Por Marcos Jakoby (*)
O deputado federal petista, Vander Loubet, responde, em um post no facebook (ao final), às cobranças realizadas por dirigentes nacionais e municipais de Três Lagoas (MS) ao vídeo onde ele manifesta-se pedindo voto para candidata à vereadora pelo PSDB, Cristiane Lopes, mesmo com o PT apresentando chapa própria para a Câmara de Vereadores e disputando contra a direita o voto pela administração da cidade. PSDB e DEM inclusive encabeçam uma chapa nas eleições para a prefeitura do município.
Na resposta, ele diz que sempre segue a orientação partidária. Ataca aqueles que questionam sua postura dizendo que “PT não segue o “centralismo democrático stalinista”, em que alguns se acham iluminados, portadores divinos de verdades históricas às quais todos devem seguir“. O parlamentar, no entanto, esquece que a decisão de ter candidatos a vereador pelo PT na cidade, e compor uma chapa majoritária, é decisão do próprio Partido em seus encontros, reuniões e convenções. Não foi decisão de um ou outro dirigente.
A justificativa para o apoio à candidata do PSDB é de que ela já foi petista recentemente e apoiou-lhe na sua campanha de reeleição em 2018. Diz Vander: “Enquanto filiada e dirigente do PT, sempre apoiou minha atuação parlamentar e foi peça fundamental em articulações que viabilizaram muitas ações e investimentos em prol da população três-lagoense, em todas as gestões municipais pelas quais o município passou desde a minha eleição; Ainda no PT, nas eleições de 2018, apoiou minha campanha a deputado federal, bem como pediu votos de forma aguerrida aos nossos candidatos a governador do Estado e presidente da República”. No entanto, Vander não explica o quê a “aguerrida companheira” está fazendo no PSDB, trabalhando pela vitória da direita contra a esquerda na cidade.
O Estatuto do Partido, em seu Artigo 227, inciso IX, é claro: “constitui infração ética e disciplinar a propaganda de candidato ou candidata a cargo eletivo de outro Partido ou de coligação não aprovada pelo PT ou, por qualquer meio, a recomendação de seu nome ao sufrágio do eleitorado”.
O fato da candidata do PSDB ter sido filiada ao PT e ser apoiadora do deputado não muda o outro fato: o parlamentar está incorrendo em infração ética e disciplinar. E de que sua postura contraria as decisões partidárias e traz efeitos políticos deletérios. Por isso, dirigentes já ingressaram com uma representação na Comissão Executiva Estadual do Mato Grosso do Sul pedindo para que seja instaurado um processo disciplinar para analisar o caso.
(*) Marcos Jakoby é professor, militante do PT e editor do site Página 13
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Segue a resposta completa do deputado Vander Loubet
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Sendo assim, não é com infantilidades, verborragias moralistas e muito menos com intolerâncias que vocês pautarão esse diálogo comigo. Esse debate é complexo e deve se dar nas instâncias internas competentes do nosso partido. Mas, se o caminho que vocês optaram foi esse, é por aqui que também vou me dirigir a vocês.
Minha história partidária de mais de 30 anos de militância e de compromisso com as causas sociais, bandeiras do nosso partido, me permite lembrar a vocês que o PT não segue o “centralismo democrático stalinista”, em que alguns se acham iluminados, portadores divinos de verdades históricas às quais todos devem seguir. O processo histórico de construção do PT nos fez dinâmicos, dialéticos e orgânicos, como toda uma sociedade que se movimenta com seus mais diversos atores.
Por ignorância ou má fé, falam de “uma candidata a vereadora pelo PSDB”. Isso merece a devida correção. Essa candidata tem nome, se chama Cristiane Lopes.
A Cristiane é trabalhadora, foi filiada do PT em Três Lagoas e dirigente do nosso partido. É minha amiga, uma parceira do meu mandato parlamentar. Enquanto filiada e dirigente do PT, sempre apoiou minha atuação parlamentar e foi peça fundamental em articulações que viabilizaram muitas ações e investimentos em prol da população três-lagoense, em todas as gestões municipais pelas quais o município passou desde a minha eleição;
Ainda no PT, nas eleições de 2018, apoiou minha campanha a deputado federal, bem como pediu votos de forma aguerrida aos nossos candidatos a governador do Estado e presidente da República – Humberto Amaducci e Fernando Haddad – em um dos momentos mais difíceis da história do PT.
Para mim, o PT somente poderá voltar a ser a força política que foi se for capaz de dialogar e caminhar com todos os que sonham com um Brasil justo, ainda que com convicções díspares entre si.
Vander Loubet