Saiu a revista Esquerda Petista n° 8

Editorial

Com esta, chegamos a oito edições da revista Esquerda Petista, revista que começou a circular em maio de 2014. Tempo suficiente para fazer um breve balanço e apontar alguns desafios.

Comecemos pela Editora Página 13. Antes como agora, trata-se de uma iniciativa editorial da tendência petista Articulação de Esquerda, responsável pelo jornal mensal Página 13 e pela publicação de mais de trinta livros. O financiamento vem da contribuição anual dos militantes da tendência e da venda de materiais, motivo pelo qual o trabalho de edição é voluntário e as tiragens modestas, algo parcialmente contornado pela divulgação simultânea nas chamadas redes sociais.

No projeto da Editora, à revista caberia o debate de maior fôlego ideológico, teórico, programático e estratégico. Um temário que inclui o capitalismo do século 21, o mundo e nossa região; a luta entre capitalismo e socialismo ao longo do século 20; a discussão sobre programa e estratégia, abarcando aí rumos do desenvolvimento e meio ambiente, políticas públicas universais e reformas estruturais; educação, cultura e comunicação na luta por hegemonia; os debates de fundo sobre conjuntura e tática; o balanço dos governos encabeçados pelo PT; as diferentes manifestações da luta de classe: eleições, movimentos e lutas sociais; as questões de gênero, raça e orientação sexual; a análise crítica do conteúdo da mídia; resenhas de livros e outras publicações; o acompanhamento do debate acerca do PT e do conjunto da esquerda brasileira.

Os artigos e entrevistas que publicamos, desde a primeira edição, atendem a este propósito. Mas continua sendo necessário maior esforço para mapear e sistematizar os grandes debates e seus protagonistas, ao estilo do que começamos a fazer nas “cartografas” da esquerda brasileira, do movimento sindical e das revistas marxistas. Este é, certamente, um dos maiores desafios das próximas edições, à medida que facilita o acesso das novas gerações ao debate acumulado e às polêmicas atuais.

Outro dos propósitos da revista é estimular o diálogo com militantes e personalidades que não pertencem à Articulação de Esquerda, abrindo espaço a outras correntes da esquerda brasileira. Este objetivo foi atendido em todas as edições, inclusive nesta em que, por exemplo, publicamos um artigo da secretária de Relações Internacionais do PT, redigido a nosso pedido, e uma entrevista com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Entre o final de 2017 e o início de 2018, a direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda discutirá os desafios futuros da revista. Agradecemos antecipadamente aos leitores que nos enviarem opiniões, sugestões e críticas.

A edição que o leitor tem em mãos vem à luz no mesmo mês que a Revolução Russa faz 100 anos. A Revolução Russa é inseparável da conjuntura internacional da época, dominada pela guerra. Agora como então, a situação do mundo é tensa. Buscamos dar conta disto em vários textos: de Monica Valente sobre a Colômbia; de Wladimir Pomar sobre a China; do presidente da Autoridade Palestina e da OLP, Mahmoud Abbas, sobre a Declaração Balfour; e o de Daniel Valença sobre as ideias de Alvaro Garcia Linera, vice- -presidente da Bolívia.

Também tensa é a situação do Brasil. Tendo em vista nossa intenção de tratar os temas conjunturais numa perspectiva de médio e longo prazo, esta edição traz os seguintes artigos: de Waldeck Carneiro sobre os impactos da reforma do ensino médio; de Ana Lídia e Patrick Campos sobre a juventude; de Jonatas Moreth sobre a concepção do Partido dos Trabalhadores acerca do Estado; de Olavo Carneiro sobre a relação entre capitalismo fnanceiro e “agronegócio” e de Arilson Favareto sobre o futuro das políticas de desenvolvimento rural; e de Daniela Matos sobre a trajetória do MAIS em direção ao PSOL.

Igualmente buscando vincular conjuntura com tendências de médio prazo, esta edição de Esquerda Petista traz uma extensa e muito interessante entrevista, já citada acima, com Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, acrescida de introdução assinada por Jandyra Uehara, também sindicalista e integrante da Executiva Nacional da CUT.

Outra notável entrevista desta edição, por mesclar política, arte, sexualidade e questões de gênero, é com a cartunista Laerte. E mais: o poeta e militante Pedro Tierra comenta um flme que trata do jazz em Cuba; Francisco Xarão, antecipando o Dossiê “Marx 200 anos” que publicaremos a partir da próxima edição, resenha a mais recente edição em português dos Manuscritos Econômico-Filosófcos; e Adriano Santos presta homenagem ao recentemente falecido pensador marxista István Mészáros.

Vale ressaltar que artigos assinados não expressam necessariamente o ponto de vista da tendência petista Articulação de Esquerda.

Aliás, os prazos de “fechamento editorial” desta revista nos impediram de incluir as conclusões do Congresso que a Articulação de Esquerda realizou nos dias 24 a 26 de novembro de 2017.

Este Congresso foi convocado para debater “a estratégia da luta pelo socialismo no Brasil”, título da resolução que está disponível para leitura e cópia no endereço www.pagina13.org.br.

O Congresso da AE incluiu, também, um ato de comemoração dos 100 anos da Revolução Soviética de 1917. Participaram da mesa deste ato as companheiras Sonia Hypólito e Wanda Conti, e o companheiro Clóves Castro, a quem rendemos uma homenagem por sua trajetória militante.

Encerramos este editorial como começamos: se chegamos até aqui, é porque dezenas de milhões lutaram antes de nós. Entre eles, os homens e as mulheres que tomaram o poder na Revolução Soviética de 1917. A cada um e a cada uma, nossa mais profunda homenagem, nosso maior agradecimento e, principalmente, nossa militância para que chegue rápido o dia anunciado por Engels, no livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado: “a sociedade, reorganizando de uma forma nova a produção, na base de uma associação livre de produtores iguais, mandará toda a máquina do Estado para o lugar que lhe há de corresponder: o museu de antiguidades, ao lado da roca de ar e do machado de bronze”.

A editora e os editores

 

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