Em frente com qual frente?

Resolução da tendência petista Articulação de Esquerda sobre frente popular e aliança eleitoral em Campinas-SP

1. Estamos em uma conjuntura de aprofundamento da luta de classes, marcada pela escalada autoritária do bolsonarismo, além dos ataques que retiram direitos do povo feitos pelos governos Doria e Jonas. Agora, entramos no mês de março, período de grandes mobilizações populares. É nesse contexto, que o PT Campinas tem que definir sua tática e política de alianças.

2. Nosso ponto de partida é a criação, em 2015, da Frente Brasil Popular Campinas, uma iniciativa acertada.

3. A FBP Campinas se centralizou pelas questões unitárias nacionais: contra o golpe, contra as reformas neoliberais, em defesa da democracia e em defesa de Lula Livre. Além disso, atuamos também em iniciativas locais, seja na organização de mobilização contra o projeto “Escola Sem Partido”, quanto nos atos de mulheres, nos atos da juventude contra o aumento das passagens, entre outros.

4. Além disso, desde 2016, ampliou-se o diálogo da Frente Brasil Popular com outros setores da esquerda da cidade, como o PSOL, as duas Intersindicais e outras centrais.

5. No final de 2018 foi criada a “Frente Democrática de Campinas”, envolvendo PCdoB, PT, PSOL e PDT. Fruto do ambiente do segundo turno de apoio ao Haddad, manteve algumas reuniões no ano de 2019 e 2020.

6. Em que pese essa “Frente Democratica” tenha um caráter importante na oposição parlamentar, na prática ela tem significado a dispersão e enfraquecimento das agendas antes iniciadas pela FBP. O debate que na FBP era público e amplo, no caso da “Frente Democratica” o debate é apropriado apenas pela presidência e dirigentes destes partidos, e não a totalidade dos movimentos, sindicatos e simpatizantes da esquerda na cidade.

7. Em 2019, as agendas do campo popular tiveram mais dificuldades de mobilização que em outros momentos. Isso não pode ser creditado, tão somente, às questões conjunturais nacionais, mas também aos problemas organizativos sérios na mobilização da esquerda na cidade.

8. Cabe notar que uma frente com o PDT, embora no papel pareça mais “ampla”, na prática concreta restringe nossa atuação e bloqueia grandes ações de mobilização, justamente porque esse partido está historicamente distante do programa que as esquerdas da cidade defendem.

9. Portanto, a Frente Brasil Popular é o espaço fundamental de atuação para o PT, principalmente para a articulação e direcionamento dos grandes atos na cidade. É a partir da unidade programática da FBP que se pode buscar alianças com outros campos da esquerda da cidade.

10. O PT deve priorizar a atuação na FBP e disputar os seus rumos. É preciso construir uma frente de massas de perspectiva classista, de defesa dos interesses da classe trabalhadora.

11. É importante enraizar a relação do PT na frente. Nessa perspectiva, é fundamental a retomada da FBP como um espaço popular e organizativo, nas lutas populares e sindicais, bem como nas lutas pelo direito das mulheres, pelo combate ao racismo, pelas pautas LGBT e nas lutas da juventude e estudantil, pela inocência de Lula. Eis aí flancos importantes para organização e mobilização dos setores democráticos e populares vinculados ao petismo.

12. Nesses tempos de forte crise na cidade, influenciados por toda conjuntura de retrocessos a nível nacional e local, temos que estar preparados para lutar e reorganizar nosso campo.

13. Essa batalha nas ruas, que é tão fundamental, também se reverbera na construção de nossa política de alianças nesse ano eleitoral. Sendo assim, do mesmo modo que a FDC não deve ser nossa prioridade de atuação, o PDT não deve ser considerado aliado partidário em nossa chapa para 2020! Não só pelo passado de gestão na prefeitura da cidade que iniciou o ciclo de sucateamento dos serviços públicos, mas também por seu distanciamento das lutas centrais que a cidade travou desde a época do golpismo em 2015!

14. Assim, reafirmamos a centralidade de reconstrução de uma frente popular que articule movimentos populares, sindicais e partidos de esquerda como PT, PCdoB e PCO, como se constituiu a Frente Brasil Popular Campinas. Além disso, é fundamental ampliar as plenárias organizativas junto a frente Povo Sem Medo, como as Intersindicais, PSOL e outros movimentos populares alinhados a esse campo na cidade.

15. É a partir desse arco de alianças democrático e popular construído na luta concreta da cidade nos últimos anos que deve se basear nossa política de alianças para as próximas eleições. Portanto, deste modo, o diálogo deve ser ampliado com PCdoB, PSOL e PCO.

16. Sabemos que a constituição de uma frente popular na cidade, seja no campo na luta de massas, como nas lutas eleitorais é uma tarefa complexa e de médio e longo prazo, mas que, portanto, tem que ser guiar por uma nova orientação estratégica: de reconexão com a classe trabalhadora e por um projeto democrático e popular para Campinas. Basta de conciliação com falsos aliados que já mostraram seu lado e que não tem nada a contribuir, até porque nada contribuíram até agora.

3 de Março de 2020
Tendência Petista Articulação de Esquerda Campinas

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