A revolução é cultural – JAE rumo à 13ª Bienal da UNE

“Um dia alguém me falou

Que eu cresceria num país tão belo

Tudo verde e amarelo

Todo mundo sincero

 

Um dia alguém me falou

Que eu cresceria num país legal

Todo mundo igual

Nada além do normal

 

Vida, que vida

Será que da vida já não se apanha mais?

Nunca mais a cegueira

Nunca mais a besteira

Nunca mais a asneira

De fechar a porteira

Pra cercar, pra cercar, outro Zumbi”

 Versos de Marmelada, de Margareth Menezes

***

Por Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de Esquerda

Dos dias 2 a 5 de fevereiro de 2023, acontece no Rio de Janeiro a 13ª Bienal da União Nacional dos Estudantes, sob o tema “Um Rio chamado Brasil”. A retomada da Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE vem em um momento histórico muito importante: em 1º de janeiro de 2023, o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência do país para seu terceiro mandato. O retorno de Lula foi possível graças à luta e ao empenho do povo brasileiro, que, mesmo após o golpe, a retirada de direitos e a violência política orquestrada por uma corja de fascistas liderada por Bolsonaro, não se furtou da luta pela retomada da democracia, pela ampliação de direitos e reconstrução dos nossos sonhos e do Brasil. Essa vitória tampouco seria possível sem a importância do Partido dos Trabalhadores, ferramenta histórica do nosso povo, e sem Lula, hoje uma das maiores lideranças políticas de esquerda do mundo inteiro, capaz de mobilizar a esperança da classe trabalhadora, que agora se movimenta por outro projeto de país.

Apesar da vitória eleitoral e da posse de Lula, a conjuntura ainda segue com desafios constantes para a nossa classe – e isto ficou muito evidente durante a invasão de Brasília no dia 8 de janeiro, orquestrada por fascistas e financiada pelo grande capital vinculado ao agronegócio e a outros setores conservadores que não aceitam a derrota de Bolsonaro em virtude da retomada de um projeto democrático e popular de país. Este projeto segue, diga-se de passagem, em constante disputa, e é nosso dever garantir a execução de um projeto de esquerda, que cuide verdadeiramente do povo brasileiro e de suas necessidades e rompa com estruturas e opressões que assolam o Brasil.

Os desafios desse novo momento histórico estão colocados à nossa frente e devem ser superados através da luta popular, do fortalecimento dos movimentos sociais e da auto-organização das mulheres, do povo negro, dos povos originários e tradicionais, dos LGBTQIA+ e dos estudantes, todos, do campo às cidades! É nesse contexto desafiador que a Bienal da UNE vem para cumprir um papel importante: retomar e fortalecer um Brasil de inúmeras culturas, vivências e resistência! A cultura se mantém como um instrumento fundamental da luta política, no movimento estudantil e na sociedade.

Desde o golpe à presidenta Dilma, a cultura no Brasil sofreu duros ataques. Esses ataques se intensificaram a partir da eleição de Jair Bolsonaro, que extinguiu o Ministério da Cultura e, no seu lugar, criou uma “Secretaria Especial de Cultura” dominada por figuras conservadoras da elite brasileira, cujo único objetivo era destruir políticas culturais, atacar as artes e as expressões culturais populares e estimular o conservadorismo no setor cultural. O retrato do governo Bolsonaro em relação à nossa cultura pode ser visto nos acontecimentos do dia 8 de janeiro: destruição de artes, de patrimônios que pertencem a nós e símbolos históricos da construção da brasilidade. Se fizeram isso com Brasília, fazem ainda pior com a arte popular e a cultura negra, feminista, LGBT+, da periferia, dos camponeses, das populações originárias e tradicionais. Desrespeitam a cultura popular e querem, a todo custo, instrumentalizar a arte para o conservadorismo, fundamentalismo e reacionarismo.

É nesse contexto que a Bienal da UNE possui desafios e tarefas gigantescas! A União Nacional dos Estudantes, desde sua fundação, tem sido responsável pelo fomento de uma política cultural democrática e popular, que deve transpassar os muros da universidade e dialogar com a classe trabalhadora brasileira e com todas e todos que sempre tiveram suas culturas e vidas criminalizadas. Nesse contexto de retomada democrática, que caminha a passos lentos diante de toda a herança maldita de Bolsonaro, é papel da entidade ser a força motora capaz de contribuir, através da cultura, no combate ao fascismo ainda presente na sociedade e no fortalecimento de um projeto socialista pelo Brasil inteiro. A cultura é e sempre será uma das trincheiras da nossa luta, capaz de conquistar corações e mentes e pautar a solidariedade entre as pessoas.

A Juventude da Articulação de Esquerda estará presente na Bienal para fortalecer os debates e exigir que a União Nacional dos Estudantes se coloque como um dos principais protagonistas dessa retomada cultural e revolucionária. Com Margareth Menezes, nossa estimada ministra da Cultura, mas também com Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, e outras pastas estruturais, o Brasil tem a chance de retomar e criar políticas culturais que compreendam a diversidade presente em nosso país, solidificando cada vez mais iniciativas artístico-culturais que sejam pensadas por e para a classe trabalhadora. Os estudantes, seja em suas entidades gerais, seja em suas entidades de base, possuem a tarefa de espalhar a cultura popular pelo Brasil, construindo o diálogo entre universidade e sociedade e fortalecendo a arte que vem da periferia. A nossa arma é a cultura e devemos mostrar isso! As vozes da juventude brasileira querem ser ouvidas e, para isto, falaremos em alto e bom tom: vamos ocupar o Brasil com cultura popular!

Acreditamos também que é papel da Juventude do PT fazer frente aos debates e dirigir a União Nacional dos Estudantes nesse processo. Há 10 anos, no Conselho de Entidades de Base/Bienal que ocorreu em Olinda, Pernambuco, a Reconquistar a UNE (como se chamava nossa tese à época) impulsionou, junto com outras forças políticas, a criação do Campo Popular – que foi fundamental para movimentar a União Nacional dos Estudantes. Fortalecer uma nova alternativa de direção a esta entidade histórica, protagonizada pela JPT, é uma tarefa fundamental da juventude de Lula, que tem o papel de defender nas ruas a democracia e garantir a prática e realidade de um projeto de transformações radicais para o Brasil.

A UNE deve ser a ponta de lança na proposição de políticas culturais, na organização de eventos que promovam a cultura popular e no fortalecimento dos debates necessários para a sociedade se libertar de vez da herança fascista deixada por Bolsonaro, pelo capital e pelos militares. Através de auto-organização, de muita luta e da política acertada, é possível reconstruir e transformar o Brasil – e é isso que queremos!

Vamos ocupar a Bienal!

Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de Esquerda, 25/01/2023.

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