Por Ronaldo Maia (*)
Texto publicado na edição de janeiro do Boletim P13 LGBT
Iniciamos 2025 com muitos desafios para a organização da luta das pessoas LGBTQIA+, um ano que marca o início da segunda metade do Governo Lula e que será central para a disputa de rumos do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras e também da própria sociedade. Mas, pensar 2025 e o futuro demanda de nós olhar um pouco no retrovisor, fazer um breve balanço do que foram as eleições de 2024, especialmente para nós, LGBTQIA+.
O resultado geral das eleições do ano passado nos colocam diante de várias questões:
1 – O aumento expressivo da participação da direita no processo eleitoral, demonstrando que as ideias conservadoras e bolsonaristas seguem fortes e vivas em grande parcela da sociedade;
2 – A votação significativa dos partidos da direita, que alcançaram a ampla maioria dos votos válidos da população nos municípios brasileiros;
3 – Ao mesmo tempo, um saldo geral preocupante para a esquerda, demonstrando a necessidade urgente de retomarmos e ampliarmos nossa influência sobre a classe trabalhadora, a partir da disputa política, da organização e do trabalho junto aos diversos setores da sociedade.
Sem delongar nesses pontos, que já foram amplamente debatidos nos textos de balanço eleitoral da Articulação de Esquerda, chama a atenção o desempenho das candidaturas LGBTQIA+ que, mesmo diante desse cenário geral tão duro, têm conseguido arrancar vitórias na disputa por mais representatividade, pela ocupação dos espaços da política e pela mudança do perfil das candidaturas em todo o país.
Em 2024, tivemos o melhor desempenho registrado na eleição de pessoas LGBTQIA+ no país: elegeram-se 225 pessoas abertamente gays, lésbicas, bissexuais e trans, um aumento de 130% em relação às eleições municipais de 2020.
É importante destacar o desempenho do PT, que em 2024, foi o partido que mais teve candidaturas LGBTQIA+ colocadas no pleito (155) e também o que mais elegeu (70), demonstrando que, apesar do cenário desfavorável, há um esforço organizativo da militância LGBTQIA+ do partido em avançar na pauta.
Mais que dobramos o número de pessoas LGBTQIA+ eleitas do PT (em 2020, foram 34) e esse é um fato relevante em termos de balanços específicos, pois demonstra que há também uma mudança no perfil eleitoral da esquerda, que tem priorizado votar em pessoas que representam a renovação política e partidária (jovens, mulheres, negros e negras, LGBTQIA+, indígenas).
Contudo, o caminho do arco-íris ao pote de ouro é longo e de muitas disputas, é o caminho de uma vida. Precisamos comemorar os avanços, mas sem ilusões, pois temos muitas tarefas colocadas para o próximo período: precisamos ampliar nossa organização enquanto LGBTQIA+; fortalecer os aspectos de mobilização e luta de massas; debater uma agenda prioritária da diversidade sexual, de modo a pautar avanços no legislativo e também no Governo Lula; incidir sobre os debates da Conferência Nacional LGBT que se realizará este ano e também promover o Encontro Nacional LGBT da AE. É fundamental combinar uma agenda institucional e de rua, que dê conta de disputar as políticas públicas e as mudanças estruturais que defendemos.
Um 2025 de muitas lutas e de grande disposição para as LGBTQIA+! ★
Ronaldo Maia, militante do PT e da AE no Rio Grande do Norte (RN) e membro da Secretaria Nacional LGBT do PT