Um movimento estudantil para tempos de guerra

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Um movimento estudantil para tempos de guerra

Um movimento estudantil para tempos de guerra

Um movimento estudantil para tempos de guerra

Dos dias 14 a 18 de julho, ocorre o Congresso Extraordinário da União Nacional dos Estudantes. A excepcionalidade deste momento amplia o desafio dos estudantes de construir uma luta forte, constante e unificada.

Por Lucas Reinehr (*)

Dois anos atrás, a Juventude da Articulação de Esquerda apresentava aos estudantes brasileiros a tese “UNE Para Tempos de Guerra”, que marcou um novo episódio da nossa atuação no movimento estudantil. O contexto da época, marcado pelos retrocessos e ataques à educação do primeiro ano do governo Bolsonaro, nos trazia diferentes perspectivas sobre quais rumos tomar e de que forma construir a luta estudantil. De lá pra cá, alguns acontecimentos modificaram e acirraram a conjuntura brasileira, sendo o principal deles a pandemia do novo Coronavírus. Desde março de 2020, semanas depois do lançamento da campanha “Eu defendo a educação”, o movimento estudantil deparou-se com o dilema e a dificuldade de dar sequência às suas lutas em um período de “isolamento social”. Apesar de sabermos que, no Brasil, o lockdown passou longe, a suspensão das aulas presenciais – uma medida necessária – prejudicou as nossas principais formas de organização e atuação.

Foram meses de atividades virtuais e lutas simbólicas, que colocaram a União Nacional dos Estudantes e outras entidades em uma posição bastante frágil. Esse quadro foi agravado pela política da direção majoritária da entidade, que privilegiou uma postura institucionalista, centralizada e pouquíssimo resolutiva no que diz respeito aos problemas dos estudantes brasileiros durante a pandemia. A UNE passou a ser, em linhas gerais, a figura de seu presidente, cuja participação em atos simbólicos – inclusive com figuras escusas – tornou-se o “novo normal”.

Diante dos acontecimentos dessa gestão que se finda em julho – de forma não tradicional -, devemos fazer um balanço sincero e nos perguntar: quais são os desafios e as tarefas da UNE neste próximo período?

É esse questionamento que deve guiar as discussões do Congresso Extraordinário da UNE, cuja programação será divulgada nos próximos dias. Nós, da Juventude da AE, embora tenhamos discordâncias com a forma como este processo foi construído e saibamos de suas limitações, não deixaremos de apresentar nossa política e o que nós acreditamos para o movimento estudantil brasileiro.

Em função da pandemia, este Congresso Extraordinário não contará com tiragem de delegados ou com a presença de milhares de estudantes em uma universidade brasileira, como tradicionalmente conhecemos. Em virtude desse novo modelo, não serão eleitas novas chapas. O que ocorrerá será a reconfiguração da gestão a partir da proporcionalidade das forças políticas no último Congresso, realizado em 2019. Apesar dessas limitações, nós acreditamos que a disputa e, principalmente, o debate político não podem ficar de fora desse processo. Por isso, a Juventude da Articulação de Esquerda – assim como outras forças – lançará sua tese ao Congresso Extraordinário da UNE.

Nós acreditamos que é possível construir uma entidade que funcione de forma mais participativa e escute os anseios diários dos estudantes brasileiros. Para isso, é fundamental compreendermos os tempos de guerra que vivemos – agravados pela pandemia e o acirramento da luta de classes. Os mais de 500.000 mortos pela Covid no Brasil – muitos destes estudantes -, o crescimento da evasão, as intervenções nas universidades, o massacre do povo indígena e negro, os ataques à educação e mais uma série de medidas por parte do governo genocida exigem uma luta forte e enraizada nas demandas da sociedade e da juventude brasileira.

É nesta perspectiva que queremos convidar as e os estudantes brasileiros para debaterem e construírem conosco uma política à altura dos desafios que vivemos. Uma UNE presente no dia a dia dos estudantes – mesmo de forma online! -, que articule a rede do movimento estudantil, dialogue com as Executivas de Curso, defenda veementemente a permanência estudantil, potencialize a luta por um projeto popular de educação, derrote o fascismo e contribua na construção de um projeto democrático e popular de país. Esses são nossos anseios para a União Nacional dos Estudantes e para o movimento estudantil brasileiro. É nossa tarefa construir, cada vez mais, um movimento estudantil para tempos de guerra.

Para participar do Congresso, acesse https://inscricao.une.org.br/ .

Quer construir conosco? Envie um direct em https://www.instagram.com/jaenacional13/

(*) Lucas Reinehr é diretor de Assistência Estudantil da UNE


(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.

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