Está disponível a edição de número 285 do jornal Página 13. Para descarregar o arquivo, basta acessar AQUI. Abaixo, o leitor pode conferir o editorial na íntegra.
BOA LEITURA!
EDITORIAL
Esta edição de Página 13 traz textos de balanço sobre o PED 2025 em Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Traz também um brevíssimo relato sobre o 17º Encontro Nacional do PT e o projeto de resolução do X Congresso Nacional da AE. Assim sendo, dedicamos este editorial a chamar a atenção para o que consideramos ser uma falha na orientação tática proposta pela chapa Construindo um Novo Brasil e aprovada pelo 17º Encontro, a saber: a frente ampla.
A frente ampla construída em 2022 tinha como objetivo derrotar a extrema-direita. O objetivo foi parcialmente obtido. Derrotamos o cavernícola na eleição presidencial, mas a extrema-direita teve ótimos resultados nas demais disputas: Senado, Câmara, Assembleias Legislativas e governos estaduais.
Depois de eleito, Lula escolheu convidar para compor o governo setores que não votaram em nós nem no primeiro nem no segundo turno de 2022. Este governo de frente amplíssima realizou muitas coisas positivas em 2023 e em 2024, mas as pesquisas e as eleições municipais de 2024 demonstraram que a extrema-direita seguia muito forte.
O ano de 2025 começou num ambiente difícil para o governo, como ficou evidente no caso do PIX e do INSS. E, para completar, uma aliança entre a direita tradicional e a extrema-direita questionou o direito de o governo decidir acerca do Imposto sobre Operações Financeiras.
Restou ao governo e ao PT reagir, recorrendo ao STF e acusando o Congresso de defender os ricos contra os pobres. Imediatamente em seguida, o governo foi surpreendido pela decisão do governo Trump de aumentar tarifas e de vincular este aumento à situação jurídica do cavernícola. Novamente o PT e o governo tiveram que reagir em defesa da soberania nacional e atacando a oposição traidora da pátria. Na sequência, o cavernícola foi colocado em prisão domiciliar e a direita ocupou as mesas do Senado e da Câmara.
Politicamente, o saldo desta polarização até agora é positivo para o governo e para o PT. Mas o outro lado da medalha é o crescente desconforto que grande parte do empresariado e da direita exibem frente à situação. Parte desta gente aceitou a volta de Lula em 2022 para impedir a reeleição de um cavernícola visivelmente disposto a restringir as liberdades democráticas, inclusive de uma parte da direita. Outra coisa é apoiar Lula em 2026 no meio de uma batalha contra o governo estadunidense.
Por isso, deve crescer a movimentação em favor de uma “terceira via” que consiga atrair simultaneamente o eleitorado da extrema-direita e a confiança da direita tradicional. Nada garante que eles consigam fazer isso. Mas vão trabalhar por isso.
O que exige do PT se preparar para um cenário cada vez mais provável: o de que teremos em 2026 uma frente eleitoral que será menos ampla do que a de 2022 e menos ampla do que a que (supostamente) sustentou o governo até o final de 2024.
Cabe lembrar, ademais, que a crise não vai esperar as eleições de 2026. A explícita interferência do imperialismo e as provocações do cavernícola exigem resposta imediata. E a data da medição de forças é sabida: dia 7 de setembro. Ou a esquerda coloca povo na rua ou a situação pode evoluir mais rapidamente que o calendário eleitoral.
O fato é que a realidade está falando mais alto. Na luta de classes realmente existente, é muito difícil separar a questão democrática (a tal “luta contra o fascismo”) da questão social (a luta contra o neoliberalismo) e da questão nacional (a luta contra o imperialismo). Veremos se as novas direções partidárias, eleitas no PED 2025, vão se mostrar à altura da situação.
Os editores