Por João Leal (*)
Até quando ?
O desemprego cresce em escala industrial, o país mantém a ultrapassada política de ajuste fiscal e as classes populares são atingida por mais um ciclo de crise na periferia do capitalismo. Isso sem levar em conta a destruição da previdência, que é, simplesmente, o maior programa de distribuição de renda do país.
Para piorar, segundo os dados do último levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 13 milhões de brasileiros estão desempregados, deste total, 4,5 milhões são jovens que têm entre 18 e 24 anos. A falta de perspectiva, aliada a contração da economia, empurram milhares desses jovens para a informalidade e consequentemente para o trabalho precarizado.
Infelizmente já não é mais novidade ver empresas do setor de serviços como Uber, Rappi e Ifood liderarem o ranking de maiores empregadores do país. Há quem enxergue tudo isso com bons olhos e até entenda como uma ótima alternativa frente ao desemprego.
O que esquecem de falar para as pessoas desavisadas que aceitam “colaborar” com os aplicativos, é que o tempo da jornada laboral – além de ser maior – possui condições que chegam muito próximas às de trabalho análogo à escravidão. Fazendo com que o “colaborador” exerça nas entregas um esforço descomunal.
Já parou para pensar, o que aconteceria caso o trabalhador de uma dessas plataformas de serviços, se envolve em um acidente ou fique alguns dias enfermo? Qual seria a posição da empresa em relação a essas duas situações específicas? Bem, em resumo, a empresa não iria se responsabilizar frente a qualquer ocorrido e muito menos faria algum tipo de reparo para ajudar o seu “parceiro”.
A despeito desta breve exemplificação, compreendemos bem quem de fato sai ganhando com toda essa lógica de mais trabalho e menos direitos.
Em casos de extrema urgência, aceitar as migalhas oferecidas pelo sistema parece ser a decisão mais sensata para quem precisa sobreviver, e de quebra, dá uma força no sustento da família.
Mas o questionamento a se fazer diante desta nefasta era da “uberização” é a seguinte, até quando iremos nos ajoelhar, e aceitar as sobras entregue pela burguesia predatória?
(*) João Leal, 22 anos, formado em jornalismo e militante petista de Pernambuco