Rússia, China e o devir sul global

Por  Fausto Antonio (*)

Epigrafia das  convulsões e insurreições populares:

Avultam o caso do Banco Central e da aversão à unidade e à soberania da América do Sul. A  conclusão a  que  chegamos, relevando que a burguesia branca brasileira é contra a soberania  nacional e dos países da América do Sul, é  a  seguinte: é  fundamental um processo insurreicional dirigido pelas ruas.

Rússia, China e o devir  sul global são meios para apresentar o eixo central do encontro entre países da América do Sul. Em concordância com a  política de cooperação e união estratégica convulsionada pelo sul global, a Cúpula de Brasília, realizada no final  de maio de 2023,  sistematizou  políticas para integração da América do Sul. O  eixo articulador e  estratégico foi a  integração.

A união estratégica dos países da América do Sul é, desde sempre no Brasil, atacada pelo sistema de  informação capitalista e poderes burgueses instituídos. A posição tem alicerce profundo com os privilégios internos desfrutados  pela burguesia branca brasileira e, no contexto  internacional, há os privilégios desfrutados pelos EUA e seus aliados.

Desse modo, o imperialismo atua contra a unidade nacional e contra a unidade dos países em escala continental e global. As unidades nacionais são atacadas, de modo sistemático e  contínuo, para assegurar privilégios econômicos e geopolíticos para a OTAN. Entre outros  países atacados pela máquina opressora econômica, política, midiática e  bélica  da composição do Atlântico Norte, há  no alvo central a China e a Rússia.

Os tratados desiguais, os bloqueios criminosos e as guerras promovidas a partir dos gabinetes do Pentágono, CIA e  OTAN  de conjunto são mundialmente enfatizados pelos governos dos EUA e demais países desse bloco. Por  outro  lado, na contramão dos  interesses e privilégios buscados pela opressão atlanticista, Rússia e China, os principais  atores dos BRICS, travam duelos contra hegemônicos em dois polos distintos e complementares.

A Rússia, acossada pelo cerco histórico do império perverso, reage e luta contra a opressão num embate direto  contra a OTAN na Ucrânia. A medida é para  salvaguardar a soberania russa. A China, por sua vez, trava o duelo no concerto de  conversações com as  nações historicamente oprimidas  e, em muitos  casos,  divididas pelo imperialismo. Merece destaque os  esforços da  China, via rota da seda, para fertilizar as relações comerciais  livres, que  implicam diretamente  nas soberanias  nacionais  e  na  autodeterminação das nações emergentes e pobres.

A China promove ainda o encontro político de nações cirurgicamente colocadas em posição de confronto pelos agentes e  agências dos EUA. No caso em foco, vale ressaltar o papel da China no processo de pacificação das  relações  entre o Irã e a  Arábia Saudita, com acordo mediado e assinado em Pequim. A parelha Rússia e China tem incentivado e, sobretudo, possibilitado um levante no sul global, que cresce em uníssono nas  posições relativas ao uso das moedas locais nas transações comerciais.

O dólar, moeda dos EUA, é desnaturalizado como moeda mundial ou universal. A propósito, o dólar, moeda despótica e  universalizante, é base concreta para a manutenção dos privilégios estadunidenses no mundo.Fica  patente que os países do sul global assimilam as políticas anti-imperialismo por meio da experiência histórica  em movimento, e não pela  simples teoria.

O pacto político, o encontro dos países  da América do Sul é um paralelo, tende a se alastrar pelos  países emergentes, que são esmagados pela força bélica e totalitária da OTAN. Dentro desses  contornos, o governo da Nigéria, no  contexto do continente  africano e falando para e  contra  o império, se posiciona totalmente  favorável ao uso das moedas locais e/ou modeladas por uma espécie de federação comum africana.

No mesmo diapasão e continente, a África do Sul, motor  africano nos BRICS, levanta a  voz e  o projeto de  soberania  nacional para comercializar  armas com a Rússia, política que  contraria  frontalmente o monopólio no  comércio de armas feito pela Otan/EUA. É bem didática, no que concerne ao devir sul global.

A  iniciativa de países africanos a  favor  da  paz, é posição antípoda aos movimentos exclusivamente bélicos da OTAN. Em flagrante movimento de oposição à  guerra, lideranças da África do Sul, Zâmbia, Comores, Congo (Brazzaville), Egito, Senegal e Uganda entregaram em Kiev, Ucrânia,  16 /06/2023 e em São Petersburgo, Rússia, 17/06/2023 proposta de mediação da guerra e de defesa de entendimentos voltados à pacificação.

 A  imprensa branca e vira-lata atua  contra soberania brasileira

A  imprensa instituída no Atlântico Norte, com suas  cadeias e redes, é a base orgânica da fábrica de versões falsas e totalitárias  favoráveis aos privilégios econômicos e  geopolíticos dos EUA e das suas províncias na Europa. A  imprensa brasileira, sucursal dessas cadeias e redes de desinformações  localizadas nos EUA e países nucleares do motor europeu da OTAN, segue e repete copiosa e servilmente o pensamento único sintetizado, por exemplo, pela senda da russofobia e sinofobia.

No  contexto imediato e relevando a concordância  com a  entrega do território e soberania  do povo e da nação brasileira, a imprensa se apresenta com uma  capa impermeável antilula e governo do PT e, no plano da geopolítica, cresce a venezuelofobia como ordem totalitária repetida à  exaustão nos jornalões e sistemas televisivos. Existe uma produção totalitária contra o governo Lula. Os  juros extorsivos, defendidos pelo Banco Central e empresas jornalísticas, são exemplares e emblemáticos do pensamento único e/ou totalitário.

Igualmente temos o consumo midiático desse pensamento único em frentes distintas. No consumo, no que tange às recepções contra a integração da América do Sul, as visões totalitárias  contra  a  Venezuela revelam a  força dessa política. Sendo o que é o totalitarismo, por  menor  que  seja a  intervenção de  Lula, a burguesia  branca brasileira, via sistema de informação e parlamentar, imediatamente  se apresenta e se posiciona contra para desqualificá-la. A oposição, fortemente encaminhada e sistematizada pelas  agências capitalistas  de informação, é  a que estimula ou  alimenta a exteriorização do antilulismo, antipetismo e de desintegração do continente.

Sem a atuação cotidiana, tenaz e sistêmica das empresas de informação, a política  para desgastar e paralisar o governo Lula desintegrar os países  do continente não teria sucesso. Sendo assim, atacando Lula, a mídia burguesa branca e o parlamento  unificam a direita e  a extrema direita e, ao mesmo tempo, asseguram a hegemonia ou correlação  de força  favorável ao  projeto  em curso de paralisar o governo petista e, sobretudo, de impedir  o desenvolvimento especialmente da  indústria e soberania nacional.

É preciso, doponto de vista do chão da sociedade brasileira, salvar o programa, os compromissos de campanha  do  governo Lula e empurrá-lo para a esquerda, assim salvamos  a nós próprios;isto é, a classe trabalhadora e o campo negro popular e, no mesmo processo, o governo Lula de golpes anunciados  hoje e que poderão ser enunciados e concretizados  amanhã.

A cúpula  da América  do  Sul 

O  encontro  da  cúpula  de países da  América  do Sul, tal como ocorre  na  arquitetada ordem totalitária  da  venezuelofobia, revelou a posição  fixa e  anti-nacional da burguesia  branca brasileira e dos  seus porta -vozes midiáticos e parlamentares.  Um dado salta aos olhos, cara leitora e leitor, da burguesia branca brasileira, parasitária do rentismo  e prisioneira histórica de exportações primárias, não podemos esperar nada em termos de defesa dos  interesses da nação brasileira.

Umbilicalmente cativa dos  privilégios de classe-raça e território e, na  mesma chave, serviçal ordinária  dos privilégios comandados e canalizados aos  países do Atlântico Norte, a  burguesia e com ela os  seus aparatos institucionais não têm a menor condição de apoiar qualquer projeto nacional, notadamente no que toca à modernização e  ampliação da malha industrial, à pesquisa de ponta e à relação independente e soberana com os países dos BRICS e  assemelhados.

Na linha das instituições, não teremos meios para furar o bloqueio. Avultam o caso  do Banco Central e da aversão à unidade e soberania da América do Sul. A  conclusão a que chegamos, relevando que a burguesia branca brasileira é contra a soberania  nacional e a unidade dos países da América do Sul, é a seguinte: é  fundamental um processo insurreicional dirigido pelas ruas.

Lula, o Brasil e a União Europeia

Em reunião com a  representante da União Europeia, Lula  manifestou discordância  com o dispositivo inserido no acordo Mercosul e União Europeia, que é  profundamente prejudicial aos produtores brasileiros e ao país.  A União Europeia pretende impor, através de dispositivo em acordo, regras desiguais  para o Mercosul.

Na  defesa dos  interesses nacionais e do Mercosul, Lula se posicionou contra o protecionismo, lavrado em dispositivo unilateral, dedicado no acordo  aos naturalizados privilégios consagrados  aos  países da Europa. “Sanções aos produtores brasileiros, sanções comerciais”, segundo o estadista Lula, “contrariam a confiança mútua”, o presidente do Brasil, com palavras aproximadas, não concordou com leis extraterritorias propostas pela União Europeia,  que  impõem restrições às  exportações agrícolas e  insdustriais brasileiras. As  sanções, a  despeito do  verniz  ou tarja de  proteção ao chamado meio ambiente, não terão apoio do governo em  exercício. É o que  inferimos da intervenção firme e  altiva do presidente Lula.

(*) Fausto Antonio é escritor, poeta, dramaturgo e professor  da Unilab – Bahia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *