Saiu o Jornal Página 13 de setembro

Por Página 13 (*)

Está disponível, na íntegra, a mais recente edição do jornal Página 13, de número 245 ( clique aqui para baixar  ). O editorial “Mudar para vencer”, que segue ao final, faz uma análise da conjuntura política e eleitoral e de como as chances de nossa campanha presidencial vencer, no primeiro ou no segundo turno, aumentarão muito se forem realizadas algumas alterações na tática.

O jornal também traz um mapa completo das candidaturas majoritárias do PT e coligadas. A lista apresenta nomes e imagens dos candidatos, os seus respectivos números, os partidos coligados e os nomes das coligações. Da mesma forma, a edição traz imagens e textos de apresentação de diversas candidaturas a deputados federais e deputados estaduais vinculados à tendência petista Articulação de Esquerda (AE).

Por fim, texto de Pedro Pomar discorre sobre os 29 anos da Articulação de Esquerda, que se completam neste mês de setembro. E no bojo destas quase três décadas da tendência, a contracapa traz a apresentação e a ilustração da 2° edição do livro “Socialismo ou Barbárie”, que reúne os documentos e resoluções dos primeiros anos de vida da AE.

BOA LEITURA!

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Mudar para vencer

Faltam poucos dias para o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022. A disputa presidencial segue polarizada entre Lula e o cavernícola. Lula segue liderando, matematicamente continua sendo possível uma vitória no primeiro turno, mas o crescimento do cavernícola e das demais candidaturas fortalece a tendência de a eleição ser resolvida apenas no segundo turno. Sempre é bom lembrar: para a classe dominante e seus partidos (nominais e reais, como a Rede Globo), até mesmo para os setores não bolsonaristas, não interessa resolver a disputa no primeiro turno.

Como afirmamos desde sempre, é necessário preparar o Partido e os setores populares para a dura batalha do segundo turno.

A tentativa de assassinato contra Cristina Kirchner – a quem prestamos toda a nossa solidariedade, contra o lawfare e em defesa de sua vida – e o espancamento do irmão do presidente Boric – às vésperas do plebiscito de 4 de setembro sobre a Constituição chilena – não são raio em céu azul. Pelo contrário, indicam o estado de ânimo da extrema-direita em nosso continente e a necessidade de adotarmos as medidas correspondentes.

No Brasil a situação tende a se radicalizar muito nas próximas semanas, embora o objetivo prioritário do cavernícola neste momento seja o de garantir o segundo turno e buscar vencer as eleições. Por isso e por enquanto, as ameaças de golpe serão “apenas” isso: ameaças, para manter sua tropa excitada, para tentar nos intimidar e para preparar o ambiente para ações futuras que venham a ser adotadas pelos sempre golpistas. Mas nada disso é contraditório, pelo contrário, com o aumento da violência política.

No dia 7 de setembro foi possível mensurar como é forte o engajamento e como é ideologizada a linha da extrema-direita: neoliberal, anticomunista, neofascista. Também no dia 7 foi possível mensurar o baixo engajamento militante dos setores democráticos e populares e a facilidade com que nos deixamos envolver com polêmicas diversionistas.

Foram importantes algumas das manifestações realizadas no dia 10 de setembro, mas ficou comprovado que elas não podiam ter sido utilizadas como pretexto para desmobilizar o Grito do dia Sete.

As chances de nossa campanha presidencial vencer, no primeiro ou no segundo turno, aumentarão muito se forem realizadas algumas alterações na tática. Ademais, tais alterações contribuirão muito para enfrentar os meses seguintes à eleição e os desafios do futuro governo. Por outro lado, se não fizermos estas alterações, a vitória segue sendo possível. Mas neste caso, sem as necessárias alterações, também cresce a possibilidade de ocorrer o indizível. Repetimos: a eleição não está ganha, o resultado não está dado.

Para aumentar as chances de vitória, faz-se necessário que a campanha presidencial não dependa tanto como agora da presença física do companheiro Lula. Ademais, é preciso superar a situação atual, em que grande parte de nossas energias está consumida pelas campanhas proporcionais e, em segundo lugar, pelas campanhas majoritárias estaduais. Embora todos falem de Lula e busquem se beneficiar do prestígio de Lula, a campanha presidencial propriamente dita só assume caráter de massas quando Lula está fisicamente presente (vide os recentes comícios). Isto precisa mudar: a campanha precisa ter caráter de massas também onde Lula não está fisicamente presente. Para isto é preciso ter coordenação da campanha Lula funcionando efetivamente nos estados e municípios, material específico de campanha e agendas diárias nos locais de trabalho, de estudo, de moradia, de lazer, de compras, de transporte.

O fato dos comícios com Lula serem potentes e o fato das pesquisas nos colocarem a frente não deve nos iludir: precisamos de muito mais campanha. Como as pesquisas estão demonstrando, o cavernícola está recuperando algum espaço e as demais candidaturas exibiram crescimento. Isso se enfrenta e se supera principalmente com campanha corpo-a-corpo, buscando o voto das camadas populares.

Para ampliar nossas chances de vitória faz-se necessário, óbvio, o engajamento efetivo das candidaturas proporcionais e majoritárias estaduais. É preciso registar que várias candidaturas majoritárias de outros partidos formalmente aliados ainda não se engajaram. Uma vez que se decidiu adotar a tática de “amplas alianças”, então é preciso cobrar engajamento real e efetivo dos demais partidos e de suas candidaturas, em favor de Lula.

Por último, mas não menos importante, para ampliar nossas chances de vitória faz-se necessária uma mudança na linha política. Estão cada vez mais evidentes os limites da tática adotada até agora, fortemente influenciada por posturas incorretas tais como “virar a página do golpe de 2016”; depositar grandes expectativas em alianças com setores da direita; abrir mão de candidaturas majoritárias em diversos estados; confiar nas chamadas instituições; priorizar a disputa dos setores médios e do “centro democrático”; apostar tudo na comparação do presente com o passado, dando pouco espaço para apresentação de propostas de futuro; subestimar o inimigo e achar que Al Capone será derrotado por uma linha “paz e amor”.

A mudança na linha política não passa por mimetizar ou fazer concessões a posições do inimigo, por exemplo o primeiro-damismo ou as que desrespeitam o caráter laico do Estado.

Não basta retomar o jingle de 1989: é preciso retomar o espírito combativo presente naquela campanha, bem como nos segundo turnos de 2006 e de 2014. Não basta ampliar sem polarizar; é preciso ampliar polarizando.

Neste sentido foi correta a linha geral da declaração feita pelo companheiro Lula no final da tarde do dia 7 de setembro. Esta linha de confronto deve ser também a linha da campanha. Devemos apostar tudo na mobilização e na conscientização popular, na politização e no confronto programático, no desmascaramento do cavernícola, de seu governo e de suas políticas. Esta linha política de polarização é fundamental, inclusive, para mobilizar as pessoas cotidianamente em favor da campanha.

Cabe a direção nacional do PT e à direção nacional da campanha tomarem pulso da situação e fazer imediatamente as correções de rumo necessárias. Evidentemente, não é hora de fazer balanço dos erros cometidos: do que se trata é de realizar mudanças práticas e imediatas na orientação da campanha. Há tempo para mudar e há tempo para vencer.

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda


(*) redacao@pagina13.org.br

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