Crítica: Tabula Rasa

Telma Saraiva

Vou fazer alguns comentários sobre à nova série, Tabula Rasa, de suspense psicológico com pitadas de terror como quase assim define a própria propaganda da Netflix. No Guia Mais, do canal Terra, há uma pergunta para chamar a atenção dos telespectadores: Quantas séries ou filmes belgas, nós já vimos? pois é, acredito que maioria de nós simples mortais, quase nem um ou nem um mesmo! A série que foi sucesso na Bélgica não é uma produção Netflix, mas pelo seu sucesso em 2017, teve seus direitos comprados pela mesma e agora faz parte do catálogo das novas séries que foram lançadas e ainda segundo o mesmo Guia, a Netiflix hoje tem mais estreias mensais que a HBO e tem a pretensão de investir mundo a fora em produções próprias. Dito isto, vamos a série!

A série traz muitas inovações tecnológicas e um roteiro de suspense marcante, mas nada de muito extraordinário para o telespectador que foi educado assistindo ao cinema norte-americano, falo de nós aqui no Brasil e boa parte do mundo. Então quem esperava ver cenas longas e estáticas, ou seja, o que costumamos ver em produções estrangeiras, vai se decepcionar. Agora para quem espera ver suspenses e gosta de fazer maratonas de séries, vai sentir uma certa agonia para fazer maratona com Tábula Rasa.

A série apresenta muitos mistérios a serem desvendados, a personagem principal Annemie D`Haeze, conhecida como Mie é interpretada ela atriz e cantora belga Verlee Baetens, que também foi uma das roteiristas e encena uma personagem que sofreu um acidente de automóvel e passa a ter problemas de memória não conseguindo manter a memória recente, e por isso, muitas vezes não consegue distinguir o real do imaginário, apenas relembra todas aas pessoas e sua própria historia de antes do acidente. Esta condição médica da personagem leva o telespectador a viajar junto com a ela pelas suas neuras, alucinações e lembranças confusas, não dando pista alguma do que estará para acontecer no capítulo seguinte. Suspense prometido, suspense garantido na série!

Mas sem querer cometer Spoiler, a série deixa a desejar quanto ao argumento principal do enredo, porque apesar de estarmos em pleno século XXI, onde as mulheres em geral e a sociedade um pouquinho, debate todos os dias o papel da mulher, a força feminina e a educação de nossas meninas, o final da série é uma no grata surpresa para nós feministas de plantão, quando no último capítulo tudo é desvendado e ficamos sabendo que todo o drama, sofrimento e suspenses vividos pela personagem, foi fruto de vingança de uma mulher inconformada por ter sido trocada por outra mulher (Mie). Como feminista ainda custo a entender como uma história que estava indo tão bem, pode ter um final tão clichê machista, e mais ainda tendo como roteiristas duas mulheres. A vida avança, os debates feministas avançam, mas ainda parece ser que a exposição da mulher burra, ingênua e totalmente dependente do amor de um homem ainda está e continuará em alta nos roteiros de filmes da vida, tanto faz se será no Brasil, EUA ou Bélgica. Triste fim de uma grande série e mais triste ainda para as feministas, que como eu, curte um bom suspense.

Telma Saraiva, é Historiadora e artista plástica

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