Aos defensores da fórmula Lula-Alckmin

Por Marcos Jakoby (*)

Alckmin apoiou golpe de 2016, inclusive liberou as catracas do metrô de SP para os atos coxinhas-golpistas. O fato de ser supostamente um dos “últimos” tucanos a aderir publicamente ao impeachment não o faz menos golpista. Assim como os últimos generais a movimentarem as suas tropas para o golpe de 1964 não são menos golpistas que Olímpio Mourão Filho, que deu início a operação em Juiz de Fora.

Quando, em 2018, a caravana Lula Pelo Brasil foi atacada a tiros no sul, disse que o PT e Lula estavam “colhendo o que plantaram”. Diante da repercussão negativa, no dia seguinte, recuou. Mas o que ele realmente pensava a respeito, já estava dito.

Foi responsável pelo massacre do Pinheirinho e por dura repressão contra estudantes para “reorganizar a educação”, termo utilizado à época para fechamento de dezenas de escolas. É conhecido inimigo dos serviços públicos e das demandas populares. Lembram dos desvios com as fraudes da merenda escolar, que lhe rendeu a alcunha de  “ladrão de merenda”?

Na campanha presidencial de de 2018, disse que “privatizaria tudo o que fosse possível”. No mesmo ano, fez a menor votação da história do PSDB em eleições presidenciais, com 4,7% dos votos.

Ele representa o oposto do que defendemos como projeto para o país. Portanto, é uma aliança que não fortalece uma alternativa política de mudanças, que a maioria do povo anseia, mas pelo contrário, a enfraquece.

Os defensores da aproximação com Alckmin dizem que não podemos fazer aliança somente com os que “são iguais a nós”. Verdade. Mas também não podemos fazer as alianças – que não serão pontuais, mas para disputar eleições e, se vencermos, para governarmos – com quem não tem nenhuma identidade ideológica e programática conosco; e, mais do que isso, que sempre foi um declarado inimigo do povo, do PT  e de Lula. Portanto, um potencial sabotador da política de mudanças do governo e um potencial operador dos interesses das elites e dos EUA dentro do governo.

Alckmin não agrega quase nada eleitoralmente, pois a votação minúscula de 2018 foi feita atacando o PT e o nosso programa. Esses votos em sua maioria não migrarão para uma chapa Lula -Alckmin, mas sim para Moro ou outro candidato da direita, ou até mesmo já estão com Bolsonaro. Por outro lado, poderíamos perder aliados de esquerda e abrir mão de parte do nosso programa que pode ser importante para conquistarmos o apoio de determinadas camadas populares.

Por fim, não queremos somente ganhar as eleições, queremos vencer e governar mudando o país. Alckmin ajuda ou atrapalha? Alguém duvida que o bolsonarismo, o morismo e a direita vão tentar novos golpes no futuro? Queremos um novo Temer?

(*) Marcos Jakoby é professor e militante petista

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *