Balanço proporcionais – Henrique Mascarenhas

Por Ângela Moreira Vitória e Gilson Moura Henrique Junior

A candidatura do companheiro Henrique trouxe de volta aos eventos políticos um conjunto de militantes históricos há muito afastados do cotidiano do PT e construiu filiações novas com destaque para o ex-reitor da UFPel, Pedro Hallal, filiado no PT durante a campanha.

Henrique é militante sindical há 30 anos e filiado no PT desde 82. Foi candidato a vereador em 2020 propondo um mandato coletivo e naquela eleição conquistou 823 votos, ficando como quinto colocado entre os candidatos do PT. A candidatura ajudou a fomentar a organicidade da AE em Pelotas, aglutinou militantes do PT, servidores públicos, militantes da AE, do coletivo dos Livres Atuadores pela Democracia (LAD), da Consulta Popular e do MST. Foi construída importante relação com Adão Preto Filho, militante do MST e candidato a deputado estadual eleito. Mantivemos a linha política radicalizada pela esquerda, defendendo combate à fome, produção de alimentos saudáveis pela agricultura familiar, defesa do meio-ambiente, defesa do SUS 100% público, da cultura popular e local, do PT e com uma campanha colada nas majoritárias. Fizemos campanha nas ruas e nas redes, priorizando bairros mais vulneráveis para as caminhadas onde o apoio ao Lula foi massivo. Em Pelotas, Lula fez 51,8% dos votos. As atividades de lançamento da campanha e as jantas para agregação da militância mantiveram o coletivo vinculado e ativo.

A campanha foi alegre, propositiva, fortaleceu pautas de esquerda e teve como limitação o repasse de recursos extremamente injusto e mal pensado. O resultado foi positivo, atingindo 1992 votos, mesmo sendo abaixo do esperado. Entre os obstáculos esteve a relação frágil com o sindicato do judiciário, onde o potencial de crescimento da campanha poderia ter sido bem maior. Ainda assim, semeou esperanças para o futuro, ampliou capacidade de mobilização, aglutinou militantes há tempos afastados e impulsionou filiações importantes no PT.

Qualquer balanço político sobre a campanha tem que equilibrar-se entre a conjuntura dura para esquerda e as mudanças no cenário político e das mídias.

As campanhas da esquerda e em especial a de Lula e do PT conseguiram uma mobilização rara até para seus parâmetros, ao mesmo tempo que diluíram diferenças programáticas de fôlego contra o cavernícola, em um otimismo róseo contra um fascismo duro unido ao financiamento imoral e ilegal de deputados via orçamento secreto, instrumentalização de igrejas, indústria de fake news e apoio mal disfarçado da mídia.

O resultado presidencial foi ótimo, considerando o contexto histórico pós 2016, mas aquém do ideal e do idealizado. Seu tom ameno permitiu a retomada do antipetismo com a extrema-direita, que jamais deixaria de migrar para o bolsonarismo se preciso para derrotar o PT. Isso causou a derrota de Olívio junto a uma campanha que o despolitizou. Edegar não chegou no segundo turno por focar em Eduardo Leite e não em Onyx.  Nada disso exclui a retomada pelo PT do protagonismo na metade sul do Rio Grande do Sul, com Edegar Pretto  se mostrando competitivo, a eleição de uma bancada jovem e preta para ALERS  , a reeleição da bancada petista  e de Daiana Santos do PCdoB para a Câmara.

O sinal de alerta foi nossa ausência da radicalidade construtiva e trabalhada na nossa tradição ter custado votos que precisávamos para eleger Pretto e Olívio. A política de financiamento fez proporcionais minguarem e desmontaram campanhas que poderiam ter contribuído para as majoritárias.

Não usamos a campanha para fortalecer o partido, com política de filiação, comitês para transformar em núcleos e não contrapomos programaticamente com o fascismo.

Nas redes, nossas campanhas foram despolitizadas e festivas, com estética que esvaziou radicalidades, discurso e estética de autoajuda, com tratamento infantil do eleitor e militância, que causou a frustração coletiva posterior à confirmação do segundo turno. O silêncio do PT sobre o resultado, sem chamada à ação, fez das redes sociais muros de lamentações de adultos em posição fetal.

A infantilização da militância reduz o impacto de uma campanha de rua com uma mobilização rara desde 2016, um resultado eleitoral de fôlego para a metade sul do estado e que derrotou o bolsonarismo nas redes e ruas.

A democracia que defendemos precisa ampliar a presença de indígenas, mulheres, pretas e pretos, disputar de forma mais ampla a juventude, saindo da limitação do movimento estudantil, e mirar na APIB, MST e MTST, que nos mostraram que quem se organiza em movimento, movimenta a novidade.

Bolsonaro ganhou 28 dias para despejar indignidades, e ganhamos os mesmos dias para superar o fascismo. Nosso desafio é transformar a maioria dos votos da metade sul em base militante orgânica com campanhas de filiação e nucleação usando Edegar e Olívio, nos fortalecendo regionalmente e garantindo a eleição de Lula.

(*) Ângela Moreira Vitória e Gilson Moura Henrique Junior são militantes do PT Pelotas

 

 

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