Quem tem medo do VAT?

Por Valter Pomar (*)

 

Gato escaldado tem medo de água fria.

Este ditado  parece se aplicar à parte da esquerda brasileira que está com medo do movimento que visa acabar com a escala 6×1.

Razões do medo? Variadas, entre elas o trauma que alguns sentem com o que teria, supostamente, ocorrido em 2013.

O medo, dentro de certos limites, pode ser útil. Fora destes limites, gera paralisia.

Mas tem gente que vai muito além do medo. É o caso de Rui Costa Pimenta.

Segundo texto publicado no Brasil 247, o principal porta-voz do Partido da Causa Operária teria dito o seguinte: “O movimento 6×1 tem viés golpista. Já está parecendo revolução colorida (…) “É um movimento coxinha, meio caminho andado para o golpe de estado” (…) “É preciso acabar com essa demagogia disfarçada de luta popular. O 6×1 é pior do que demagogia; é um projeto confuso que pode trazer prejuízos aos trabalhadores e fomentar crises políticas desnecessárias”.

Comprova-se pelas frases acima que há certas coisas entre o céu e a terra que nossa vã filosofia não consegue mesmo entender.

É o caso de um partido “da causa operária” que ataca um movimento pela redução da jornada de trabalho.

As declarações de Rui Costa Pimenta estão aqui:

https://www.youtube.com/live/XciT3E3cEQw?si=5yfKL6o3Tz1aXHFO

Na prática, embora se diga preocupado com o governo e com o PT, o líder do PCO está aliado ao grande empresariado e a seus representantes no Congresso nacional, especialmente os da oposição.

E o governo?

Como de costume, a posição do governo não é a que deveria e poderia ser. E a experiência já demonstrou inúmeras vezes que a tibieza pode ser o pior dos mundos.

E o PT?

O Partido dos Trabalhadores, tanto a sua direção quanto a bancada federal, apoiam a proposta de redução da jornada.

Também como de costume, este apoio (ainda) não se tornou mobilização efetiva, à altura das necessidades. Isto sim precisa ser motivo de preocupação.

Pois o que realmente abre espaço – seja para manipulação da direita, seja para grupos de ultra-esquerda – é a fraqueza da mobilização do campo democrático popular, de que fazem parte, entre outros, o PT, a CUT, o MST, a UNE.

Não apenas a fraqueza da mobilização, mas também a participação desorganizada, que na prática forma plateia para terceiros.

Seja como for, estamos melhor agora do que antes. Há riscos? Sempre há e não devemos subestimar nenhum risco.

Mas na conjuntura atual, o maior risco é não fazer nada. Pois se não fizermos nada, a famosa “correlação de forças” seguirá nos paralisando. Sem falar de certas conversões ideológicas irreversíveis.

ps.as fotos inseridas nesta postagem são de uma faixa levada pelo PT a um ato pela redução da jornada. Na faixa está escrita: O POVO ACIMA DO LUCRO.

(*) Valter Pomar  é professor e membro do diretório nacional do PT

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *