A disputa da UBES como parte da luta pela educação pública Brasileira

Por João Vitor Meireles Fernandes (*)

Com a proximidade do 45 ° Congresso da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), necessita-se a produção de uma análise sobre a atual situação da educação pública no Brasil. O número gritante de 9 milhões de alunos que evadiram a escola esse ano nos alerta para os rumos que a educação pública está seguindo.  

Podemos apontar alguns fatores para essa evasão, como pandemia do covid-19, a implementação do modelo de escola integral sem a garantia de permanência, a adesão de jovens a empregos informais cada vez mais cedo, falta de políticas públicas educacionais efetivas, entre outros. 

Sabemos que com a volta do presidente Lula para o terceiro mandato, foram reativados  algumas políticas de incentivo no campo da alimentação escolar, acesso à tecnologia, transporte e renda, reativando o ciclo básico de funcionamento da escola, porém na atual situação só o funcionamento básico da estrutura escolar não garante a permanência dos alunos. 

Cada vez mais nossos alunos são atingidos por problemas psicológicos, falta de perspectivas de empregos, não conhecimento do espaço universitário, como opção de ascenção através da educação pública, fatores que nos mostram que é necessário que políticas públicas mais robustas sejam reivindicadas. 

Vamos observar o exemplo do programa Mais Educação, dos governos da Presidenta Dilma. O governo destinou grandes investimentos nos setores transversais da educação dentro do ambiente escolar como cultura, profissionalização, pré-vestibulares, acesso à ciência e tecnologia, esporte, garantindo a permanência e um novo horizonte de possibilidades de formação e carreira, oferecendo uma perspectiva real de planejamento de vida.  O programa Pé de meia tem uma grande importância hoje nesse incentivo à permanência, porém precisamos estar atentos pois no momento grande parte dos jovens não conseguiram ter acesso ao programa, dificultando sua universalização. 

E por isso que disputar os rumos da UBES se tornou uma tarefa vital para esquerda do partido e a educação pública. A UBES é uma das poucas entidades que ainda tem acesso ao ambiente escolar, e não tem como mudar a situação atual sem o diálogo com os estudantes, sobre a situação atual e o acesso a informação sobre os programas do nosso governo. 

Disputar a UBES tem que ser prioridade para o Partido dos Trabalhadores tendo em vista a renovação de nossas bases populares. Não foram poucos os esforços do movimento estudantil na luta contra o fascismo Brasileiro, que a cada dia amplia suas bases sociais (igrejas, canais de comunicação, movimentos maciços de ruas) enquanto estamos resguardamos a fazer a defesa do governo. O resguardo tem que acabar, precisamos ir para o enfrentamento. 

A aproximação de jovens ao congresso da UBES deve ser feita com responsabilidade e disciplina, não podemos se resumir a uma juventude cultural (somos comunistas de Esquerda, marxistas e cults), devemos investir em projetos que vão trazer mudanças significativas no campo das experiências, como organização de campeonatos de futebol, oficinas culturais, cursos profissionalizantes, pré-enem, grupos de debates sobre saúde mental, entre diversas atividades que causam relações reais.  

Só assim conseguiremos colocar em prática ideias que compartilhamos como marxistas, como organização da classe trabalhadora, universalização do ensino. Só a defesa ideológica de conceitos (muito importante para nossa formação Teórica) não vai garantir nossa vitória.  

Então a missão é clara todo militante que se considera de esquerda e quer construir esse espaço tem que arregaçar as mangas e partir para esse enfrentamento, o enfrentamento de disputar jovem por jovem, e para isso existem espaços já articulados esperando uma ação efetiva de nossa força.  

Sem fazer isso, perderemos espaço para a direita na eminência de um novo golpe, seguido pelo esfacelamento do nosso Partido. Por isso, como juventude não podemos nos entregar ao ócio ou o modo operante do campo majoritário do Partido, que esquece da construção dos movimento sociais e visa apenas os mandatos. É preciso organização para vencer a direita e renovar nossa luta.  

 (*) João Vitor Meireles Fernandes  é professor de História  e Secretário de formação política da JAE Piauí. 

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