recompor, requalificar nossas direções frente aos desafios do momento.

Em resumo, a direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda votará contra a prorrogação dos mandatos e defenderá a realização do PED em 2023.

 

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